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Os anos dourados de Hollywood

by Lucas Gomes

Nos Estados Unidos, após a Depressão, a indústria recupera-se. Hollywood vive os seus anos de ouro em 1938 e 1939. Surgem superproduções como A Dama das Camélias, …E o Vento Levou, O Morro dos Ventos Uivantes e Casablanca. Novos recursos técnicos possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gêneros. Desafiando o esquema dos grandes estúdios hollywoodianos, Orson Welles lança, em 1941, Cidadão Kane, filme que revoluciona a estética do cinema.

Orson Welles (1915-1985), diretor, ator e roteirista, nasce nos Estados Unidos e estuda pintura no Chicago Arts Institute. Como ator teatral funda, em 1936, o Mercury Theatre, em Nova York. Dois anos mais tarde passa a trabalhar no rádio, onde faz em 30 de outubro de 1938 uma emissão dramatizada da Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, na qual anuncia a invasão da Terra por marcianos. Causa pânico na população e ganha notoriedade nacional. Em 1941 lança O Cidadão Kane, onde subverte a narrativa cronológica, com um enredo não-linear, ousadia na profundidade de campo e iluminação inspirada no expressionismo. Cria depois outras obras, como It’s All True (interrompida e concluída postumamente em 1993), e Macbeth (Macbeth – 1948) e Othello (Tragedy of Othello: The Moor of Venice, The – 1952), de inspiração shakesperiana.

MUSICAL

Surge em Hollywood na década de 30 e se caracteriza por roteiros musicais que mesclam danças, cantos e músicas. No início dos filmes falados, os musicais sofrem grande influência do teatro. O filme que definitivamente estabelece o gênero é Melodia da Broadway (Broadway Melody – 1929), de Harry Beaumont. Seu êxito provoca uma onda de filmes que rapidamente se tornam populares, como Caçadoras de Ouro (Gold Diggers of 1933 – 1933), A Canção do Deserto (1933) e O Rei do Jazz (1933). Voando Para o Rio (Flying Down to Rio – 1933), projeta Fred Astaire e Ginger Rogers. Gene Kelly por Diário de Um Homem Casado (A Guide for the Married Man – 1967), Rita Hayworth por O Protegido do Papai (The Lady In Question – 1940) e Judy Garland por O Mágico de Oz (Wizard of Oz, The – 1939) também ganham notoriedade.

COMÉDIA

Gênero consolidado na década de 20, a comédia incorpora novos nomes. Os irmãos Marx brilham com seus diálogos absurdos e graças de picadeiro em No Hotel da Fuzarca (The Cocoanuts – 1929), Diabo a Quatro (Duck Soup – 1933) e Uma Noite Na Ópera (A Night At The Opera – 1935). Os atores Oliver Hardy e Stan Laurel notabilizam a dupla O Gordo e o Magro em Fra Diavolo (The Devil’s Brother / Fra Diavolo – 1933) e Filhos do Deserto (Sons of the Desert / Fraternally Yours – 1933). W.C. Fields, que surgiu no cinema por volta de 1915, destaca-se na década de 30, com No Tempo do Onça e A Filha do Saltimbanco. O prestígio de Chaplin mantém-se em filmes como Luzes da Cidade (City Lights – 1931) e Tempos Modernos (Modern Times – 1936), que adquirem dimensão política. A combinação de ousadias eróticas e certa dose de crítica do cotidiano resulta na comédia de costumes, que domina o cinema americano. O alemão Ernst Lubitsch desenvolve o estilo em filmes como Ladrão de Alcova (Trouble in Paradise – 1932) e Ninotchka (Ninotchka – 1939), este com Greta Garbo. Outros representantes: George Cukor por Uma Hora Contigo (One Hour With You – 1932), William Wellman por Nada É Sagrado (Nothing Sacred – 1937), Leo McCarey por Cupido É Moleque Travesso (The Awful Truth – 1937), Howard Hawks por Levada da Breca (Bringing Up Baby – 1938) e um dos maiores nomes das décadas de 30/50, o diretor Frank Capra.

Frank Capra (1897-1991) nasce na Sicília e emigra para os Estados Unidos, em 1903. Na juventude estuda química e matemática. Começa no cinema como argumentista dos cômicos Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro). Na direção, desenvolve uma obra de conteúdo social, otimista e confiante na democracia americana, que acerta em cheio, nos anos difíceis da Depressão. Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night – 1934), ganha os principais Oscars do ano. Do Mundo Nada Se Leva (You Can’t Take It with You – 1938), A Mulher Faz o Homem (Mr Smith Goes to Washington – 1939) e Adorável Vagabundo (Meet John Doe – 1941) são seus principais sucessos.

WESTERN

Gênero específico americano, o western (faroeste) explora marcos históricos, como a Conquista do Oeste, a Guerra de Secessão e o combate contra os índios. Cenas de ação e aventura envolvem caubóis e xerifes. Em 1932 inicia-se uma grande produção de westerns, onde o caubói é também cantor, como Gene Autry e Roy Rogers. Cecil B. de Mille produz Jornadas Heróicas (The Plainsman – 1937). Em 1939, com No Tempo das Diligências (Stagecoach – 1939), John Ford abre o ciclo de produções com grandes diretores e astros, onde se destacam também King Vidor por Duelo ao Sol (Duel in the Sun – 1946) e Henry King por Jesse James (Jesse James – 1939).

