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A Sibila, de Agustina Bessa-Luís

by Lucas Gomes

Análise da obra

Há muito tempo os teóricos
da literária portugueses se debatem na questão de classificar a obra de Agustina
Bessa-Luís. Todos são unânimes ao inseri-la na terceira fase do modernismo português,
mas insistem na classificação de “neo-realista”, ou seja, obrigatoriamente
seus romances deveriam compreender a denúncia social, sobretudo aquelas que
se fundamentem nas questões políticas e econômicas.

Publicado em 1954 e desde então recebedor de inúmeros prêmios em Portugal, entre eles o Prêmio Delfim Guimarães e o Prêmio Eça de Queirós, A Sibila, de Agustina Bessa-Luís, é um caudaloso (uma das características mais nítidas do romance é justamente o seu aspecto caudaloso, fruto de uma narração memorialista que não se mostra objetiva, direta. Qualquer fato inspira no narrador comentários que se vão encadeando de forma labiríntica e algumas vezes até dispersiva, o que afasta, sem dúvida, o leitor comum da apreciação da obra) romance em que se destaca e se valoriza o universo feminino.

Sua abertura, contrapondo o ponto de vista de Germa e de Bernardo, além de ser o gatilho que detonará toda a narrativa sobre a vida de Quina, a protagonista, serve para apresentar dois modos de vida, que podemos entender como o burguês-urbano (Bernardo) e o rural (Germa). A tese da obra parece partir daí.

Para poder falar de Quina, a personagem principal da obra, é criado todo um contexto, recuando-se às origens de sua família, quando seu pai, Francisco Teixeira, e sua mãe, Maria, conheceram-se. É um procedimento que faz lembrar o tom do Realismo-Naturalismo ao dar uma lógica, uma verossimilhança histórico-hereditária ao comportamento humano (no entanto, A Sibila tem inúmeras diferenças com relação ao Realismo-Naturalismo, apesar de possuir narrador onisciente. A começar pelo fato de não se tratar de um romance urbano. Além disso, o seu tão famoso detalhismo é dispersivo e não aquele que, durante a estética do século XIX, servia como embasamento cientificista para a análise da realidade. Para finalizar, pode-se também lembrar que o aspecto psicológico, tão valorizado no Realismo (mas não no Naturalismo) é sufocado por um narrador que dá muito mais atenção a algo que está entre suas reflexões, o ambiente descrito e a criação de uma simbologia ligada à tese ou filosofia do romance, ainda a ser discutida neste comentário).

Estrutura da obra

O romance divide-se estruturalmente em 19 capítulos não numerados e não
denominados e se inicia no tempo presente, numa conversa entre dois primos.

Foco narrativo

O foco narrativo realiza-se na
terceira pessoa, apresentando um narrador onisciente, capaz de ver e saber tudo,
inclusive os pensamentos e sentimentos mais íntimos das personagens, traduzindo
e interpretando gestos e reflexões que as próprias personagens desconhecem.
No entanto, durante toda a narrativa, este narrador nos dará trabalho: lê
aponta, revê, indica, observa. Está, de uma forma ou de outra, presente,
deixando-se entrever na memória de Germana, a Germa. É ela que desfia, uma a
uma, as lembranças de Quina, Maria Joaquina, a Sibila.

O eixo
narrativo ou a coluna vertebral da história é Quina, a sibila, que pode ser
entendida como a protagonista, que dá título à obra. Germa, sua sobrinha, é
apresentada como a narradora potencial, possível, porque tem condições de
conhecer
mais e interiormente essa figura humana incrível que foi Quina, a sibila.

Tempo / Ação / Espaço

Os acontecimentos envolvendo o casal Maria e Francisco e sua descendência, ocorrem
principalmente nas duas décadas do final do século XIX e nas duas iniciais do
XX. Em virtude das indas e vindas no tempo, com o narrador apresentando
flash-back
e flash-forward tempo predominante é o psicológico, pois
o registro maior é o das ações interiores das personagens, tentando captar os
elementos fundamentais que constituem o ser humano em sua complexidade e em
suas contradições.

