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A história do papel

by Lucas Gomes

Origem do papel

O termo “papel” vem do latim “papyrus”, oriundo da
planta egípcia Cyperus papirus, pertencente à família das
Ciperáceas, cujas folhas serviam como suporte para a escrita dos egípcios,
gregos e romanos entre os anos de 3.000 a.C. e o século V d.C.

Os egípcios obtinham o papiro a partir da planta de mesmo nome (chamada
thuf no antigo Egito), caracterizada por suas folhas largas, talos
brandos, de parte inferior muito grossa e seção triangular.


A técnica do fabrico do papiro

A medula do papiro era consumida como alimento, uma vez fervida e também
era usada na elaboração de um material similar ao papel.

No Egito se fabricava o papiro a partir de fibras retiradas da medula, as quais
eram ordenadas em forma transversal. Esta polpa se impregnava de água,
era prensada e secada; uma vez seca, se friccionava contra uma peça de
marfim ou uma concha lisa para dar-lhe mais suavidade a sua textura.

O tamanho variava entre os 12,5 x 12,5 cm e entre os 22,5 x 37,5 cm. Cada folha
era unida a outra, formando rolos de 6 e 9 m, ainda que tenham sido encontrados
rolos com comprimentos superiores aos 40 m.


Uma parte do papiro “Rhind” (1650 a.C, aprox.), com
problemas matemáticos (Museu Britânico, Londres).

Chineses: Pioneiros na fabricação do papel

No ano de 105 d.C., o senhor T’sai Lun, que era um empregado do imperador
chinês Ho Ti, fabricou pela primeira vez um papel, a partir de uma pasta
vegetal a base de fibras de cana de bambu, amoreira e outras plantas, dando
origem ao papel que conhecemos hoje.

T’sai Lun empreendeu esta tarefa seguindo ordens expressas do imperador, que
lhe ordenou buscar novos materiais para escrever sobre eles. Durante 500 anos
a técnica da elaboração do papel pertenceu somente aos
chineses, que a guardaram zelosamente durante esse longo período.


Manufatura de papel na Antiga China

Expansão do papel

Entorno do ano de 600 d.C. o papel chegou à Coréia e Japão,
países nos quais se iniciou a fabricação de forma manual,
de acordo à antiga tradição; coreanos e japoneses foram
aperfeiçoando, paulatinamente este sistema.

No ano de 750 d.C. os conhecimentos para a fabricação do papel
chegaram a Ásia Central, o Tibete e a Índia.

Posteriormente os árabes, em sua expansão para o oriente, se
familiarizarão com os métodos de produção do papel
de escrever e criaram moinhos de papel em Bagdá, Damasco, Cairo e mais
tarde no Marrocos, Espanha e Sicilia.


Fabricantes de papel

 

 

Os árabes não tinham fibras frescas, de maneira que para produzir
papel extraíram a matéria prima de suas antigas almofadas; logo
usaram peneiras feitos de bambu e fabricaram folhas delgadas recobertas com
pasta de amido. Este papel era de aparência fina e resistia muito bem
à escrita.

Ao chegar a Europa, os árabes introduziram, nesse continente, o segredo
da fabricação do papel; países como Itália e Espanha
desenvolveram rapidamente este descobrimento.

Curiosamente, o papel apareceu no Egito – país criador do papiro
– em volta do ano de 800 d.C. (700 anos depois de que o papel fora criado pelo
chinês T’sai Lun), iniciando, os egípcios, sua fabricação,
100 anos depois.

Europa: de país em país


Pergaminho

Na Europa, o primeiro exemplar escrito em papel é uma carta árabe
que data do ano de 806, a qual se conserva na Holanda, na Biblioteca Universitária
de Leyden. Antes do aparecimento do papel, os europeus utilizavam o pergaminho,
produzido de delgadas capas de pele de vaca, ovelha ou cabra.

A primeira fábrica de papel européia se estabeleceu na Espanha,
em torno do ano de 1150. Durante os séculos seguintes a técnica
se estendeu para a maioria dos países da Europa; por volta do século
XV, com o invento e a introdução da impressa de tipos móveis,
a impressão de livros pode ser feita a custos mais baixos e foi um grande
estímulo para a fabricação de papel.

O aumento no uso do papel durante os séculos XVII e XVIII motivou uma
escassez de tecido e trapos, únicas matérias primas satisfatórias
que conheciam os papeleiros europeus; tentaram introduzir diversos substitutos,
porém nenhum deu bons resultados. Também tentaram reduzir o custo
do papel através de uma máquina que substituía o processo
de fabricação manual.