John Ford (1895-1973), diretor americano nascido no Maine, filho de irlandeses, é um dos cineastas mais premiados do mundo. Depois de se formar no ensino médio, vai para Hollywood, em 1914. Começa trabalhando como ator, contra-regra e assistente nos filmes de seu irmão, Francis Ford, diretor e roteirista da Universal. Em 1917 estréia na direção, fazendo pequenos westerns. Seus filmes possuem orçamentos modestos, poucos atores, e alternam dramas com trechos de comédias. Sangue de Herói (Fort Apache – 1948) e O Céu Mandou Alguém (The Three Godfathers – 1948), estão entre os westerns mais importantes da década de 40.

TERROR

São várias as tendências dos filmes de terror, que têm em comum o desequilíbrio e a transgressão do real. Em 1931, Drácula (Dracula – 1931) e Frankenstein (Frankenstein – 1931) entram em cena. Um ano depois, é a vez de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde – 1932), baseado no romance de Robert Louis Stevenson. Em 1933, o gorila King Kong (King Kong – 1933) assusta as platéias do mundo inteiro.

POLICIAL

O filme policial surge na França, no começo do século, mas é nos Estados Unidos, a partir da década de 30, que o gênero se firma. Cenários sombrios e escuros, neblina, cenas de crimes e violência envolvem detetives, policiais, aristocratas e belas mulheres. O filme noir – como os franceses o denominaram – logo se impõe como um grande gênero. Destacam-se Howard Hawks por Scarface (Scarface – 1932) e John Huston por Relíquia Macabra / Falcão Maltês (The Maltese Falcon – 1941).

NEO-REALISMO ITALIANO

Os traumas do pós-guerra levam cineastas e críticos italianos a assumirem posição mais crítica em relação aos problemas sociais e reagirem contra os esquemas tradicionais de produção. Surge assim, na Itália, o movimento neo-realista. A renovação ocorre na temática, na linguagem e na relação com o público. A experiência neo-realista tem duração relativamente curta mas causa enorme impacto sobre as demais cinematografias e se expressa de diferentes formas em outros países.

Com poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e pequena burguesia. Obsessão (Ossessione – 1943), de Luchino Visconti, é considerada a obra inaugural do neo-realismo. A trilogia de Roberto Rosselini, Roma, Cidade Aberta (Roma, città aperta / Rome, Open City – 1945), Paisà (Paisà – 1946) e Alemanha, Ano Zero (Germania Anno Zero / Germany Year Zero – 1947), ao lado de Ladrões de Bicicleta (Ladri di Biciclette / The Bicycle Thief – 1948) e Umberto D (Umberto D – 1952), de Vittorio De Sica, constituem os grandes marcos do movimento. Destacam-se também A Romana (La Romana / Woman of Rome – 1954), de Luigi Zampa, O Capote (Il Cappotto / The Overcoat – 1952), de Alberto Lattuada, O Ferroviário (Il Ferroviere / Man of Iron / The Railroad Man – 1956), de Pietro Germi, e A Terra Treme (La Terra trema / The Earth Trembles – 1948), de Visconti.

Vittorio Di Sica (1902-1974), diretor e ator italiano, estréia no cinema em 1922. Na década de 30, torna-se o galã popular nas comédias ligeiras do diretor Mario Camerini. A partir de 1940 passa a dirigir, trabalhando em parceria com o roteirista Cesare Zavattini. Juntos, realizam as maiores obras do neo-realismo: Milagre em Milão (Miracolo a Milano / Miracle in Milan – 1950) e O Teto (Il Tetto / The Roof / Le Toit – 1956). Recebe três Oscars de filme estrangeiro por Ontem, Hoje e Amanhã (Ieri, Oggi e Domani / Yesterday, Today and Tomorrow – 1963), Casamento à Italiana (Matrimonio all’Italiana / Marriage Italian-Style – 1964) e O Jardim dos Finzi Contini (Il Giardino dei Finzi-Contini / The Garden of the Finzi-Continis – 1971).

Roberto Rosselini (1906-1977), nasce na Itália, em uma família rica, e se interessa por cinema influenciado pelo avô, proprietário de uma casa de espetáculos. Após realizar curtas amadores ingressa na indústria cinematográfica, durante o fascismo, como assistente de direção. Trabalha como supervisor de diversos filmes, como L’Invasore (L’ Invasore / Invader, The – 1943), de Nino Giannini, e Benito Mussolini (Benito Mussolini / Blood on the Balcony – 1961), de Pasquale Prunas. Em 1963 escreve o roteiro de Tempo de Guerra (Les Carabiniers / The Riflemen / The Soldiers – 1963), de Godard. Na década de 60, depois de um romance turbulento com a atriz Ingrid Bergman, Rosselini ingressa na televisão educativa, para a qual faz seus últimos trabalhos.

TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

A multiplicidade de estilos e influências marcam as produções cinematográficas contemporâneas. A Itália inicia a década de 60 com um cinema mais intimista. A França vive a nouvelle vague. Nos EUA, destaca-se a Escola de Nova York e, no Reino Unido, o free cinema. A partir do neo-realismo italiano o cinema se renova em várias partes do mundo: Alemanha, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Canadá e em países da Ásia e América Latina, como Brasil e Argentina. Além disso começam a despontar as produções cinematográficas de países subdesenvolvidos, em processo de descolonização.

ITÁLIA

Já no final da década de 50 e início dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a investigação psicológica, retratando uma sociedade em crise: Michelangelo Antonioni e Federico Fellini fazem reflexões morais sobre a condição humana. Luchino Visconti, em Rocco e Seus Irmãos (Rocco e i suoi Fratelli / Rocco and His Brothers – 1960), mostra a vida dos imigrantes do sul da Itália. Pier Paolo Pasolini em Teorema (Teorema / Theorem – 1968) discute a sexualidade como meio de auto-conhecimento e transformação.