As ações
acontecem fundamentalmente em um espaço rural, provinciano, envolvido por uma
maneira muito peculiar de ver e vivenciar o mundo. Há uma preocupação de
registrar, através da descrição, não apenas elementos da
natureza, mas os móveis e as roupas e adereços, com detalhes que não podem
escapar ao olhar feminino:

“Estavam muito graciosos com as suas pelerinas forradas
de seca escocesa, sob as quais se viam os vestidos de flanela beije, à marinheira.
A mãe, muito bela com cabelos alaranjados recolhidos pelo véu de viagem, debruçava-se
da portinhola, rindo e sacudindo a mão enluvada.”
(p.49)

E talvez
um dos poucos elementos que indicam a presença de uma mulher por trás da
narração. Aquela simpatia que se sente claramente entre o narrador de Campo
Geral,
de Guimarães Rosa, e o protagonista Miguilim, não é aqui tão
acintosa, mas repleta de restrições às mulheres e seus comportamentos e atitudes
mais típicas e arraigadas como o sentimentalismo e a propensão ao choro. Há uma
visão crítica que chega ao leitor pela postura de Quina e de seu julgamento das
outras mulheres. Mas há também admiração, amor contido e respeito por essas
mulheres trabalhadeiras, lutadoras, fortes na fraqueza de sua condição (além de
pertencer ao sexo frágil não são ricas, burguesas).

Temática

Entre os temas fundamentais, podemos apontar a complexidade do
ser humano que muitas vezes nos leva a julgar mal se nos baseamos apenas na
aparência e nos gestos exteriores. Também é importante a temática do amor à
terra e do apego à propriedade: “A verdade é que entre o povo
a noção de propriedade está por demais arreigada para que um ladrão, por mais
heróico ou altruísta, não seja julgado como infame. Um assassino é tolerado,
pode partilhar o pão dos seus vinhos, pode fazer esquecer o seu crime”
.
(p.29)

Outro tema que reiteradas vezes aparece na perspectiva da
mulheres da casa da Vessada é a que a vida burguesa com seus luxos e valores
supérfluos deve ser desprezada, porque não produz gente de qualidade. Podemos
inferir também que as mulheres revelam mais consciência da responsabilidade pelo
lar e pela família do que os homens. Para encerrar, encontramos também a
predominância dos laços do sangue sobre todos os outros, motivo esse que levou
Quina, contra seu desejo de coração, a não dar a casa da Vessada para Custódio,
revelando consciência de livre juiz chegando a
“sacrificar-se pelas coisas que exigem justiça a ponto de, para a cumprir, ser
necessário deixar coração e vida, paixões que sangram, interesses que devoram”
.
(p.33) Outro trecho que aborda o tema encontra-se no penúltimo capítulo, quando
Quina nega deixar a propriedade para Custódio: “Pobre menino, pobre bobo! Era
criminoso lançá-lo dali, mas aquela casa não era sequer a ela, Quina, que
pertencia. Era a um nome, a uma raça; pecaria, cometeria um furto, se, à conta
de quaisquer cláusulas ou sofismas, consentisse ali um estranho”
. (p.232)

Personagens

Joaquina Augusta (Quina), A Sibila – Segunda filha de
Maria Encarnação e Francisco Teixeira; mulher de condição espiritual poderosa,
nunca se casou, conselheira, faz prospera a condição da família, detentora de
secretas potências que ultrapassa o campo humano.
Não
era bonita, pequena como o pai, mas de falas capciosas e gênio profundamente
equilibrado. A partir de uma doença, que a deixou presa à cama como uma
paralítica, passou a ser tomada
como pessoa de dons sobrenaturais.

Francisco Marido de
Maria, pai de Quina. Homem de pouca afeição ao trabalho, mas dotado de grande
poder de atração com relação às mulheres. Por causa de seu caráter perdulário,
gastador, deixa a família em dificuldades financeiras.

Maria
Mãe de Quina e Estina. Mulher trabalhadeira, esposa dedicada, suporta com paciência as
aventuras do marido, sem permitir que os filhos sequer falem mal dele.

Narcisa –
Vizinha
e amiga de Maria. Mulher inculta e pouco preocupada com a higiene.

Germana, Germa – Sobrinha de Quina; filha de Alves
(irmã de Quina); desde pequena identifica-se com a tia, artista, é a sucessora
de Quina; Germana, as vezes, passa a ser fio condutor do que nos será narrado.

João – irmão de Quina, busca os conselhos da irmã,
casado com Maria.

Balbina – irmã de Maria, mulher mentirosa, madrinha de Quina
e de Elisa Aida.

