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A Capital Federal, de Artur Azevedo

by Lucas Gomes

O autor de A Capital Federal foi homem de espantosa atividade intelectual,
necessária, como ele próprio afirmou, por ter encargos de família e ser a literatura
o seu ganha-pão. Tornou-se assim um escravo da pena, tanto na imprensa como produzindo
peças de teatro, que somaram ao todo cerca de 200 títulos. Foi um batalhador que
tentou fazer surgir o teatro nacional, incentivando incansavelmente a encenação
de obras brasileiras.

No momento de escrever suas histórias, na maioria das vezes, tão habituados ao ritmo da linguagem teatral estavam os ouvidos do escritor que se podem encenar com a maior facilidade muitos de seus contos. A um deles o autor chegou até a chamar de conto-comédia –
Como eu me Diverti.

Em perfeita consonância com o gosto do tempo, Artur Azevedo quase sempre entremeava suas peças ou finalizava-as com diversas composições, para serem cantadas e/ou dançadas pelos artistas. Todas as suas revistas de ano, burletas e operetas estão repletas de versos para esse fim. São cantos, canções, concertos, duetos, duetinos, quartetos, quintetos, sextetos, romanzas, romances, coplas, tangos, marchas, mazurcas, zarzuelas, jongos, barcarolas, valsas, rondós-valsas, lundus, coros e até contos, onde o estudioso da música popular do século passado no Brasil encontrará campo variado para pesquisas sobre sua evolução e interação com músicas importadas, num momento em que rareavam, no setor, valores nacionais.

Entre as cinco burletas está a mais reencenada de todas e até transformada em
filme, em 1923, por Luís de Barros, A Capital Federal. Nesse texto, o burlesco
comparece de corpo inteiro, dando-nos uma visão panorâmica da sociedade carioca
da belle époque, com as cortesãs, as cocotes, as mulatas falantes, os cafés-concerto,
as músicas alegres, todas as liberalidades e os desfrutes da recém-criada metrópole
republicana, em que se deslumbrou o tradicionalismo provinciano.

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