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mudança deixou exame mais complexo e interdisciplinar

by Lucas Gomes

Questões interdisciplinares, 90 testes em um dia, cada um com cinco
alternativas, cobrança de disciplinas como filosofia e educação
física. Essa descrição, que muito se parece com a do novo
Enem, é também o que os 76.494 inscritos na Unesp vão encarar
neste domingo (8).

Com o processo de reformulação iniciado em 2007 e, principalmente,
com as mudanças anunciadas no início do ano, o vestibular da Unesp
ganhou complexidade: deixou de ser realizado em fase única e passou a
ser dividido em duas etapas. É a primeira fase, de caráter eliminatório,
que tem semelhanças importantes com o Enem.

Tânia Macedo de Azevedo, diretora acadêmica da Vunesp (organizadora
do vestibular da Unesp), concorda com essa semelhança. “Como o Enem,
a Unesp também segue os Parâmetros Curriculares Nacionais por eixos,
e não por disciplinas, e há questões interdisciplinares.”
Ela diz que essa divisão é a tendência dos grandes processos
seletivos.

A primeira fase da Fuvest já inclui questões interdisciplinares,
mas não é dividida por eixos temáticos e exige conhecimento
muito mais aprofundado que o Enem. Já a Unicamp tem um vestibular completamente
diferente do exame do MEC: é todo dissertativo e dividido por disciplinas.
A universidade, porém, cogita alterações nesses aspectos
para 2010.

Tânia, no entanto, aponta uma diferença importante entre os dois
exames: a Unesp opta pela teoria clássica de correção da
prova objetiva, segundo a qual todas as questões têm o mesmo valor.
Já o Enem usa a TRI (Teoria de Resposta ao Item), método antichute
que dá peso diferente de acordo com a dificuldade da questão.

Para a professora, a forma tradicional de correção é mais
eficaz no vestibular da Unesp, cuja intenção é selecionar
o melhor candidato. Já no Enem, que se propõe a fazer um diagnóstico
do ensino médio, Tânia considera a TRI mais indicada. “Com
ela, os erros têm uma explicação pedagógica.”

Vera Lúcia Antunes, coordenadora-geral do cursinho Objetivo, crê
que essa semelhança entre Enem e Unesp seja a expressão de um
fenômeno maior. “Os vestibulares tendem para isso: ver se o aluno
é capaz de pensar e interpretar.”

Dentre as três estaduais paulistas, a prova da Unesp sempre foi tida
como “a mais tranquila”: era longa, contextualizada, mas não
exigia conhecimentos muito aprofundados. Neste ano, porém, essa perspectiva
é incerta. Para Vera, é cedo para especular sobre a prova. “Mas
o que eu posso dizer é que só lendo o texto [da pergunta] não
vai ser possível resolver a questão [como acontece em alguns casos
no Enem]. A primeira fase vai exigir conteúdo”, afirma.

Beatrice Menezes, 17, que se define como uma “garota de natureza ansiosa”,
mal pode esperar por domingo, quando prestará geografia na Unesp de Rio
Claro. Mas apesar da ansiedade, ela está otimista: “Eu acredito
que no ano que vem estarei na Unesp.”

ANTES E DEPOIS
COMO ERA COMO É
Vestibular em fase única, aplicado a todos
os candidatos, em três dias seguidos.
Vestibular em duas fases, realizado em três
dias. A primeira fase é eliminatória.
1º dia – Prova de conhecimentos
gerais, composta de 84 questões de mútipla escolha, de Geografia,
História, Língua Estrangeira (opção Inglês
ou Francês), matemática, física, química e biologia.
1ª Fase – 90 questões
de múltipla escolha com 5 alternativas, divididas em 30 questões
de linguagens e códigos (inclusive inglês), 30 questões
de ciências humanas e 30 questões de ciências da natureza
e matemática.
2º dia – Prova de conhecimentos
específicos, composta de 25 questões discursivas de matérias
ligadas à área do curso (ciências exatas, biológicas
e humanidades).
2ª Fase – 36 questões
discursivas de conhecimento específico, sendo 12 de linguagens e
códigos (inclusive inglês), 12 de ciências da natureza
e matemática e 12 de ciências humanas. Será realizada
em 2 dias, sendo 24 questões no primeiro dia e 12 questões
e a redação no segundo dia.
3º dia – Prova de língua
portuguesa, com 10 questões dissertativas além de uma redação.

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo

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