Estina – irmã de mais velha Quina;
moça prendada, recebeu uma educação cuidadosa, gostava de
serviços leves que pudesse executar sentada. Casa-se com um homem
hipocondríaco, de posses medianas.

Custódio – (Registrado como Emílio), recebe o nome de
Custódio por não ter sido batizado, criou-se nas barras da saia de Quina;
mimado, mete-se com maus elementos, chegou aos limites do banditismo; Quina
sempre o perdoa. Filho
do escudeiro de
Elisa
Aida com uma prostituta, era bonito, mas pouco inteligente. Não tinha nome a
herdar, nem bens. Recolhido por Quina é criado como se fosse um filho, mas não
herda todos os seus bens. Pelo amor que lhe tinha, Quina deixa-lhe duas
propriedades que conseguira por si, mas nega a Custódio as terras que recebeu de
herança, onde ele foi criado, mas que são destinadas a Germa. Custódio revela-se
apegado à terra e à condição inferior, não conseguindo dirigir nem se interessar
pelas suas propriedades. Sem conseguir encontrar um lugar para si e um destino
para cumprir, o “sem-família” tira a própria vida.

Elisa Aida – Dona de uma empáfia grotesca; apegada a
banalidades, rica, tem também Quina como conselheira.
Provinciana
que adota ares de fidalga ao casar-se com um tio que enriquecera. Conseguem
título de fidalguia e ela se torna a condessa Monteros.

Adriana Prima de Quina, “mulher
linda, com os cabelos alaranjados da mãe e um perfil inocente e grave”

Enredo

O romance A Sibila narra a história de três gerações
da família Teixeira, cuja figura principal é Quina, que, por seu profundo e
controverso discurso de sabedoria humana, é caracterizada como uma sibila, ou
seja, alguém dotado de poderes especiais em relação à previsão do futuro e à
obtenção de favores divinos mediante preces.

Ao longo de seus dezenove capítulos, a narrativa vai
acompanhar, da queda ao apogeu, os acontecimentos que determinam a vida dessa
família e de sua propriedade: a casa da Vessada, destacando o comportamento das
mulheres, que são diretamente responsáveis pela reedificação do patrimônio.
Paralelamente a essa história, outras histórias são recuperadas, sempre na
intenção de ilustrar o sistema de valores que cerca a família Teixeira.

Capítulo 1 – Inicia-se com o diálogo entre a
personagem Germa (Germana) e o seu primo Bernardo Sanches, quando visitavam a
quase abandonada casa da Vessada. Germa, distraída da conversa, começa a
rememorar os fatos do passado e pergunta a si mesma sobre quem fora Quina, a tia
que lhe fez herdeira.

Começa então a narrativa da história da família,
primeiramente descrevendo o nascimento de Quina, Joaquina Augusta, e depois
retornando ao casamento dos pais de Quina, Francisco Teixeira e Maria da
Encarnação, que são apresentados detalhadamente.

Nesse primeiro capítulo ainda se conta o incêndio que
destruiu a casa da família, antes mesmo do nascimento das crianças.

Capítulo 2 – Traz informações sobre a vida desregrada
de Francisco Teixeira e as aflições que Maria sofria, esperando por ele.
Descreve-se também as circunstâncias da morte dos três primeiros filhos do casal
e o nascimento de Justina, nome de batismo da primeira criança que sobreviveu.

Caracteriza-se, nesse capítulo, a diferença de tratamento que
a mãe, Maria, dispensava às duas primeiras filhas: Estina era tratada com
carinhos e cuidados especiais, enquanto à Quina eram destinados os trabalhos
mais pesados.

O pai, Francisco, reconhece tais diferenças e, sempre que
possível, toma partido da filha mais nova.

Capítulo 3 – É narrada uma série de infortúnios que
atinge a família Teixeira. A morte de Abílio, o filho adolescente que foi para o
Brasil tentar fortuna e voltou atacado de febres. A falta de dinheiro e as
inúmeras dívidas decorrentes da fanfarronice de Francisco, bem como sua morte.

Ocorre ainda a ruptura dos namoros das duas irmãs: Estina,
cujo namorado desapareceu ao perceber a falência da família, e Quina, que
renunciou ao pretendente, para que este pudesse encontrar casamento de maiores
dotes.

