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As três ecologias, de Félix Guattari

by Lucas Gomes

Na obra As Três Ecologias, o pensador Félix Guattari
(1999) manifesta toda a sua indignação perante um mundo que vem se deteriorando
lentamente, através dos desequilíbrios ecológicos, onde acidentes químicos e
nucleares tem sido comuns e algumas doenças são incuráveis.

Esses fenômenos, se não forem remediados, ameaçam a vida do homem no planeta.
Ao mesmo tempo a vida social do ser humano tem se deteriorado, as redes de parentesco
são reduzidas a cada dia, a vida doméstica é suplantada pelo consumo da mídia,
a convivência dos casais e das famílias vive uma espécie de padronização de
comportamentos e as relações entre os vizinhos não tem expressão. Os governos
parecem ter apenas uma consciência parcial dos problemas que ameaçam o meio-ambiente,
restringindo-se ao campo dos danos industriais.

Segundo Guattari, somente uma articulação ético-política entre as três ecologias
(o meio-ambiente, as relações sociais e a subjetividade humana) é que poderia
esclarecer tais questões. O que está em curso é a forma de se viver sobre este
planeta daqui para frente. A esta articulação dá-se o nome de ecosofia, que
é a relação entre as três ecologias: o meio-ambiente, as relações sociais e
a subjetividade humana.

Em seu livro As três ecologias”, Guattari inicialmente afirma que os
modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem no sentido de uma progressiva
deterioração
. Desta forma, poder-se-ia ver tal fato como uma involução,
caso a sociedade, desde cedo, estivesse num patamar mental mais elevado e que
tais modos, realmente estivessem regredindo.

Mas, a que o autor quer se referir com modos de vida?

Percebe-se, pela historicidade humana, claramente um tom voltado a questão moral
de forma mais específica, circunvizinhando a ética, entrelaçado pela “psi” quando
complementa o parágrafo:

As redes de parentesco tendem a se reduzir ao mínimo, a vida doméstica vem
sendo gangrenada pelo consumo da mídia, a vida conjugal e familiar se encontra
freqüentemente ‘ossificada’ por uma espécie de padronização dos comportamentos,
as relações de vizinhança estão geralmente reduzidas a sua mais pobre expressão
.(p.7-8)

Esta forma, pela qual possibilitou o ser humano a se perpetuar, está lentamente
cedendo lugar ao imediatismo, ao modo fácil e despreocupado, pois se elegeu,
involuntariamente, quem possa pensar por ele, ou seja, o homem não encontra
mais barreiras a ser superada, a não ser, o estar na frente do outro, donde
os fins justificam os meios.

Com isso o homem deixa, paulatinamente, de se perceber um ser complexo, dual,
no mais forte significado da palavra para se tornar uma coisa, um objeto que
pode ser manipulado ao sabor das tendências, tornando-se apenas um ponto de
referência estatístico nesta cultura consumista, sendo exortado a extrapolar,
ou seja, sair da realidade da qual subsiste para adentrar ao subjetivo estereotipado.

Entendendo subjetivismo, posto pelo autor, como o homem enquanto ser psíquico
envolvido e envolvente e não como um objeto no ou do meio, como diz Guattari:

É a relação da subjetividade com uma exterioridade – seja ela social, animal,
vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida numa espécie de movimento
geral de implosão e infantilização regressiva
.(p.8)

Compreende-se com isso que o homem trocou o amadurecimento imposto pelas necessidades
do existir pela simples contemplação da descoberta, abandonando o real significado
do conhecimento para tal existência. Portanto, daquilo que, verdadeiramente,
pode ser dado como um avanço tecnológico, é, na verdade, um caminho inverso
para a sua sustentabilidade. E acrescenta:

A alteridade tende a perder toda a aspereza. O turismo, por exemplo, se resume
quase sempre a uma viagem sem sair do lugar, no seio das mesmas redundâncias
de imagens e comportamento
.(p.8)

Como não poderia ser diferente, este é o caminho da generalização e tal comportamento
se alastra por todos os ramos da atividade humana;

Apesar de estarem começando a tomar consciência dos perigos mais evidentes
que ameaçam o meio ambiente natural de nossas sociedades, elas geralmente contentam
em abordar o campo dos danos industriais e, ainda assim, unicamente numa perspectiva
tecnocrática, ao passo que só a articulação ético-política – a que eu chamo
de ecosofia – entre os três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das
relações sociais e o da subjetividade humana) é que poderia esclarecer convenientemente
tais questões
.(p.8)

De fato, leva-se a entender, neste ponto, que as relações sociais são as que
se dão de indivíduo para indivíduo, de instituição para instituído e vice versa.

