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MEC responde a 14 perguntas sobre a correção da prova do Enem

by Lucas Gomes

Neste ano, o Ministério da Educação (MEC) alterou o formato
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado nos
dias 3 e 4 de outubro. Em vez das 63 questões de múltipla
escolha, a prova passa a ter 180, além da redação.

A metodologia na elaboração e correção da prova
também mudou. Heliton Tavares, diretor de Avaliação da
Educação Básica do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
(Inep), órgão do MEC que aplica o exame, explica as principais
mudanças. Confira a seguir.

Quanto valerá cada questão da prova do Enem? Cerca de um quarto da prova será fácil, dois quartos terão
grau de dificuldade intermediário e o outro quarto será de
questões mais difíceis. O valor de cada questão irá
variar de acordo com o seu grau de dificuldade, mas não há
ainda definição sobre o número de pontos.
Como são escolhidas as questões que vão entrar
na prova?
O Inep compra milhares de questões elaboradas por empresas especializadas
e algumas secretarias estaduais de educação. As questões
são antes aplicadas para centenas de alunos de toda parte do país.
Com base no acerto desses estudantes, o Inep sabe qual questão é
mais fácil ou difícil. Elas, então, são colocadas
numa escala de proficiência. No caso do Enem, as questões foram
pré-testadas com alunos do segundo ano do ensino médio de
escolas públicas e algumas particulares e do primeiro ano de faculdade,
especialmente de universidades federais. Alunos do terceiro ano não
participam do pré-teste justamente por fazerem parte do público-alvo.
O que é a escala de proficiência? A escala de proficiência é como se fosse uma régua
em centímetros. Cada ponto da escala (ou centímetro, no exemplo
da régua) funciona como um indicador do conhecimento da pessoa naquele
assunto. Uma pergunta de português, por exemplo, pode avaliar se quem
responde sabe estabelecer relações entre imagens, gráficos
e um texto. Outra analisará se essa mesma pessoa sabe relacionar
causa e conseqüência entre partes do texto.
Quais serão as habilidades e competências avaliadas
pelo novo Enem?
A matriz está dividida nas quatro áreas de conhecimento
que farão parte do exame: linguagens, matemática, ciências
da natureza e ciências humanas. O conteúdo será o que
é ensinado no ensino médio, com a diferença que será
cobrada mais a capacidade de raciocinar do que a “decoreba”. Cada
questão terá uma habilidade avaliada. Confira aqui a matriz
de referência .
Com base nessa escala, quais serão as notas para cada
questão?
Depois de pré-testadas, as questões são colocadas
na escala de acordo com o seu grau de dificuldade. Assim como em algumas
escolas as notas vão de 0 a 10, no Enem é provável
que a escala vá de 200 a 800, com média 500, mas esses valores
ainda serão definidos pelo Inep.
Então 800 pode ser a nota máxima? Não é possível afirmar isso, porque vai depender
do desempenho dos candidatos. Alguém poderá tirar uma nota
acima disso. Podemos tomar como exemplo, usando ainda a ideia da régua,
a altura de uma pessoa. A maior parte da população de uma
região mede em geral até 2 metros de altura, mas pode acontecer
de um indivíduo ter 2,05 metros. É a mesma coisa com a escala
de proficiência.
Como é calculada a nota da prova do novo Enem?

A nota não é baseada na quantidade de questões certas,
mas no tipo de questões que o candidato acertou, se foram mais difíceis,
por exemplo, ele terá mais pontos. O cálculo é baseado
num modelo matemático chamado de Teoria de Resposta ao Item, em que
o item corresponde a uma questão. A teoria relaciona uma ou mais
habilidades com a probabilidade de a pessoa acertar a resposta.
Qual é a escala da nota? Como serão apresentadas
as notas? Haverá uma nota geral?
Haverá uma nota para cada uma das quatro áreas de conhecimento
avaliadas (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências
humanas) e uma quinta nota para a redação. Não será
dada uma nota geral. Haverá uma descrição do nível
do candidato e as habilidades que ele domina. O candidato também
conseguirá comparar o seu desempenho com a média da região
e do país.
Como o candidato saberá do seu desempenho?

A consulta ao boletim individual de desempenho estará disponível
no site do Inep. O candidato também receberá o boletim pelo
correio. A previsão é que o resultado da parte objetiva seja
divulgado no dia 4 de dezembro e o resultado final, com a redação,
saia no dia 8 de janeiro.
O candidato conseguirá calcular a sua própria nota? Não. É preciso aplicar uma fórmula para chegar à
nota em cada uma das provas. Um programa de computador fará o cálculo
levando em consideração o padrão de resposta e não
somente o número de acertos.
É melhor chutar uma resposta qualquer ou deix ar a questão
em branco?

Sim, é melhor chutar. Ao marcar uma resposta, o candidato tem mais
uma chance de acertar. Então, o Inep recomenda que o candidato não
deixe questões em branco. Apesar disso, o chute deve ser moderado.
E, para ter mais chances, o candidato deve analisar as alternativas e eliminar
as mais improváveis de estarem corretas.
O sistema consegue identificar se o candidato chutou muito? Como
isso acontece?
Sim. A nota final não considera o total de acertos, mas o padrão
de resposta do candidato. Isto é, o índice de acertos de questões
fáceis, médias e difíceis deve ser equilibrado. Estatisticamente,
quem erra questões mais simples acertará um número
menor de difíceis. Da mesma maneira, aqueles que acertam as mais
complexas não erram nas fáceis. Então, quem acertar
mais difíceis do que fáceis provavelmente chutou em boa parte
da prova. No geral, como a prova vai considerar o padrão de respostas,
o aluno que acertar proporcionalmente fáceis e difíceis terá
um desempenho melhor do que aquele que acertar mais difíceis do que
fáceis. Se o chutador acertar mais difíceis do que fáceis,
a nota atribuída à questão certa será inferior
à daquele que respondeu certo por dominar o tema.
Questão errada tira ponto? Não é descontado nenhum ponto se o candidato errar uma questão.
Esse sistema de avaliação, como o novo Enem, é
usado em alguma outra prova?
No Brasil, um exemplo de avaliação que usa esse sistema
é o Saeb e a Prova Brasil, avaliações federais da educação
básica. Exames internacionais, como o Toefl, de proficiência
em inglês, e o SAT, usado pelas universidades americanas para selecionar
candidatos, também usam essa mesma teoria. Como a teoria permite
definir com precisão o grau de dificuldade da prova é possível
fazer esse tipo de prova em momentos diferentes e comparar os resultados.

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