Home Vestibular Não passou no vestibular? Momento é de avaliação das metas, dizem especialistas

Não passou no vestibular? Momento é de avaliação das metas, dizem especialistas

by Lucas Gomes

As últimas chamadas dos vestibulares revelam mais do que os nomes daqueles
que passaram raspando na faculdade sonhada: mostram que muita gente ficou de
fora – por sinal, a maior parte dos candidatos. Se você está nessa
condição e deseja muito entrar em um curso ou em uma universidade
específica, o momento é de avaliação das metas,
dizem os orientadores vocacionais.

“O fundamental é perceber que o vestibular é uma competição
em que passam pouquíssimos. No primeiro momento, o candidato deve reservar
um tempo para amadurecer e tirar lições da não-aprovação”,
afirma o pedagogo e especialista em orientação vocacional Silvio
Bock.

Foi o que fez o estudante Felipe Vale de Araújo, 23, logo que percebeu
que não tinha chances de ingressar no curso de medicina em sua terceira
tentativa. “A gente tem de fazer um balanço do porquê de não
ter dado certo. E, então, tentar organizar os estudos. Vi quais foram
meus erros e pensei em como mudá-los”, conta.

Na avaliação de Felipe, o sucesso no vestibular depende de três
pontos: saúde física, emocional e conhecimento teórico.
“O que faltou foi equilíbrio. Deixei de lado o emocional e a atividade
física em função do teórico. Daí fiquei muito
cansado”, diz.

Para não cair na depressão

Segundo o psicólogo e professor da Faculdade de Ciências e Letras
(FCL) da Unesp de Assis, Paulo Motta, a primeira coisa a dizer a quem não
conseguiu uma vaga é que tudo que podia ter sido feito foi feito. “Não
adianta o candidato ficar com culpa. Tem adolescente que sente culpado porque
foi a uma festa e não estudou. Mas ele fez tudo o que era possível”,
afirma.

“O estudante tem de entender que a vida é feita disso. Às
vezes, a gente ganha. Às vezes, a gente perde. Não dá para
colocar o vestibular como o objetivo principal de toda a vida. E o sistema educacional
brasileiro é complexo; injusto, às vezes”, avalia Motta.

Cursinho, intercâmbio ou cursos

Para Bock, se o estudante tem o objetivo de passar no vestibular, fazer cursinho
é a melhor alternativa. “A pessoa tem de estudar e adquirir os conhecimentos
que os vestibulares exigem. O pré-vestibular é a ferramenta que
existe para estudar de forma sistemática”, explica.

Na opinião de Bock, é rico fazer um intercâmbio como vivência
pessoal. “Mas isso não resolve para quem quer passar no vestibular”,
pondera. Para o pedagogo, um intercâmbio depois do ingresso na faculdade
pode render melhores frutos profissionais.

Já Motta afirma que um intercâmbio pode ser útil para o
amadurecimento. “É claro que a pessoa vai ‘perder’ um ano para entrar
na faculdade. Mas os ganhos podem ser maiores do que o ingresso no vestibular”.

Segundo Motta, até cursos podem ser úteis para levantar a autoestima.
“Um curso de teatro, por exemplo, vai trazer ganhos para quem tem problema
de desenvoltura, para falar em público. Mas o melhor é fazer cursos
livres, pensando no que vai ser bom individualmente não para a profissão.”

Hora de rever a carreira

De acordo com Motta, o momento da não-aprovação pode
ser útil para rever a escolha da carreira. Principalmente para quem busca
vaga em cursos muito concorridos como medicina. “De repente, para quem
quer medicina, fazer biologia pode ser uma alternativa, por exemplo. No futuro,
o jovem poderá se especializar em uma área afim, como engenharia
genética”, diz.

Essa foi a estratégia adotada por Francisco de Melo Viríssimo,
20. Seu sonho ainda é conseguir o ingresso em engenharia. Mas decidiu
estudar matemática na USP (Universidade de São Paulo), porque
se trata de uma ciência básica para a formação. “Optei
pelo curso por ser elementar para qualquer um que queira fazer exatas”,
diz.

Assim que saiu do ensino médio, realizado na rede pública, Francisco
também optou por estudar sozinho, depois de uma passagem breve por cursinho.
Dedicou-se ainda a um curso de desenho técnico que considerou uma “ótima
experiência”.

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