Nos anos 70 retoma-se a discussão política ou existencial com Ettore Scola, herdeiro da comédia italiana surgida no pós-guerra, Francesco Rosi de O Caso Mattei (Il Caso Mattei / The Mattei Affair – 1972), Mario Monicelli por Meus Caros Amigos (Amici Miei / My Friends – 1975), Elio Petri por A Classe Operária Vai ao Paraíso (La Classe operaia va in paradiso / Lulu the Tool / The Working Class Goes to Heaven – 1971), Gillo Pontecorvo por Queimada (Queimada / Burn! / Mercenary, The – 1969), Valério Zurlini por A Primeira Noite de Tranqüilidade (La Prima Notte di Quiete / Il Professore – 1972), Dino Risi por Perfume de Mulher (Profumo di donna / Scent of a Woman / Sweet Smell of Woman / That Female Scent – 1974), Mauro Bolognini por A Grande Burguesia (Fatti di gente per bene / Drama of the Rich / La Grande Bourgeoise / The Murri Affair – 1974), Marco Ferreri por A Comilança (La Grande Bouffe / Blow-Out / The Grande Bouffe / La Grande abbuffata – 1973), Marco Bellocchio por De Punhos Cerrados (I Pugni in Tasca / Fist in His Pocket / Fists in the Pocket – 1965) e Bernardo Bertolucci por O Último Tango Em Paris (Ultimo tango a Parigi / Last Tango in Paris / Lê Dernier Tango à Paris – 1972).

Na década de 80, toda a força e originalidade do cinema mediterrâneo continua presente nos irmãos Vittorio e Paolo Taviani (Pai patrão), Lina Wertmuller (Camorra), Ermano Olmi (A árvore dos tamancos) e Ettore Scola (O baile).

Os anos 90 trazem Giuseppe Tornatore (Cinema paradiso), Maurizio Nicheti (Ladrões de sabonete), Gabriele Salvatore (Mediterrâneo), Daniele Luchetti (O senhor ministro), Nanni Moretti (A missa acabou), Gianni Amelio (Ladrão de crianças) e, novamente, Monicelli (Parente é serpente), Scola (A viagem do capitão Tornado) e Fellini (A voz da lua).

Michelangelo Antonioni (1912-) nasce em Ferrara, na Itália, forma-se em economia e comércio em Bolonha, mas prefere exercer o jornalismo. Trabalha como crítico de cinema, assistente de direção de Marcel Carné e roteirista de Federico Fellini. A solidão é um dos temas centrais de sua obra. São famosos os seus planos longos e fixos, demonstrando domínio total da imagem. Sua trilogia da incomunicabilidade – A aventura (1959), A noite (1960) e O eclipse (1961) – obtém limitado sucesso comercial. O reconhecimento do público vem com Blow-up, em 1967, filmado em Londres. Nos EUA, dirige Zabriskie point (1970), no qual faz uma autópsia da sociedade de consumo norte-americana, e O passageiro (1975). Seu último filme é Identificação de uma mulher (1982).

Federico Fellini  (1920-1993), nasce em Rimini, Itália, e trabalha como jornalista e caricaturista. Começa no cinema aos 19 anos, como roteirista de comédias. Considerado o maior gênio do cinema contemporâneo, Fellini cria em suas obras um universo extremamente rico e complexo. Busca inspiração em suas experiências pessoais, desenvolvendo um estilo fantástico e surreal. Em 1943 casa-se com a atriz Giulietta Masina, com quem fica até a morte. Entre suas obras-primas estão Os boas-vidas (1953) e Amarcord (1973), que retratam sua juventude, As noites de Cabíria (1957), com Giulietta Masina, A doce vida  (1960), um perfil desiludido da burguesia italiana, Fellini oito e meio (1963), uma grande autobiografia, e E la nave va (1985), um de seus últimos sucessos.

Ettore Scola (1931- ) nasce na província italiana de Avelino, muda-se mais tarde para Roma. Inicia curso de direito, mas acaba se dedicando ao jornalismo, como diagramador de um periódico humorístico. É contratado por roteiristas para escrever piadas para o cinema, passando, gradualmente, a atuar como diretor. Considerado o maior gênio do cinema italiano dos anos 70/80. Sempre esteve ligado ao Partido Comunista Italiano e suas obras são marcadas pela temática social e política. Seu primeiro sucesso, Ciúme à italiana (1970), inicia a sátira política. Realiza grandes filmes como Nós que nos amávamos tanto (1974), Feios, sujos e malvados (1975), Um dia muito especial (1977), Casanova e a revolução (1982), Maccaroni (1985) e A família (1986).

FRANÇA

Até o final da década de 50, persiste um cinema tradicional e acadêmico. Claude Autant-Lara (Adúltera), André Cayatte (Somos todos assassinos) e Henri Clouzot (O salário do medo) fazem filmes politizados e pessimistas. Os católicos Robert Bresson (Um condenado à morte escapou) e Jean Delannoy (Deus necessita de homens) reagem ao materialismo existencialista e Jacques Tati renova a comédia com Meu tio. Em 1957, um grupo de jovens provenientes da crítica reage contra o academicismo do cinema francês e inicia um movimento que renova a linguagem cinematográfica, a nouvelle vague.

