Home EstudosSala de AulaHistoria Estados Unidos – A crise de 1929: 3. Movimento de massas e a crise de 1929

Estados Unidos – A crise de 1929: 3. Movimento de massas e a crise de 1929

by Lucas Gomes


Grande Depressão de 1929 se seguiu à quebra da bolsa de
Nova York:
lições foram tiradas para enfrentar a crise atual

O “crash” teve enormes desdobramentos e aumentou a polarização
social e política em todo mundo nos 1930. A crise levou a uma fragilidade
das democracias burguesas, colocando abaixo todas as formas ideológicas
que ocultavam as relações de exploração e permitiam
a realização dos lucros. Para a democracia burguesa funcionar,
é necessário convencer ideologicamente as massas de que com ela
o povo decide quem vai governar, de que o Estado está acima dos interesses
de classe etc.

A propósito disto, Lênin já observava que a submissão
ideológica do proletariado inglês à burguesia inglesa tinha
como base as migalhas oferecidas pelo imperialismo inglês aos trabalhadores
de seu país, obtidas com o saque das nações coloniais e
semicoloniais. A estabilidade das democracias dos países imperialistas
da Europa dependia, em grande medida, desta rapina.

Por outro lado, as instituições do regime burguês são
destinadas a obter o consenso das outras classes sociais. Aqui entram também
a Igreja, os partidos políticos, os sindicatos, as escolas, a imprensa,
os intelectuais, o senso comum etc., que formam as consciências que aceitariam
a ordem vigente.

Uma crise econômica, porém, produziu um golpe colossal contra
esse sistema de dominação. Não seria mais possível
sustentar as migalhas de antes e tampouco a cobertura democrática que
oculta o horror da exploração. O rei estava nu. Assim, a depressão
econômica gerou uma radicalização do cenário político
e o confronto direto entre as opções pelo socialismo e o fascismo.

Ao mesmo tempo, o prestígio da URSS crescia entre as massas e a opção
pelo socialismo ganhou enorme audiência entre os trabalhadores. O movimento
operário, na América e na Europa, foi à luta. E foi o destino
destas lutas que, em grande medida, selou o cenário político dos
anos subseqüentes.

Nos EUA, o movimento operário levantou a cabeça e protagonizou
importantes greves, como a dos mineiros, e a greve dos caminhoneiros em Mineápolis
em 1934. A onda de greve no país fez irromper um sindicalismo combativo
e um processo de reorganização do movimento sindical, culminando
na criação de uma nova central independente, a CIO.

Na Espanha, os operários e camponeses lutaram bravamente contra o golpe
fascista de Franco e contra o governo republicano. Protagonizaram uma das maiores
revoluções operárias da história, mas foram derrotados
pela política traidora do stalinismo e do Partido Comunista Espanhol
de colaboração com a burguesia republicana.

Na França, após a eleição de um governo de Frente
Popular encabeçado pelo Partido Socialista, os operários realizaram
uma poderosa onda de greves em 1936, abrindo um processo revolucionário.
Na Inglaterra, os operários também realizaram greves que colocaram
dificuldades ao governo trabalhista.

Nos países coloniais e semicoloniais, aumentou também a atividade
antiimperialista. Na América Latina, surgiram regimes nacionalistas burgueses,
como de Cárdenas, no México, ou do Para, no Peru. No Brasil, a
velha oligarquia cafeeira foi varrida do poder. Na Índia, se intensificaram
as lutas pela independência nacional.

O fascismo surgiu para derrotar a ferro e fogo a classe operária. Mas
seria a derrota das lutas do movimento operário europeu que criariam
as condições necessárias para o ascenso do fascismo. E
foi na Alemanha que se deu o confronto mais decisivo daqueles anos.

Contra-revolução nazista

A Grande Depressão foi muito sentida na Alemanha, particularmente pelo
seu proletariado. No auge da crise, em 1932, contam-se mais de 6 milhões
de desempregados, ou 44% da força de trabalho germânica. Cerca
de 80% dos filiados do poderoso Partido Comunista Alemão eram trabalhadores
desempregados.

O país já vivia uma fase de crises e instabilidades desde o fim
da Primeira Guerra que fez ruir o antigo regime imperial. Uma revolução
operária o varreu, mas a social-democracia sustentou um novo regime republicano.
Esse regime, a chamada República de Weimar sempre primou pela instabilidade
política. Quando se precipitou a crise catastrófica de 1929, já
era claro que a alternativa colocada diante do país era, tão somente,
entre um governo dos sovietes ou uma ditadura fascista.

Mas a tradicional organização, a força e coragem dos trabalhadores
da Alemanha não detiveram o perigo nazista devido à política
de suas direções. Suas organizações, especialmente
o PC, foram incapazes de promover a mais elementar união às vésperas
de Hitler tomar o poder.

Na época, a Internacional Comunista (já convertida em instrumento
da burocracia stalinista) se recusava a realizar uma Frente Única com
a social-democracia para combater o nazismo. A Internacional dizia que “o
fascismo e a social-democracia são apenas as duas faces de um só
e mesmo instrumento da ditadura do grande capital. Por isto, a social-democracia
jamais poderá ser um aliado firme do proletariado na luta contra o fascismo”.

Essa desastrosa política foi trágica para movimento operário.
Esse teve suas organizações aniquiladas quando o nazismo chegou
ao poder. Para a burguesia germânica, o nazismo foi a solução
diante da ameaça da revolução operária. Com o nazismo,
se implementaria uma política estatal de rearmamento, e o país
caminharia para a carnificina da Segunda Guerra Mundial.

Não é objetivo deste artigo realizar uma análise detalhada
do fenômeno do fascismo. No entanto, do ponto de vista da utilidade do
regime fascista para a acumulação do capital, Ernest Mandel comentou:
“A ascensão do fascismo é a expressão da grave crise
social do capitalismo na sua idade madura, duma crise estrutural que, como nos
anos 1929-1933, pode coincidir com uma crise econômica clássica
de sobreprodução, mas que ultrapassa amplamente uma simples flutuação
de conjuntura. (…) A função histórica da tomada do poder
pelo fascismo é a alteração pela força e a violência
das condições de reprodução do capital, a favor
dos grupos decisivos do capital monopolista”.

A economia da URSS foi uma alternativa à depressão

A catástrofe de 1929 foi um acontecimento de conseqüências
terríveis sentidas em todo o mundo. Mas havia uma opção
contra a devastação causada pela crise do capitalismo. Essa opção
era a URSS, único país que não foi atingido pela crise
e que chegou a registrar, na década de 1930, um crescimento anual de
20%.

Nos anos em que a economia capitalista entrou em depressão, a economia
da URSS se encontrava em plena expansão. Entre 1929 a 1940, a produção
industrial soviética triplicou, subindo de 5% dos produtos manufaturados
no mundo para 18%. No mesmo período Inglaterra, França e EUA viram
sua fatia cair de 59% para 52%. Se naqueles anos o sistema capitalista condenava
milhões à pobreza, na URSS não havia desemprego.

Isso porque a URSS não era parte do mercado mundial capitalistas. Apesar
das profundas deformações burocráticas provocadas pelo
stalinismo, a economia estatal planificada demonstrou todo seu potencial e a
jovem república soviética se transformou de um país atrasado
e agrário numa grande potência econômica mundial.

Para isso, foi fundamental o fim da propriedade privada dos meios de produção
e a planificação econômica, que suprimiram o eixo sobre
o qual funciona o capitalismo: a busca pelo lucro. Dessa forma, a planificação
econômica estatal e centralizada, foi organizada para satisfazer às
necessidades dos trabalhadores e das massas.

Posts Relacionados