Como tal interatividade se dá pelo ser de cada um, pode até se especular e promover
a adequação, ou seja, estabelecer dentre os sistemas ecológicos enfatizados
por Guattari, a substituição das relações sociais para se estabelecer o sistema
ecológico resultante.

Assim, o primeiro seria o meio ambiente, o segundo a subjetividade e o terceiro
a resultante.

Verdadeiramente, não é no meio ambiente natural que se vive, mas, no resultado
daquilo onde se está vivendo.

O meio ambiente natural é aquele que ainda não apresenta resultado pela presença
humana, que ainda não foi violado por nenhuma pegada humana. Com efeito, após
uma erupção vulcânica, na qual transmuta a paisagem, desintegrando o resultado
do homem, se reestabelece, naturalmente, o meio ambiente colocando-o de forma
natural.

Assim fica patente o enunciado do autor:

O que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre esse planeta,
no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável
crescimento demográfico.
(p.8)

Com mais ênfase nestes tempos surge, entretanto, uma crise entre a potencialidade
da produção humana e a produção de consumo.

De forma global, está se estabelecendo os modos dominantes de valorização das
atividades humanas, posto por Guattari em dois eixos para a compreensão de tal
crise:

1. O do império de um mercado mundial que lamina os sistemas particulares
de valor, que coloca num mesmo plano de equivalência os bens materiais, os bens
culturais, as áreas naturais e etc;

2. O que coloca o conjunto das relações sociais e das relações internacionais
sob a direção das máquinas policiais e militares.

Com tal percepção, fica os Estados entre esses dois eixos, indiretamente sendo
podado da sua tradicional missão de mediador. Sendo muitos compelidos a amalgamarem
tendências, mesclarem culturas, ou seja, relativizar objetivos.

Embora Guattari diga que está sumindo o eixo social leste/oeste, vemos que,
na realidade, tal fenômeno se acentua, a medida em que, a classe operária desprovida
do emprego, torna-se apenas um proletariado servil e inoperante.

Esta compreensão pode ser percebida pelo enunciado do autor:

Os antagonismos de classe herdados do século XIX contribuíram inicialmente
para forjar campos homogêneos bipolarizados de subjetividade. Mais tarde, durante
a segunda metade do século XX, através da sociedade de consumo, do welfare,
da mídia…, a subjetividade operária linha dura se desfez. Ainda que as segregações
e as hierarquias jamais tinham sido tão intensamente vividas, uma mesma camada
imaginária se encontra agora chapada sobre o conjunto das posições subjetivas.
(p.
11)

Esta constatação de direção a servilidade impõe um novo fenômeno político social
que se direciona a institucionalização da indústria da pobreza, na qual se extrai
como lucro, a possibilidade de poder.

É mais servil um bando de famintos, desprovidos do conhecimento, para ser castrado
sua potencialidade, sendo então, esta massa, dirigida apenas pelo apelo à esperança.

A grande diferença que existia, de conceito, quanto ao capitalismo e o comunismo,
da mesma forma estão sendo aplainadas. As diferenças não são percebidas com
tanta clareza em relação à possibilidade social.

Como perceber diferença entre o comunismo chinês e o capitalismo sul americano?

Ambos se prende a mesma tendência de produção e consumo, externo por parte do
primeiro e interno por parte do segundo.

Agregado a globalização, nossa mão de obra começa a ser especulada de forma
intensa e da mesma forma, ou seja, servil.

Entra também nesse contexto o tema liberdade, que, se por um lado é alardeado,
mas não praticado em sua plenitude, por outro, a intensa massificação em favor
do Estado.

Dessa forma, o sistema, não mais como pessoas, mas como um indivíduo institucionalizado,
incentiva a que se perceba o ser humano como objeto.