Nouvelle vague – Seus integrantes – críticos do Cahiers du Cinéma – propõem um cinema de autor, criticam as produções comerciais francesas e realizam obras de baixo custo em que rejeitam o cinema de estúdio e as regras narrativas. Diferentemente do movimento neo-realista, a nouvelle vague volta-se menos para a situação social e política do país e se interessa mais pelas questões existenciais de seus personagens. Seus representantes, Jean-Luc Godard (Acossado), François Truffaut (Os incompreendidos), Claude Chabrol (Os primos), Alain Resnais (Hiroshima, meu amor ), Louis Malle (Trinta anos esta noite) e Agnès Varda (Cleo das 5 às 7) seguirão, no futuro, caminhos individuais divergentes.

Jean-Luc Godard (1930- ), diretor e crítico francês, nasce em Paris, onde estuda etnologia e jornalismo. Um dos fundadores da nouvelle vague, é também um dos formuladores da “política de autor”, em que o diretor é considerado o único autor na produção de uma fita. Como crítico, colabora no Cahiers du Cinéma e outras revistas especializadas. Seu primeiro longa-metragem é Acossado (1959). Entre suas obras, merecem destaque O pequeno soldado (1960), Uma mulher casada (1964) e A chinesa (1967). Je vous salue Marie, de 1985, é considerado herege pelo papa João Paulo II. Em 1993, lança Infelizmente para mim.

François Truffaut (1932-1984), diretor francês, participa do Cahiers du Cinéma e da política de autores. Considerado o poeta da nouvelle vague, faz críticas de cinema durante vários anos e escreve livros sobre o tema, dos quais o principal é sobre a série de entrevistas que realizou com Alfred Hitchcock, seu cineasta preferido. Foi assistente de Rosselini e escreveu o roteiro de Acossado, de Godard. Dentro de sua produção ganham destaque os filmes Fareinheit 451 (1966), A noiva estava de preto (1967) e A história de Adele H (1975).

Produções recentes – Após a década de 60, predomina um cinema intimista voltado para o retrato do cotidiano: Bertrand Blier (Meu marido de batom), Eric Rohmer (Amor à tarde), Bertrand Tavernier (Por volta de meia-noite), Patrice Leconte (O marido da cabeleireira), Yves Robert (A glória de meu pai), Michel Deville (Uma leitora bem particular). Jean-Jacques Beineix (Betty Blue, A lua na sarjeta) e Luc Besson (Nikita) revigoram o filme noir. Superproduções de sucesso são realizadas por Jean-Jacques Annaud (O amante), Leos Carax (Os amantes da Pont-Neuf), Maurice Pialat (Van Gogh), Régis Wargnier (Indochina), Jean-Paul Rappeneau (Cyrano de Bergerac), Louis Malle (Perdas e danos), Jacques Rivette (A bela intrigante) e Alain Corneau (Todas as manhãs do mundo).

ESTADOS UNIDOS

Após a 2ª Guerra, o macarthismo instaura um clima de intolerância e perseguições que favorece a proliferação de musicais – Cantando na chuva, de Gene Kelly, Sinfonia em Paris, de Vincente Minnelli, Cinderela em Paris, de Stanley Donen –, comédias românticas e sofisticadas – A princesa e o plebeu, de William Wyler – ou superproduções: Os dez mandamentos, de Cecil B. de Mille. Nos estúdios trabalham diretores de grande talento: Alfred Hitchcock (Disque M para matar), Billy Wilder (Farrapo humano), John Huston (O tesouro de Sierra Madre), Fred Zinnemann (Matar ou morrer), George Stevens (Os brutos também amam), Douglas Sirk (Palavras ao vento), George Cukor (Nasce uma estrela) e Roger Corman (Obsessão macabra).

Alfred Hitchcock (1899-1980) é considerado o mestre do suspense. Nasce em Londres, filho de pais católicos, e recebe formação jesuítica. Começa a escrever roteiros em 1923, na Inglaterra. Muda-se para os Estados Unidos, em 1939, levado pelo produtor David Selznick, e filma Rebecca um ano depois. Influencia muitos diretores e faz grandes filmes de sucesso: O homem que sabia demais (1934), Interlúdio (1946), Festim diabólico (1948), Janela indiscreta (1954), Um corpo que cai (1958), Psicose (1960) e Os pássaros (1963).

Billy Wilder (1906- ), nasce em Viena, na Áustria. Trabalha como jornalista e crítico de arte. Muda-se para a Alemanha, onde passa a escrever roteiros de cinema. A partir de 1933 vai para Hollywood e torna-se roteirista de diretores como Lubitsch e Howard Hawks. Sofisticado nas comédias e dramas, seus filmes marcam época e se tornam clássicos, como Crepúsculo dos deuses (1950), A montanha dos sete abutres (1951), uma crítica à imprensa marrom, e O pecado mora ao lado (1955), com a atriz Marilyn Monroe.

Escola de Nova York – A partir de 1955, a reação ao sistema de estúdio vem com a Escola de Nova York, influenciada pelo neo-realismo italiano – Delbert Mann (Vidas separadas) e Martin Ritt (Despedida de solteiro) – e os jovens cineastas saídos da TV: Sidney Lumet (O homem do prego) e Arthur Penn (Um de nós morrerá). Surge um cinema inconformista, que aborda temas polêmicos: o conflito de gerações em Juventude transviada, de Nicholas Ray; a guerra em O julgamento de Nüremberg, de Stanley Kramer; injustiça social em Sindicato de ladrões, de Elia Kazan; sexo e intolerância moral em Clamor do sexo, de Kazan, ou Gata em teto de zinco quente, de Richard Brooks.

