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Entenda o que é Ensino à Distância

by Lucas Gomes

História

Por volta de 1850, agricultores e pecuaristas europeus aprendiam, por correspondência,
como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho. Esse é o começo
do ensino a distância.

Essa modalidade de ensino apareceu no Brasil, timidamente, no começo
do século passado, por correspondência.

Em 1934, o Instituto Monitor inicia suas atividades –esta é a instituição
mais antiga em funcionamento no país a oferecer educação
não-presencial. Sete anos depois, o Instituto Universal Brasileiro começou
a funcionar. Nenhuma das duas empresas divulga o número de diplomas de
conclusão emitidos.

O método de ambos era semelhante: iniciação profissional
em áreas técnicas, sem exigência de escolaridade anterior,
por correspondência. No Universal, o forte são os cursos supletivos
e, no Monitor, os cursos técnicos. Até hoje, quando a internet
é vista como principal ferramenta da EAD (educação a distância),
as duas entidades ainda optam por transmitir suas aulas por apostilas enviadas
pelo correio.

O motivo é o perfil do público atendido. “São pessoas
na maior parte empregadas, com certa escolaridade [ensino médio], mas
que buscam um registro profissional. O computador restringe a possibilidade
de estudo. Com as apostilas, o aluno pode estudar no ônibus, por exemplo”,
diz Marcos Palhares, responsável pelo departamento de marketing do Instituto
Monitor.

Rádios

Antes da consolidação da EAD por aqui, destaca-se também
como importante ferramenta na difusão da modalidade o rádio, importante
meio de comunicação de massa. Em 1947 o Senac, junto com o Sesc
e com a colaboração de emissoras associadas, criou a Universidade
do Ar, em São Paulo. O objetivo era oferecer cursos comerciais radiofônicos.

Os programas, gravados em discos de vinil, eram repassados às emissoras
que programavam as emissões das aulas nos radiopostos três vezes
por semana. Nos dias alternados, os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam
exercícios, com o auxílio dos monitores. Na década de 1950,
a Universidade do Ar chegou a atingir 318 localidades e oitenta mil alunos.

Profissionalização

Mais tarde, em 1976, foi criado o Sistema Nacional de Teleducação.
O programa que operava principalmente através de ensino por correspondência,
realizou, também, algumas experiências (1977/1979) com rádio
e TV. Em 12 anos, o Sistema acumulou 1.403.105 matrículas, em cerca de
40 cursos diferentes.

No Brasil, fundações privadas e não-governamentais começaram
a oferecer supletivo a distância na década de 70, no modelo de
teleducação (telecurso), com aulas via satélite complementadas
por kits de materiais impressos. Nessa época, o país era considerado
um dos líderes da modalidade, com os pontos fortes também no Projeto
SACI e Projeto Minerva, que já capacitava professores com formação,
apenas, em magistério.

Entre 1988 e 1991, se deu a informatização e a reestruturação
do Sistema de Teleducação, estabelecendo-se as diretrizes válidas
até hoje. Foi já nesse contexto que, em 1995, o Departamento Nacional
de Educação criou um setor destinado exclusivamente à EAD
–o CEAD (Centro Nacional de Educação a Distância).

Futuro

Em 1995, já era impossível dissociar o futuro da EAD da internet.
A partir deste ano o meio começou a ser usado pelas instituições
de ensino superior, que já vislumbravam um novo mercado.

Do ponto de vista legal, têm-se em 1996 a consolidação
da última reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei nº
9.394/96. Ela oficializa a era normativa da educação a distância
no Brasil pela primeira vez, como modalidade válida e equivalente para
todos os níveis de ensino. Pela primeira vez, na história da legislação
ordinária, o tema da EAD se converte em objeto formal.

As primeiras experiências bem sucedidas se deram com o início
da oferta de cursos de pós-graduação, em 1997. Porém,
foi só em 1999 que o MEC (Ministério da Educação)
começou a se organizar para credenciar oficialmente instituições
universitárias para atuar na EAD, processo que ganhou corpo em 2002.

Hoje, 33 instituições são autorizadas a ofertar cursos
de graduação – 30 delas voltadas para formação de
professores – e 38 de especialização. Os cursos livres e profissionalizantes,
que não precisam de regulamentação, são estimados
em milhares pela Abed (Associação Brasileira de Educação
a Distância).

Aluno a distância vai melhor no Enade

Os alunos que ingressaram em cursos superiores com a modalidade de educação
a distância têm mostrado melhor desempenho do que os estudantes
que fazem o mesmo curso da maneira tradicional, segundo os primeiros resultados
do Enade (exame do MEC que avalia o ensino superior), revela reportagem publicada
pela Folha de S. Paulo.

Levantamento feito pelo Inep (órgão de avaliação
e pesquisa do MEC) aponta que os alunos de cursos a distância se saíram
melhor em 7 das 13 áreas onde essa comparação é
possível.

A análise mostra vantagem ainda maior nos primeiros anos de curso –
9 entre 13 áreas de ensino. Turismo e ciências sociais apresentam
vantagem favorável aos cursos a distância. No ensino presencial,
o melhor desempenho foi registrado nos cursos de geografia e história.

Ministro da Educação defende regulamentação
de cursos a distância

O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu a regulamentação
“com parcimônia” dos cursos a distância. Para ele, é
costume no Brasil permitir que um setor cresça antes de ser regulado.
“Sem os cuidados devidos, pode-se comprometer o que seria uma grande idéia”,
afirmou.

Haddad afirmou que a exigência de que os pólos de cursos a distância
mantenham bibliotecas e de que os programas incluam uma carga horária
presencial mínima de 20% decorrem do modelo de educação
a distancia vigente no país, próximo do modelo espanhol. “Nosso
modelo não é de educação 100% virtual”.

O ministro defendeu a expansão dos projetos de inclusão digital.
Para ele, a sociedade brasileira é mais afeita às imagens que
à leitura, e a internet muda isso. “Para navegar, é imprescindível
ler.”

Haddad ressaltou que o bom desempenho dos alunos de cursos a distância
se deve, em parte, ao perfil deles. Para o ministro, alunos de cursos a distância
são, em geral, trabalhadores de faixa etária mais elevada que
vêem o curso como uma oportunidade de se promover no trabalho. “Ele
tende a ter uma dedicação importante.”

O ministro participa na tarde desta terça-feira de sabatina da Folha,
no Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis,
618, São Paulo). Ele responde a perguntas da platéia e de quatro
jornalistas da Folha: a secretária de Redação Suzana Singer,
o colunista Gilberto Dimenstein e os repórteres Antônio Gois (sucursal
do Rio) e Vera Magalhães (“Painel”).

Fonte: Jornal A Folha de S. Paulo

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