Talvez seja essa a leitura que o autor faz quando diz:

A instauração a longo prazo de imensas zonas de miséria, fome e morte parece
daqui em diante fazer parte integrante do monstruoso sistema de ‘estimulação’
do Capitalismo Mundial Integrado.
(p.12)

Neste pondo deve ser destacado o fenômeno escravista que as corporações imputam
aos cidadãos dos países de terceiro mundo, que usam toda a potencialidade produtiva
humana em favor próprio e das nações que abrigam tal instituição, que, pelo
preço de sua mão-de-obra, não repassam o imposto devido aos países produtores.
Com efeito, os possíveis retornos, em obras sociais, sejam ainda bem menores
que o estritamente necessário.

Tal escravidão não se dá por invasão ou pelo jugo a força, mas pela simples
necessidade do subsistir, pela miserável condição humana que é, sistematicamente,
criado.

Diferente das Novas Potências Industriais (Hong Kong, Taiwan, Coréia do Norte
etc) esses países de terceiro mundo não tem força política internacional para
romper tal condição ou se acomodaram para que seja possível a prática do vício
da corrupção.

Entretanto, assim como pela exploração humana em países sob jugo de grandes
corporações financeiras, as nações desenvolvidas, ao seu tempo, angariam problemas
de ordem sociais, como acentua Guattari:

No ceio dos países desenvolvidos reencontramos esse mesmo princípio de tensão
social e de ‘estimulação’ pelo desespero, com a instauração de regiões crônicas
de desemprego e da marginalização de uma parcela cada vez maior de populações
de jovens, de pessoas idosas, de trabalhadores ‘assalariados’, desvalorizados
etc.
(p.12)

Destarte, não é só o ser humano que vem sendo esmigalhado, pois essa calamitosa
situação acentua de forma acelerada a degradação ambiental em seu todo, impulsionando
para um desastre futuro de proporções irreparáveis.

Pode se compreender com isso as tendências das falências humanas na questão
ética, de forma tal que:

…para onde quer que nos voltemos, reencontramos esse mesmo paradoxo lancinante:
de um lado, o desenvolvimento contínuo de novos meios técnico-científicos potencialmente
capazes de resolver as problemáticas ecológicas dominantes e determinar o reequilíbrio
das atividades socialmente úteis para o planeta e, de outro lado, a incapacidade
das forças sociais organizadas e das formações subjetivas constituídas de se
apropriar desses meios para torna-los operativos.
(p.12)

É preciso, entretanto, ser localizado, neste primeiro momento. O que se percebe
interno é preciso de referências exteriores, mas não de modelos, pois, ao não
se abrir mãos da cultura própria e por ela solucionar tais problemas estará,
enquanto isso, se enriquecendo culturalmente.

Todas as tendências mundiais estão em dividir o globo em produtores, técnicos
e consumidores, quem sabe uma excelente subdivisão do sistema ecológico da subjetividade
humana que, fatalmente, colocará numa posição de análise do comportamento humano
global.

Compreende-se que está na hora de uma postura crítica da relação humana, dos
modos de interrelações, é necessário chamar para si a culpabilidade da falência
social, cada um deve estar consciente de sua culpa em relação ao todo. Cogita-se
isso pelo fato de que as leis só existem para mediar a intolerância entre os
homens.

Contra corrente do sistema hoje vivido, está a ecosofia enunciada por Guattari
que a vê em duas frentes primárias:

a) ecosofia social: …consistirá, portanto, em desenvolver práticas
específicas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser no seio do
casal, da família, do contexto urbano, do trabalho etc. Certamente seria inconcebível
pretender retornar a fórmulas anteriores, correspondentes a períodos nos quais,
ao mesmo tempo, a densidade demográfica era mais fraca e a densidade as relações
sociais mais forte que hoje.

b) ecosofia da mente: …será levada a reinventar a relação do sujeito
com o corpo, com o fantasma, com o tempo que passa, com os ‘mistérios’ da vida
e da morte. Ela será levada a procurar antídotos para a uniformização midiática
e telemática, o conformismo das modas, as manipulações da opinião pela publicidade,
pelas sondagens etc.