Capítulo 4 – Focaliza Quina. Apresenta-se o
desenvolvimento de suas capacidades sibilinas, que eram já previstas pela mancha
de nascença que a menina apresentava no pulso e que começaram a ser notadas
desde que uma grave doença a atingiu quando não tinha ainda mais de quinze anos
e todos pensaram que iria morrer. A partir desse incidente, Quina percebe que
pode exercer alguma influência sobre as pessoas que a cercam.

Capítulo 5 – O assunto é o processo de reconstrução
econômica da casa da Vessada. As três mulheres são as responsáveis pelo
reerguimento da propriedade, urna vez que os rapazes têm muito do comportamento
do pai.

A filha mais velha, Estina, casa-se por conveniência com
Inácio Lucas e passa a viver não muito distante da família. Encontra-se com a
mãe e a irmã periodicamente, quando vai ao mosteiro para assistir à missa.

Quina e a mãe, Maria passam a viver em aliança e, aos poucos,
Quina toma a frente nos negócios da família. Daí para frente, Quina dedica-se a
enriquecer materialmente e tornar-se, a cada dia, mais influente e respeitada na
região.

Capítulo 6 – As mulheres continuam na rotina do
trabalho, quando João anuncia que irá se casar. Maria não aprova a noiva
escolhida pelo filho, recebendo-a mal, mesmo depois de casada.

Abel, o outro filho, vive em andanças pelo mundo afora,
tentando fazer fortuna. De passagem pela casa da Vessada, peregrina pela
comarca, fazendo visitas, reencontrando amigos, freqüentando casas de
autoridades.

Quina o acompanha, convivendo pela primeira vez com a
sociedade. Mesmo depois da partida de Abel, ela continua sendo recebida em
algumas casas fidalgas, tomando-se mesmo confidente de algumas damas, entre
elas, Elisa Aida, a condessa de Monteros.

Capítulo 7 – Este capítulo é dedicado à visita de
Quina à casa de Elisa Aida. Esta a convidara após viver uma intriga romanesca,
na qual o desfecho, que era um não casamento, fora previsto por Quina. É essa
espécie de profecia concretizada que faz com que a condessa trate Quina como “a
siblia”.

A casa da condessa é descrita com detalhes e a conversa entre
as mulheres é variada. Ao sair da casa da condessa, Quina aproveita para visitar
a irmã, Estina.

Uma parte da história de Estina é recordada. Esta tivera dois
filhos que morreram já quase moços, devido à brutalidade do pai, e uma filha,
que sofria de alucinações. Apesar dos maus-tratos do marido, não abandona a casa
para não desonrar a família.

Capítulo 8 – Quina será novamente o foco central neste
capítulo. Fala-se sobre os pretendentes que a cobiçam, mesmo estando ela com
quarenta anos; sobre as suas habilidades nos negócios, que fazem prosperar a
casa da Vessada; sobre sua vaidade, não em relação aos atributos físicos, mas em
relação à esperteza e à psicologia com que conquista sempre mais e mais espaço.

Há também, nesse capítulo, uma referência ao progresso da
aldeia, com a chegada da energia elétrica, e outra, ao poder das rezas de Quina,
que, com astúcia, impressionava as pessoas que a ouviam rezar.

Capítulo 9 – Marca o encontro das três gerações da
família Teixeira: Maria, Quina e Germa.

Inicia-se com o anúncio do nascimento de Germana, através de
um cartão-postal trazido pelo carteiro. Narram-se, depois, algumas visitas que a
pequena Germa faz à casa da Vessada.

Capítulo 10 – É contada a morte de Maria. Germa
é quem focaliza as personagens: a tia Estina, o tio Inácio Lucas, a tia Quina.

Neste capítulo, também ocorre o desaparecimento da filha
“louca” de Estina e Inácio Lucas. Quina é chamada pela irmã para que reze pelo
reencontro da sobrinha, porém é destratada pelo cunhado.

A “louca” só será encontrada no capítulo seguinte.

Capítulo 11 – A morte também é um tema constante.
Primeiramente é a morte da filha de Estina, encontrada, um mês após seu
desaparecimento, em um cenário medonho: o interior de uma mina abandonada,
repleta de morcegos.

Depois vem a morte de Elisa Aida, que é descrita
ressaltando-se os pormenores de sua vida teatral. Um escudeiro, que o povo
suspeitava ser filho da condessa, ficou desamparado com sua morte e foi acolhido
como empregado por Quina.