Cada vez mais perto e de melhor qualidade


Reconstituição da máquina de fabricação de
papel de
Nicolas Louis Robert

Foi um francês, Nicholas Louis Robert, quem, em 1798, construiu uma máquina
efetiva, a qual foi melhorada por dois britânicos – os irmãos
Henry e Sealy Fourdrinier -, os quais, em 1803 criaram a primeira das máquinas
marcadas com seu nome. Em 1840 introduziram o processo de trituração
de madeira para fabricar polpa, com a qual se podo fabricar papel a partir de
uma matéria prima de mais baixo custo. Dez anos depois se realizou o primeiro
processo químico para produzir a polpa, o qual também colaborou
para a redução de custo.

Em 1844, Frederic Gottlob Seller seria o primeiro em obter, mediante um procedimento
mecânico, pasta de madeira. Em 1852, Meillier, descobriu a celulose e
Tilghman patenteou o procedimento mediante o qual, e por meio da utilização
de bissulfito de cálcio, se obtinha celulose da madeira.

Desde essa data, todos os esforços convergiriam para a busca do aperfeiçoamento
de máquinas e técnicas, a renovação de materiais
e a diminuição dos tempos de produção.

Produção


Processo tradicional de produção do papel na China

Para se transformar a madeira em polpa, que é a matéria prima
do papel, é necessário separar a lignina, a celulose e a hemicelulose
que constituem a madeira. Para isso se usam vários processos, sendo os
principais os processos mecânicos e os químicos.

Os processos mecânicos basicamente trituram a madeira, separando apenas
a hemicelulose, e assim produzindo uma polpa de menor qualidade, de fibras curtas
e amarelado.

O principal processo químico é o kraft, que trata a madeira em
cavacos com hidróxido de sódio e hidrossulfeto de sódio,
que dissolve a lignina, liberando a celulose como polpa de papel de maior qualidade.
O principal inconveniente deste processo é que o licor escuro também
conhecido como licor negro que é produzido pela dissolução
da lignina da madeira é um produto poluente. Este licor deve ser tratado
adequadamente devido a seu grande poder poluente, já que contém
compostos de enxofre tóxicos e mal-cheirosos e grande carga orgânica.

O reaproveitamento desta lignina é diverso, podendo o licor ser concentrado
por evaporação e usado até mesmo como combustível
para produção de vapor na própria fábrica.

O branqueamento da polpa de papel subsequente também é potencialmente
poluente, pois costumava ser feito com cloro, gerando compostos orgânicos
clorados tóxicos e cancerígenos. Atualmente o branqueamento é
feito por processos sem cloro elementar conhecido como ECF do inglês “elemental
chlorine free” (usam dióxido de cloro) ou totalmente livres de cloro
conhecido como TCF do inglês “total chlorine free” (usam peróxidos,
ozônio etc.).

A lignina é uma molécula complexa
que mantém unidas as fibras da madeira
Celulose

Estudos apontam que o efluente que sai de ambos os processos quando tratado
não possui diferença significativa quanto ao teor tóxico
sendo ambos de baixíssimo impacto ambiental. Aplicações
industriais têm apontado para uma redução na emissão
de óxidos de nitrogênio (dióxido de nitrogênio e monóxido
de nitrogênio) na mudança do processo TCF para o processo ECF.
Essas duas evidências em conjunto têm começado a fazer o
setor repensar quanto a qual processo dentre os dois é efetivamente menos
poluente e quebra um grande paradigma no setor que acreditava como dogma que
o processo totalmente livre de cloro (TCF) era o mais adequado ambientalmente.

Resumo do processo produtivo

  • Floresta – local onde são plantadas espécies
    mais apropriadas para a o tipo de celulose ou papel a ser produzido – a maioria
    das empresas usam áreas reflorestadas e tem seu proprio viveiro onde
    fazem melhorias na espécie cultivada fazendo a clonagem das plantas
    com as melhores características.
  • Captação da madeira – A árvore é
    cortada e descascada, transportada, lavada e picada em cavacos de tamanhos
    pré- determinados.
  • Cozimento: no digestor os cavacos são misturados
    ao licor branco e cozidos a temperatudas de 160 C. Nessa etapa tem-se a pasta
    marrom que pode ser usada para fabricar papéis não branqueados.
  • Branqueamento – a pasta marrom passa por reações
    com peróxido, dióxido de sódio, dióxido de cloro,
    ozônio e ácido e é lavada a cada etapa transformando-se
    em polpa branqueada.
  • Secagem – a polpa branqueada é seca e enfardada
    para transporte caso a fábrica não possua maquina de papel.
  • Máquina de papel – a celulose é seca e prensada
    até atingir a gramatura desejada para o papel a ser produzido.
  • Tratamento da lixívia e rejeitos da água – o
    licor negro resultante do cozimento é tratado e os químicos
    são recuperados para serem usado como licor branco. Esse tratamento
    ameniza os impactos ambientais causados pela fabrica de papel.
  • Produção de energia – A produção
    de energia vem de Turbo geradores que são movidos por vapor proveniente
    da caldeira.

Créditos: Museu de Topografia Prof. Laureano Ibrahim Chaffe, Departamento
de Geodésia – UFRGS

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