Tais visões estabelecem um modo para que se re-aprenda a ser humano novamente,
para que se possa perceber o meio como um aliado parceiro e não apenas como
um meio irrestrito de subsistência. Quando se desvia as águas de um rio, apenas
se esbarra nas conseqüências imediatas. Para o atual ser humano imediatista,
a visão profunda e de longo prazo é por demais falha, da mesma forma, só se
pode analisar superficialmente como está se estabelecendo, mas nunca como seria
se não tivesse sido feito.

A certeza da percepção, por um indivíduo, da existência deve estar atrelada
ao fato de ser percebido pelo outro existente, que, por sua vez, necessita dessa
mesma percepção. Assim pode ser exilado o egoísmo para trilhar a possibilidade
de compreensão do todo sendo que cada um é o todo enquanto tem consciência que,
o mesmo tempo, é parte dele.

Da mesma forma enuncia Guattari:

O sujeito não é evidente: não basta pensar para ser, como o proclamava Descartes,
já que inúmeras outras maneiras de existir se instauram fora da consciência,
ao passo que o sujeito advém no momento em que o pensamento se obstina em apreender
a si mesmo e se põe a girar como um pião enlouquecido, sem enganchar em nada
dos Territórios reais da existência, os quais por sua vez derivam uns em ralação
aos outros
.(p.17)

Esta relação com o outro foi fundamental para que a humanidade caminhasse como
espécie preservada. Entretanto, no sistema atual, é praticamente impossível
de se perceber isso, ou melhor, é o simples aceitar sem questionar, pois é muito
mais simples culpar e achar defeitos alheios que em si próprio.

Toda essa estrutura depende do libertar-se de si mesmo. Isso irá acontecendo
na medida em que se liberta das referências e metáforas com as quais a psicanálise
rotula.

Em suma, os engodos fantasmáticos e míticos da psicanálise devem ser desempenhados
e desmascarados e não cultivados e cuidados como jardins à francesa! Infelizmente,
os psicanalistas de hoje, mas ainda que os de ontem, se entrincheiram no que
se pode chamar de uma ‘estruturalização’ dos complexos inconscientes. Em sua
teorização, isso conduz a um res-secamento e a um dogmatismo insuportável e,
em sua prática, a um empobrecimento de suas intervenções, a estereótipos que
os tornam impermeáveis à alteridade singular de seus pacientes
.(p.21)

Então como perceber o mundo?

Para compreender a dialética de forma simplista, tem que, indubitavelmente,
observar uma mudança ininterrupta, porém impossível, sem ponto de parada, ou
seja, infinitamente. Entretanto, para que a mudança aconteça em algum momento
é obrigado a dar existência ao ponto zero. Esse ponto neutro está no instante
em que se inicia tal transformação.

Desta forma existe a possibilidade de alguns se prenderem apenas nesse único
ponto e é provável que é isso vem acontecendo até então.

Para que possamos nos reinventar, deve-se abandonar tal modelo, para que, a
partir de cada zero se possa ser enquanto estamos se está sendo.

A técnica seria a visão de um pintor que, embora não se repeteindo, vislumbra
tal ponto de parada e trama as cores para compor a obra. Não se pode perder
de vista que ao olhar uma paisagem se vê apenas matizes contrastadamente diferentes,
enquanto um pintor, por seus olhos treinados pode perceber sutis tonalidades
estabelecidas pela luz e sombra.

Tal rompimento com dialética está enfatizado por Guattari:

Insistindo nos paradigmas estéticos, gostaria de sublinhar que, especialmente
no registro das práticas ‘psi’, tudo deveria ser sempre reinventado, retomado
do zero, do contrário os processos se congelam numa mortífera repetição
.(p.22)

Tal estrutura estabelecida, pelo forte apego ao real sensível, não pode ser
rompida sem grandes problemas, pois sobejam propagandas para fazer com que o
ser humano penetre mais profundamente nessa miopia do real.

Todos os conceitos que são imputados pela mídia, como já foi descrito anteriormente,
tem como objetivo a miscigenação da cultura, a relativização da realidade, a
ponto de, lentamente, mimetizar o indivíduo. E é por essa porta que se abre
que se estabelece a introdução, na medida do avanço do movimento propagandista,
de conceitos alienígenas insuflando os jovens ao consumo exacerbado.

