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Educação – A nova ortografia está aí!

by Lucas Gomes

O parlamento português aprovou, em maio de 2008, o segundo protocolo
modificativo do acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assim,
Portugal se une a Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe,
que, em 2007, ratificaram o protocolo, o que já garantia sua entrada
em vigor. O prazo estimado de adaptação para os brasileiros é
de três anos, mas a reforma já está valendo. A reforma ortográfica
só será obrigatória a partir de 2012, mas é bom
começar já a adaptação.

Observe como ficam as regras de acentuação gráfica:

1ª) REGRA DOS HIATOS (abolida pela reforma
ortográfica):

Como era? Palavras terminadas em “oo(s)”
e as formas verbais terminadas em “-eem
recebiam acento circunflexo: vôo, vôos, enjôo, crêem,
dêem, lêem.
Como fica? Sem acento.
O que não muda?
a) eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente
do indicativo dos verbos ter e vir);
b) ele contém, detém, provém, intervém (terceira
pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de ter
e vir: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir);
c) eles contêm, detêm, provêm, intervêm
(terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados
de ter e vir).

2ª) REGRA DO “U” e DO “I”
(parcialmente abolida):

O que não mudou? As vogais “i” e
“u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal
anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”:
Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do,
ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, i-ca-ra-í,
eu ca-í,eu sa-í,eu tra-í,o pa-ís,tu ca-ís-te,
nós ca-ímos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a.
Observações:
a) a vogal “i” tônica, antes de “NH”, não
recebe acento agudo: rainha, bainha;
b) Não há acento agudo quando formam ditongo e não
hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to;
c) Não há acento agudo quando as vogais “i”
e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu,
ca-irmos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul…
O que mudou? Perdem o acento agudo as palavras em que
as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo
anterior: fei-u-ra, bai-u-ca
Como era / como fica? Feiúra – feiura; baiúca
– baiuca.

3ª) DITONGOS ABERTOS “ÉU”, “ÉI”
e “ÓI” (regra parcialmente abolida):

Como era? Acentuavam-se todas as palavras que apresentam
ditongos abertos Éu: céu, réu, chapéu, troféus
/ Éi: papéis, pastéis, anéis, idéia,
assembléia / Ói: dói, herói, esferóide.
O bservações:
a) Não se acentuam os ditongos fechados eu: seu, ateu, judeu, europeu
/ ei: lei, alheio, feia / Oi: boi, coisa, o apoio
b) No brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre
aberto.
O que mudou? Perdem o acento agudo somente as palavras
paroxítonas: ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio,
ele apoia, esferoide, heroico…
O que não mudou? O acento agudo permanece nas
palavras oxítonas: dói, mói, rói, herói,
anéis, papéis, pastéis, céu, réu, troféu.

4ª) REGRA DO ACENTO DIFERENCIAL (parcialmente abolida):

Como era? recebiam acento gráfico:ele pára
(do verbo parar, só a 3ª pessoa do singular do presente do
indicativo); eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo
pelar); o pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem);
epêra (substantivo, só no singular); o pólo, os pólos
(substantivos).
Como fica? Sem acento gráfico: ele para (do verbo
parar – 3ª pessoa do singular do presente do indicativo); eu pelo,
tu pelas e ele pela(do verbo pelar); o pelo, os pelos (substantivo = cabelo,
penugem); a pera (substantivo = fruta); o polo, os polos (substantivos
= jogo ou extremidade).
O que não mudou?
a) pôr (só o infinitivo do verbo): “ele deve pôr
em prática tudo que aprendeu”; por (preposição):
“ele deve ir por este caminho”;
b) pôde é a 3ª pessoa do singular do pretérito
perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver
o problema”; podeé a 3ª pessoa do singular do presente
do indicativo: “agora ele não pode sair”.
Observação:
Sugere-se que se acentue fôrma (“fôrma de pizza”),
como orientam o dicionário aurélio e o novo acordo ortográfico,
a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”).

O que estabelece o novo acordo ortográfico a respeito do uso
do hífen (-)

I. Nas formações com prefixos
(ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER,
INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA
…)
e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO,
MACRO, MAXI, MICRO, MINI, NEO, PAN, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE…
),
só se emprega o hífen nos seguintes casos:

a) Nas formações em que o segundo elemento começa
por “H”: antehistórico, anti-higiênico, anti-herói,
anti-horário, auto-hipnose, circumhospitalar, co-herdeiro, infra-hepático,
inter-humano, hiper-hidratação, neohamburguês, pan-helênico,
proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem,
ultra-hiperbólico…
Observação: Não se usa, no entanto,
o hífen em formações que contêm em geral os
prefixos “DES-” e”IN-” e nas quais o segundo elemento
perdeu o “h” inicial: desumano, desarmonia, desumidificar,
inábil, inumano…
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina
na MESMA VOGAL com que se inicia o segundo elemento: auto-observação,
anti-imperialismo,
anti-inflacionário, anti-inflamatório, arqui-inimigo, arquiirmandade,
contra-almirante, contra-ataque, infra-assinado, infra-axilar, intra-abdominal,
proto-orgânico, re-eleger, semi-inconsciência, semi-interno,
sobre-erguer, supra-anal, supra-auricular, ultra-aquecido, eletro-ótica,
micro-onda, micro-ônibus…