Décadas de 60/70 – Nos anos 60, Stanley Kubrick (O Dr. Fantástico), John Frankenheimer (Sob o domínio do mal) e Sidney Pollack (A noite dos desesperados) continuam voltados para a crítica social e os problemas humanos. Na década de 70 Francis Ford Coppola (O poderoso chefão, Apocalypse now), Martin Scorsese (Taxi driver) e Robert Altman (Mash) dissecam aspectos traumáticos da sociedade americana, enquanto a tradição do musical é renovada por Bob Fosse (Cabaré) e a do cinema de humor por Woody Allen (Noivo neurótico, noiva nervosa), Mel Brooks (O jovem Frankenstein) e Blake Edwards (S.O.B.). Emigrados do Leste europeu, o tcheco Milos Forman (Um estranho no ninho) e o polonês Roman Polanski (Chinatown) aclimatam-se aos EUA. A era das superproduções renasce com Steven Spielberg (Encurralado) e George Lucas (Guerra nas estrelas). As bilheterias registram fenômenos de público, como Rocky, o lutador, que lança o ator e diretor Sylvester Stallone.

Woody Allen (1935- ), Alan Stewart Konigsberg, ator, roteirista e diretor americano. Filho de um chofer de táxi e uma vendedora de floricultura, nasce em Manhattan, cenário de grande parte de seus filmes. Sempre tímido, descobre no humor uma forma de conquistar amizades. Inicia a carreira escrevendo piadas para um programa humorístico da NBC. Posteriormente, comanda shows em boates, quando, em 1965, Shirley McLaine e o produtor Charles Feldman o contratam como ator e roteirista do filme O que é que há, gatinha? Um ano depois, estréia como diretor e seu humor inteligente e refinado produz grandes sucessos como Interiores (1978), A rosa púrpura do Cairo (1985), Hannah e suas irmãs (1986), Maridos e esposas (1992) e Um misterioso assassinato em Manhattan (1993). No final de 1991, se envolve num escândalo ao manter um romance com Soon-YI, filha adotiva de Mia Farrow.

Década de 80 – Esse período traz visões contestadoras da vida social nos filmes de Michael Cimino (O Franco-Atirador), Philip Kaufman (Os eleitos), David Lynch (Veludo azul), Brian de Palma (Carrie, a estranha), seguidor de Hitchcock; de roteiristas que passam à direção, como Lawrence Kasdan (Corpos ardentes) e Oliver Stone (Platoon); de jovens e competentes artesãos, como John Landis (O lobisomem americano em Londres) ou John Carpenter (Fuga de Nova York). Os independentes nova-iorquinos Jim Jarmusch (Daunbailó) e John Sayles (Lianna) fazem filmes baratos, influenciados pelo neo-realismo. Como já acontecera na época da 2a Guerra, a indústria importa diretores de outros países: os australianos Peter Weir (A testemunha) e George Miller (As bruxas de Eastwick), o argentino Luís Puenzo (Gringo velho), o brasileiro Hector Babenco (Ironweed), o francês Barbet Schroeder (Barfly) e o holandês Paul Verhoeven (Robocop).

Produções recentes – Spike Lee (Malcolm X), Joel Coen (Barton Fink – delírios de Hollywood, A roda da fortuna), Steven Soderbergh (Sexo, mentiras e videoteipe), Hal Hartley (Confiança), o ator e diretor Tim Robbins (Bob Roberts), Jonathan Demme (O silêncio dos inocentes), Robert Rodriguez (El mariachi) e Tony Scott (Amor à queima-roupa) surgem como uma promessa de sangue novo para o cinema americano, ao lado de nomes já conhecidos: Scorsese (Cabo do medo, A época da inocência), Coppola (Drácula), Oliver Stone (JFK, a pergunta que não quer calar), Woody Allen (Neblinas e sombras) e Robert Altman (Short cuts – cenas da vida).

Steven Spielberg (1947- ) é o mais bem-sucedido diretor de cinema de todos os tempos. Aos 12 anos, ganha sua primeira câmera de cinema e passa a fazer filmes de ficção. Sete anos depois, freqüenta por três anos os estúdios da Universal. Seus filmes são verdadeiros fenômenos de bilheteria, a maioria com histórias fantásticas e abundantes efeitos especiais. Como diretor e produtor, acumula sucessos: Tubarão (1975), Contatos imediatos de terceiro grau (1977), Os caçadores da arca perdida (1981), E.T. – o extraterrestre (1982), Indiana Jones e o templo da perdição (1984), A cor púrpura (1985), O parque dos dinossauros  (1993) e A lista de Schindler, pelo qual recebe seu primeiro Oscar de melhor diretor, em 1994.

REINO UNIDO

Depois dos documentaristas, a década de 60 assiste ao surgimento de uma nova tendência.

Free cinema – A inquietação dos young angry men, os “jovens irados”, vindos do teatro, cria o free cinema, “cinema livre”, que rompe com as fórmulas tradicionais do realismo e o superficialismo de produções como os filmes de terror dos estúdios Hammer. Os cineastas procuram criar um cinema social de características nacionais, no qual não faltam humor, irreverência e um sentido poético: Tony Richardson (Odeio essa mulher), Karel Reisz (Tudo começou no sábado), Richard Lester (A bossa da conquista) e Jonh Schlesinger (Domingo maldito).