Tal conduta social está cada vez mais facilitada, principalmente nos países
de terceiro mundo, com isso, se estabelece a decadência da auto-afirmação, com
propósito de serem baixadas a guarda sobre as ‘propriedades’ (culturais, mentais,
territoriais etc) e ainda, como acentua Guattari:

Seria preciso também falar da desterritorialização selvagem do Terceiro Mundo,
que afeta concomitantemente a textura cultural das populações, o hábitat, as
defesas imunológicas, o clima etc. O outro desastre da ecologia social: o trabalho
das crianças, que se tornou mais importante do que o foi no século XIX!
(p.26)

Da mesma forma que um motocontínuo não consegue gerar força suficiente para
se automanter ao mesmo tempo em que gera energia extra, o capitalismo necessita
ser constantemente realimentado.

Passando da teoria para a prática é possível perceber um capitalismo global
que está e nvolvendo os mais tradicionais comunistas.

Existe uma necessidade urgente de rever o contrato, a base que sustenta a sociedade,
desta forma, Guattari orienta na sua teoria que:

A ecologia social deverá trabalhar na reconstrução das relações humanas em
todos os níveis, do socius. Ela jamais deverá perder de vista que o poder capitalista
se deslocou, se desterritorializou, ao mesmo temo em extensão, ampliando seu
domínio sobre o conjunto da vida social, econômica e cultural do planeta, e
em ‘intenção’, infiltrando-se no seio dos mais inconsistentes estratos subjetivos
.(33)

Essa concepção está intimamente ligada ao fato de tais conceitos terem se infiltrado,
num primeiro momento, pelo individualismo, como um vírus altamente contagioso
que ao encontrar guarida em novos hospedeiros, se alastra como tendência universal.

Assim sendo, não é possível pretender se opor a ele apenas de fora, através
de práticas sindicais e políticas tradicionais. Tornou-se igualmente imperativo
encarar seus efeitos no domínio da ecologia mental, no seio da vida cotidiana
individual, doméstica, conjugal, de vizinhança, de criação e de ética pessoal
.(p.
33)

Não se consegue, pela incapacidade atual, perceber o outro da mesma forma que
o próprio derredor. Parece estar muito longe que se assimile que é preciso de
um meio para poder existir.

Instantemente se pensa na compra de um novo celular, na apreciação do carro
zero, na calça que um determinado ator estava usando, mas não se pensa no que
é necessário para a manutenção vida neste planeta.

Assim pode ser levantada a velha questão:

Quais as condições necessárias para a manutenção da vida?

É inequívoca a percepção de alguns que o ser humano está de se tornar um mutante,
ou seja, um ser dotado da capacidade de raciocinar, mas incapaz pegar algo além
do que se pode apalpar fisicamente.

Assim, deixa-se de viver um sistema ecológico para vivenciar um sistema financeiro.

Outra profunda reflexão deve servir de empresa ao ser humano:

Quem realmente é dono do nosso destino, o meio ambiente, ou o meio financeiro?

Mesmo os que apregoam uma nova tendência não deixa de usar do acaísmo para se
expressar, entretanto, encontramos em Guattari:

No futuro a questão não será apenas a da defesa da natureza, mas a de uma
ofensiva para reparar o pulmão amazônico, para fazer reflorescer o Saara. A
criação de novas espécies vivas, vegetais e animais, está inelutavemente em
nosso horizonte e torna urgente não apenas a adoção de uma ética ecosófica adaptada
a esta situação, ao mesmo tempo terrificamente e fascinante, mas também de uma
política focalizada no destino da humanidade.
(p. 52)

Assim, como não se pode fugir de tal realidade, cabe procurar novos meios para
compreender e possibilitar a continuidade da vida como hoje se conhece, sem,
no entanto, transformar seres humanos vivos em zumbis das necessidades econômicas.

Da mesma forma, não se deve perder de vista o ser dual, assim, responsável uns
pelos outros e perceber a subjetividade como uma meta a ser realcançada.

A subjetividade, através de chaves transversais, se instaura ao mesmo tempo
no mundo do meio ambiente, dos grandes Agenciamentos sociais e institucionais
e, simetricamente, no seio das paisagens e dos fantasmas que habitam as mais
íntimas esferas do indivíduo. A reconquista de um grau de autonomia criativa
num campo particular invoca outras reconquistas em outros campos
.(p. 55)

Parte do texto proveniente de leialivro.sp.gov.br

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