Finalmente, conta-se a morte de uma prostituta, com quem o
escudeiro da condessa tivera um filho.

Capítulo 12 – É dedicado a contar a decisão de Quina,
já aos cinqüenta e oito anos: tomar conta do filho da prostituta.

Quina desenvolve grande afeição pelo menino de quatro anos,
batizado por ela com o nome de Emilio, embora todos o chamassem de Custódio, que
era a forma como as crianças eram designadas antes do batismo.

Capítulo 13 – Reaparecem os irmãos Abel e João. O
primeiro, após saber da adoção realizada pela irmã, preocupa-se com o destino da
herança da família e vai visitar o irmão João, em busca de aliança contra Quina.
Encontra o irmão envelhecido, pois não se viam há mais de dez anos, mas não
consegue o apoio que procurava.

Nesse capítulo, aparecem ainda descrições do comporta­mento
que Custódio adota perante sua benfeitora, Quina, e um perfil de Libória,
empregada da casa da Vessada.

Capítulo 14 – Narra o isolamento crescente de Quina.

Parte desse isolamento é devido ao envelhecimento natural e
parte se deve à proteção dada a Custódio. Mesmo diante da indignação de parentes
e conhecidos, ela aceita o comportamento degenerado de Custódio, que se envolve
com o bandido Morte e pratica pequenos roubos.

Capítulo 15 – Quina adoece e é Libória quem dela
cuida. Estina, a irmã, passa uma semana lhe fazendo companhia no auge da doença.

O ex-namorado, Adão, de quem Quina se tornou confidente,
também vai visitá-la e aproveita para tocar no assunto do testamento.

Abel, o irmão, visita a irmã quando ela já está se
restabelecendo e a convida para passar alguns dias em sua casa, na cidade, a fim
de se tratar.

Capítulo 16 – Narra a visita de Quina à cidade,
afastando-se da casa da Vessada pela primeira vez na vida. Durante essa visita,
ela se hospeda na casa de Abel, mas aproveita para visitar também a casa da
cunhada e do irmão João.

Três dias após sua chegada, Quina recebe uma carta de Libória,
dizendo que Custódio adoecera. Quina retoma imediatamente à casa da Vessada,
antes mesmo de saber os resultados de seus exames de saúde. Descrevem-se então
os sentimentos de contentação de Quina ao rever Custódio.

Capítulo 17 – A saúde de Quina volta a fraquejar,
desta vez, definitivamente. E quando Libória, a empregada, aproveita para
agoniar Custódio, lembrando a ele que, após a morte de Quina, ficará
desamparado.

Quina, por sua vez, revive na memória momentos da vida
familiar: a mãe, os irmãos ainda jovens, o pai. Ao receber a visita do médico,
ela se recorda da condessa de Monteros, de quem ele é descendente.

Custódio inquieta-se com o estado de saúde de sua benfeitora,
chegando mesmo a perguntar a ela o que será dele após sua morte. Libória aumenta
a perturbação de Custódio, contando casos de miseráveis e mendigos que
perambulavam pelas ruas da aldeia.

Capítulo 18 – Custódio muda de comportamento, passando
a agir com interesse e cuidados em relação à Quina e à propriedade da Vessada.
Constantemente ele interroga Quina sobre sua situação após a morte dela. Essa
insistência chega a irritá-la, embora sinta pena do rapaz.

Na noite em que Libória e Custódio estavam jogando cartas em
outro cômodo da casa, Quina morre, sozinha em seu leito.

Capítulo 19 – É uma retomada do primeiro, dando
notícia dos acontecimentos ocorridos após a morte de Quina.

O funeral de Quina é narrado. Germa, filha de Abel, irmão que
tinha sido registrado com sobrenome materno, é a única herdeira de Quina.

A Custódio coube o direito ao usufruto de duas propriedades
que Quina adquiriu após a morte da mãe. No entanto, ele só partiu da casa da
Vessada após ser expulso por Germa. Foi, então, trabalhar como empregado na
propriedade dos herdeiros da condessa Monteros. Como se metesse em fofocas, foi
despedido e, vendo-se sozinho novamente, suicidou-se.

Estina faleceu e seu marido, Inácio Lucas, casou-se com uma
velha parenta.

A cena que encerra o livro é a mesma que o iniciou: a conversa de Germana com
o primo Bernardo. O livro é encerrado com reticências, quando Germa questiona
a personalidade da “sibila”.

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