Anos 80/90 – A década de 80, depois de uma fase de recesso, traz o humor irreverente do grupo Monty Python (A vida de Brian), do qual saem Terry Gilliam (Brazil) e Terry Jones (O sentido da vida). Aparecem bons artesãos logo envolvidos com grandes projetos: Alan Parker (O expresso da meia-noite), Roland Joffé (A missão), Ridley Scott (Blade Runner). Se muitos desses ingleses filmam nos EUA, há também americanos, como Joseph Losey (O mensageiro) ou James Ivory (Vestígios do dia), que rodam seus filmes na Grã-Bretanha. Saída da tevê, uma nova geração destaca-se por sua temática ousada e suas posturas acidamente críticas: Stephen Frears (Relações perigosas), Derek Jarman (Caravaggio), Neil Jordan (Traídos pelo desejo), Peter Greenaway (O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante, A última tempestade), Michael Radford (1984) e Jim Sheridan (Meu pé esquerdo, Em nome do Pai). Já Kenneth Branagh tem raízes teatrais, que revela em Henrique V e Muito barulho por nada, adaptados de Shakespeare.

ALEMANHA

As décadas de 40 e 50 são marcadas pela estagnação. Nos anos 60 e 70, brilha o cinema novo alemão com os filmes amargurados de Rainer Fassbinder (As lágrimas amargas de Petra von Kant), o lirismo de Werner Herzog (O enigma de Kaspar Hauser), as experiências de Werner Schroeter (Macbeth) com a linguagem teatral e as felizes adaptações literárias de Volker Schloendorff (O jovem Törless, O tambor).

Os anos 80 começam com a visão do universo feminino de Margarethe von Trotta (Os anos de chumbo), a adaptação da ópera Parsifal, de Wagner, por Hans-Jürlegen Syberberg, e a obra muito particular de Wim Wenders (Paris, Texas, Asas do desejo), considerado seguidor de Antonioni. O cinema alemão revela ainda Wolfgang Petersen (História sem fim), Robert Van Ackeren (Armadilha para Vênus), Rudolf Thome (O filósofo), Michael Verhoeven (Uma cidade sem passado), Doris Dorrie (Homens) e Percy Adlon (Bagdá Café).

Werner Herzog (1942- ), diretor alemão, forma com Rainer Fassbinder e Win Wenders o trio central do novo cinema alemão. De família pobre, estuda história e literatura em sua cidade natal, Munique. Aos 15 anos, escreve o seu primeiro roteiro. Mais tarde, recebe uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. Faz filmes e documentários em diversos países, como Aguirre, a cólera dos Deuses (1972) e Fitzcarraldo  (1981), no Brasil e Peru, Fata Morgana (1969), na África, Coração de cristal (1976), na Irlanda, e Nosferatu e Woyzeck (1978), na Holanda e Tchecoslováquia. Trabalha para a tevê e publica todos os roteiros de seus filmes.

Rainer Fassbinder (1945-1982) nasce na Baviera, deixa os estudos aos 19 anos e passa a integrar um grupo de teatro, em Munique. Posteriormente, trabalha como ator, roteirista e diretor no teatro, rádio, cinema e televisão. Influenciado pelos diretores Howards Hawks e Fritz Lang, encontra também no teatro de Brecht uma fonte de inspiração. Em 1968, dirige o seu primeiro longa-metragem. Em seus filmes, como Querelle (1982) e a trilogia O casamento de Maria Braun (1978), Lili Marlene (1980) e Lola (1981), estão sempre presentes temas relativos ao sexo, violência e degeneração.

PAÍSES NÓRDICOS

A crise sueca dos anos 20 só é contornada com o aparecimento de Ingmar Bergman (Morangos Silvestres), grande influência sobre cineastas de seu país – Alf Sjöberg (Senhorita Júlia), Vilgot Sjöman (Tabu), Lasse Hallström (Minha vida de cachorro) – e do mundo inteiro. Nos anos 80, prêmios internacionais fazem descobrir o novo cinema dinamarquês: Bille August (Pelle, o conquistador, A casa dos espíritos), Gabriel Axel (A festa de Babette), Lars von Trier (O elemento do crime), Kaspar Rostrup (Dançando pela vida) e Stellan Olsson (O grande dia na praia). Na Finlândia, destacam-se os filmes de tom irônico dos irmãos Aki (Os caubóis de Leningrado vão para a América).

Ingmar Bergman (1918- ), cineasta e diretor teatral sueco, é um dos maiores nomes do cinema moderno. Filho de pastor protestante, desde a infância se dedica ao cinema e ao teatro. Seus primeiros filmes são influenciados pelo realismo poético francês, especialmente pelo diretor Marcel Carné. Depois, torna-se um renovador do cinema, com uma abordagem especial de seus temas principais: a incomunicabilidade, a ausência de Deus e o absurdo da condição humana. Seus principais filmes são O sétimo selo (1956), A hora do lobo (1968), Gritos e sussurros (1973), A flauta mágica (1975), O ovo da serpente (1979) e Fanny e Alexandre (1982), sua última e mais ambiciosa produção. RÚSSIA