Observações:
1ª) Nas formações com o prefixo “CO-“,
este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado
por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar,
cooperação, coordenar…
2ª)
Nas formações com os prefixos “CIRCUM-“
e “PAN-“, quando o segundo elemento começa por “h”,
vogal, “m” ou “n”, devemos usar o hífen:
circum-hospitalar, circum-escolar, circum-murado, circum-navegação,
pan-africano, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude…
3ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA,
INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA, ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE,
se o segundo elemento começa por “s” ou “r”,
devemos dobrar as consoantes, em vez de usar o hífen. Observe:

Como era: auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente,
auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som,
intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação,
pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo,
ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano,
ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita,
antisocial, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia,
sobresalto…
Como fica: autorretrato, autosserviço, autossuficiente,
autossustentável, contrarreforma, contrassenso, infrarrenal, infrassom,
intrarracial, neorromântico, neossocialismo, pseudorrainha, pseudorrepresentação,
pseudossábio, semirreta, semisselvagem, suprarrenal, suprassumo,
ultrarradical, ultrarromântico, ultrassom, ultrassonografia, anterrepublicano,
antessala, antirrábico, antirracista, antirradical, antissemita,
antissocial, arquirrival, arquissacerdote, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia,
sobressalto…

Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa
por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen:

Como era: auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria,
contra-espião, contra-indicação, contraordem, extra-escolar,
extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neoacadêmico,
neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semiaberto,
semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido,
ultra-elevado, ultra-oceânico…
Como fica: autoadesivo, autoanálise, autoidolatria,
contraespião, contraindicação, contraordem, extraescolar,
extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoacadêmico,
neoirlandês, protoevangelho, pseudoartista, pseudoedema, semiaberto,
semialfabetizado, semiárido, semiescravidão, semiúmido,
ultraelevado, ultraoceânico…

II. Com os prefixos HIPER,
INTER e SUPER
, só haverá hífen se a palavra
seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra
não foi alterada):

1) hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano,
hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução,
hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão,
hipertiroidismo, hipertrofia;
2) interação, interativo, intercâmbio, intercessão,
interclubes, intercolegial, intercontinental, interdisciplinar, interescolar,
interestadual, interface, interhelênico, inter-humano, interlinguístico,
interlocutor, intermunicipal, internacional, interocular, interplanetário,
inter-racial, inter-regional, interrelação, interseção,
intertextualidade, intervocálico;
3) superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem,
superfaturado, super-habilidade, super-homem, superinvestidor, superleve,
superlotado, supermercado, superpopulação, super-reativo,
super-requintado, supersecreto, supersônico, supervalorizado, supervisionar.

III. Com o prefixo SUB, só
haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b”
ou “r”: subaquático, sub-base, subchefe,
subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado,
subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego, subentendido, subestimar,
subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação,
submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça,
sub-reino, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo,
subterrâneo, subtítulo, subtotal.

Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra
“H”, deveríamos escrever sem hífen:
subepático e subumano. As novas edições de nossos
principais dicionários já registram as formas com hífen,
como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano.

IV. Vejamos alguns casos em que não se usava
o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto”
(= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos
usar o hífen se o segundo elemento começar por “h”
ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo:

MACRO – macroeconomia;
MICRO – microcomputador, micro-onda, micro-ônibus, microrradiografia;
MINI – minidicionário, mini-hotel, minissaia, minirreforma;
RE – re-erguer, re-eleger, rever, rerratificação;
TELE – telecomunicações, tele-entrega, televendas, telessexo;

Observação:
Com o prefixo “CO-“, o uso do hífen era obrigatório:
co-autor, co-fundador, coseno, co-tangente…
Com o novo acordo ortográfico, o hífen só será
obrigatório se o segundo elemento começar por “H”
ou vogal igual: co-herdeiro, co-organização, co-autor, cofundador,
cosseno, cotangente.
Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se
em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”:
coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação,
coordenar…

 

Com o novo acordo ortográfico o uso do TREMA será totalmente
abolido

Como era?
Usávamos o trema na vogal “u” (pronunciada e átona),
antecedida de Q ou G e seguida de E ou I.
O objetivo do trema era distinguir a vogal “u” muda (= não
pronunciada) da vogal “u” pronunciada:

QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro,
delinqüente;
QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino,
iniqüidade;
GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe,
enxagüemos;
GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça,
pingüim, argüir.

Palavras que recebiam trema: agüentar, argüir,
argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe,
cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência,
delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência,
freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo,
qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência,
seqüestro, tranqüilo…

Palavras que não recebiam trema: adquirir, distinguir,
distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão,
questionar, questionário…

Como fica?
Todas sem trema: aguentar, arguir, arguição,
averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência,
consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue,
frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo,
quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo;
adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por
conseguinte, questão, questionar, questionário.

Observações:
a) Não esqueça que jamais houve trema quando a vogal “u”
estava seguida de “o” ou “a”: ambíguo,
longínquo, averiguar, adequado…
b) Se a vogal “u” fosse pronunciada e tônica, deveríamos
usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem,
ele argúi, eles argúem…
Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem,
ele argui, eles arguem…
c) Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo).
Com a reforma ortográfica, seremos obrigados a escrever sem trema:
antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação,
liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário,
sanguíneo.
d) Também com dupla pronúncia (sempre sem trema): Catorze
ou quatorze / Cota ou quota / Cotizar ou quotizar / Cotidiano ou quotidiano.

Fonte: Revista Galileu

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