Para lembrar o vigésimo aniversário da malograda insurreição de 1905 contra o Czar Nicolau II, Sergei Eisenstein filmou O Encouraçado Potemkin, limitando a ação ao episódio do motim do navio e ao massacre civil nas escadarias da cidade de Odessa. Apesar do tom de documentário, o filme foi cuidadosamente construído em todos os níveis. A teoria da montagem final de Eisenstein, segundo ele próprio explicava, baseou-se na dialética marxista – que envolve a superação da tese e da antítese produzindo uma síntese – e, com a justaposição de técnicos (luz, ângulo da câmara e movimento), criou significados. A idéia do diretor era construir um herói coletivo, no caso as massas russas, representados pelos amotinados do encouraçado, o povo de Odessa (simpatizantes da causa) e insurrectos de outros navios criava assim, dois personagens coletivos e coerentes: o encouraçado e a cidade; o drama se construía com o diálogo e união de ambos. Além disso, Eisenstein introduziu no cinema o uso de atores não profissionais. Considerado no início como formalista, Eisenstein foi pouco a pouco quebrando a resistência do ortodoxo modelo artístico do realismo socialista e ganhando expressão dentro e fora de seu país. O Encouraçado Potemkin é hoje considerado um dos filmes que mais revolucionaram a história do cinema.

A doutrina do realismo socialista, criada na década de 20, produz filmes de estilo conservador, fiéis à estética oficial: Quando voam as cegonhas, de Mikhail Kalatósov, e A balada do soldado, de Grigori Tchukhrai. Uma obra original é a de Andrei Tarkovski (Solaris).

Com a perestroika, a partir de meados da década de 80, há maior liberdade na escolha de temas e na discussão de problemas políticos e sociais: Elem Klimov (Agonia), Tenguiz Abduladze (O arrependimento), Karen Tchakhnazarov (Cidade zero), Pavel Lounguine (Taxi blues), Serguei Paradjanov (Os cavalos de fogo) e Vassíli Pitchul, cujo Pequena Vera é o primeiro filme a abordar a insatisfação dos jovens com a falta de perspectivas para o futuro, ignorada pelo cinema oficial.

Andrei Tarkovski (1932-1986) nasce no distrito de Ivanov, na Rússia, e cresce em uma vila de artistas próxima de Moscou. Filho de poeta, estuda desde cedo os mais diversos assuntos – música, pintura, escultura, árabe e geologia. Em 1954, cursa a Escola de Cinema de Moscou e realiza seu primeiro longa-metragem, A infância de Ivan, na década de 60. Seu filme Andrei Rublev (1966) é considerado antinacionalista e fica retido durante cinco anos na URSS. Sua obra é marcada por longos planos e ritmo lento, como em Stalker (1979), Nostalgia (1982) e O sacrifício (1986).

JAPÃO

A premiação de Rashomon, de Akira Kurosawa, no Festival de Veneza de 1951, faz o Ocidente descobrir uma produção de extrema originalidade, que enfoca tanto temáticas tradicionais quanto assuntos contemporâneos. Kenzo Mizoguchi (Contos da lua vaga), Teinosuke Kinugasa (As portas do inferno), Kaneto Shindo (A ilha nua), Masaki Kobayashi (Harakiri), Hiroshi Teshigahara (Mulher da areia), Yasuhiro Ozu (Dia de outono) e Shohei Imamura (A balada de Narayama) são alguns de seus grandes nomes.

Na nova geração, destacam-se Nagisa Oshima (O império dos sentidos), questionado no Japão como muito ocidentalizado, Juzo Itami (Tampopo), Katsuhiro Otomo (Akira), Mitsuo Kurotsuchi (Engarrafamento), Kazuo Hara (O exército nu do imperador) e Kohei Oguri (O ferrão da morte).

Akira Kurosawa (1910- ) é o nome mais importante do cinema no Japão. Trabalha como pintor e ilustrador de revistas em anúncios publicitários. No cinema, começa como assistente de direção. É o responsável pela projeção internacional da cinematografia de seu país, a partir do êxito comercial de Rashomon (1950) e Os sete samurais (1954). Recupera-se de séria crise pessoal, em que tenta o suicídio em meados dos anos 70, e dirige Dersu Uzala (1975), na União Soviética, que entra como co-produtora. Com a ajuda do cineasta norte-americano Francis Ford Coppola, faz um retorno aos temas do Japão medieval em Kagemusha (1980). Em 1985, com Ran, realiza uma adaptação de O rei Lear, de Shakespeare. Na década de 90, filma Sonhos, Rapsódia em agosto e Madadayo.

CHINA

A primeira classe formada pela Academia de Cinema chinesa, após sua reabertura na década de 70 – conhecida como quinta geração –, revela grandes nomes, como Zhang Yimou (Lanternas vermelhas, Ju Dou – amor e sedução, A história de Qiu Ju), premiado no Festival de Veneza de 1991, e Chen Kaige, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1993 com Adeus minha concubina. Ao contrário de Yimou, um inovador da linguagem, Kaige retrata a Revolução Cultural de seu país com sarcasmo, usando cacoetes do cinema ocidental.

OUTROS CENTROS

Argélia – Após a independência da França, em 1962, nacionaliza o cinema e produz filmes que enfocam o colonialismo e as guerras de libertação. Mohammed Lakhdar-Amina, com Crônica dos anos de brasa (1974), tem sua obra prestigiada pela crítica mundial.

Argentina – José Agustín Ferreyra (As ruas de Buenos Aires) é, na década de 30, o criador da escola nacional de cinema da Argentina. Seus seguidores principais são Fernando Birri (Os inundados) e Leopoldo Torre-Nilsson (Pele de verão). A denúncia social de A hora dos fornos, realizado em 1968, leva Fernando Solanas ao exílio, de que só volta na década de 90, para se engajar na vida política de seu país; em 1985, roda em Paris e Buenos Aires Tangos, exílio de Gardel. Na nova geração, marcados pela repressão militar nas décadas de 70 e 80, destacam-se Hector Olivera (Não haverá mais dores nem esquecimento), Luís Puenzo (A história oficial), Maria Luísa Bemberg (Miss Mary) e Eliseu Subiela (O lado escuro do coração).

Austrália – O cinema americano na década de 80 atrai talentos como os de Peter Weir (O ano em que vivemos em perigo), Bruce Beresford (A força do carinho), George Miller (Mad Max) e Gillian Armstrong (Os últimos dias em que ficamos juntos). O mesmo pode acontecer com a nova safra de cineastas desse país: Jane Campion (Um anjo em minha mesa, O piano), Jocelyn Moorhouse (A prova) e Baz Luhrmann, cujo Vem dançar comigo foi enorme sucesso de bilheteria em 1993.

Canadá – Uma fórmula original de cinema de animação é desenvolvida por Norman McLaren e seus discípulos, subvencionados pelo National Film Board of Canada. Dentre os diretores convencionais, durante muito tempo apenas Gilles Carle, que dirige A verdadeira natureza de Bernardette, em 1971, e Denys Arcand (O declínio do império americano, de 1986, e Amor e restos humanos, da década de 90) conseguem ser conhecidos fora do país. Patricia Rozema (O segredo do quarto branco) e Jean-Claude Lauzon (Noite no zôo) são novos cineastas com prestígio internacional.

Cuba – A escola de documentário criada por Santiago Álvarez (Now) tem influência continental, moldando, por exemplo, o estilo do colombiano Carlos Álvarez (O que é democracia), do boliviano Jorge Sanjinés (A coragem do povo), do chileno Patricio Guzmán (A batalha do Chile) ou do uruguaio Adolfo Aritarian (Um lugar no mundo). Na produção ficcional destacam-se as obras de Humberto Solas (Um homem de êxito, de 1976) e Tomás Gutiérrez Alea (A última ceia, de 1976, Morango e chocolate, de 1993).

Espanha – Produz grandes nomes: Carlos Saura (Cría cuervos, de 1976, Carmem, de 1983), Victor Érice (O espírito da colméia, de 1973) e Pedro Almodóvar (Mulheres à beira de um ataque de nervos, de 1988, Ata-me, da década de 90) e Mario Camús (Os santos inocentes, de 1984). A década de 90 traz produções de cineastas competentes como Bigas Luna (As idades de Lulu, Ovos de ouro), Vicente Aranda (Os amantes) e Fernando Trueba (Belle époque).

Grécia – Constantin Costa-Gavras tem destaque com Z (1968), Estado de sítio (1973) e Desaparecido (1982). A premiação de Paisagem na neblina, no Festival de Cannes de 1991, chama a atenção para o talento de Theo Angelópoulos, confirmado, em 1993, por O passo suspenso da cegonha.

Holanda – Pátria, nos anos 50/60, de uma ilustre escola de documentaristas (Joris Ivens, Bert Haanstra), o país volta ao circuito internacional, na década de 70, com Paul Verhoeven (Louca paixão). Depois que ele vai para os EUA, o prestígio do cinema holandês no exterior fica a cargo do neo-realismo de Alex Van Warmerdam (Os do Norte) e do surrealismo de Joe Stelling (O ilusionista, de 1984).

Hungria – Destacam-se Miklós Jancsó (Salmo vermelho, de 1973), Marta Meszaros (Diário íntimo, de 1985) e István Szábo (Mephisto, de 1981).

Índia – A tradição de contar histórias e de culto às imagens faz da Índia o país que mais produz filmes de todo o mundo. Anualmente faz mais de 800 títulos o dobro do mercado americano. Durante muito tempo, apenas Satyajit Ray (Aparajito, de 1951) tinha obtido reconhecimento. Na década de 90, surge o cinema de análise social de Mira Nahir (Salaam Bombay!).

Iugoslávia – Dusan Makavejev (WR, os mistérios do organismo, de 1971) e Emir Kusturica (Quando papai saiu em viagem de negócios, de 1985).

México – Emilio Fernández (Maria Candelária) é o maior nome do apogeu da indústria cinematográfica mexicana, nos anos 30/40. Entre as décadas de 50 e 70, destacam-se Paul Leduc (México insurgente), Jaime Hermosillo (A paixão segundo Berenice), Alejandro Jodorowsky (A montanha sagrada), Luís Alcoriza (O importante é viver) e Luis Buñuel, que também filma no país (Os esquecidos, O anjo exterminador). A geração de 80/90 é representada por Alfonso Arau (Como água para chocolate).

Nova Zelândia – Num país geralmente à margem da grande produção cinematográfica, os insólitos O intruso e Navigator lançam o talento original de Vincent Ward.

Polônia – Merecem destaque as obras de Aleksander Ford (Os cavaleiros teutônicos, de 1960), Jerzy Kawalerowicz (Madre Joana dos Anjos, de 1961), Krzysztof Zanussi (Espiral, de 1978) e Andrzej Wajda  (Danton, o processo da revolução, de 1982). Na década de 90 destacam-se Krzysztof Kieslowski (Não amarás, A liberdade é azul) e Agnieszka Holland (Os filhos da guerra).

Portugal – Já no final da carreira, Manuel de Oliveira (Amor de perdição) é descoberto e valorizado pela crítica francesa na década de 70. Na nova geração, destaca-se João Botelho (Tempos difíceis, estes tempos).

Fonte: Almanaque Abril

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