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Assassinato na floresta, de Paulo Rangel

by Lucas Gomes

No livro Assassinato na floresta, escrito por Paulo Rangel, é
contada a história do jornalista Ivo Cotoxó, o qual recebe a missão
de investigar a morte supostamente natural da seringueira Raimunda Maria da
Silva. Esta, mãe de três filhos e fundadora de uma cooperativa,
cuja função era aumentar o aproveitamento e o lucro proporcionado
pela retirada de bens provenientes da natureza, foi encontrada morta no meio
da floresta junto a uma cobra, a sua provável assassina. Após
a investigação liderada por Ivo, são descobertos indícios
de que, algo muito mais complexo que um simples bote natural de cobra envolva
o fato: havia um crime. No desenrolar da trama, outros personagens entram em
cena, desvendando uma história repleta de mistérios, com entidades
internacionais mostrando-se envolvidas no caso.

Quando Mauricio Benjamin deu ao foca Ivo Cotoxó a missão de escrever
sobre a morte de uma cabocla mordida de cobra nos confins da região amazônica,
o repórter teve ímpetos da assassiná-lo. Escrever sobre
a morte de uma personagem anônimo só podia ser mais um dos planos
do invejosos e macabro chefe. Como havia o perigo de perder o emprego se desobedecesse
a essa ordem a essa ordem, Cotoxó foi.

Local da morte de Raimunda: Benjamin Costant, Estado do Amazonas, na divisa
com a Colômbia e o Peru. Roteiro da viagem: São Paulo e Manaus;
de Manaus a Tabatinga; e de Tabatinga a Benjamin Constant, de barco, navegando
pelo Solimões.

Ninguém podia imaginar que a morte de uma modesta cabocla, viúva,
anônima, semi-analfabetismo, que extraia látex no meus da floresta,
levantasse tanta polêmica nos meios nacionais e internacionais. Com seu
trabalho minucioso e persistente, Cotoxó revelou uma trama que ameaçou
governos, perturbou a rotina do Palácio de Buckingham, em Londres, acionou
a Scotland Yard. Além disso, desnudou-se aspectos bem desagradáveis
da realidade brasileira de hoje, mostrando que, se centenas de anônimos
lutando em favor das questões ecológicas, há também
organização de “Fachada” manipuladas por perigosos
bandidos, cujo fim é o enriquecimento ilícito. Depois de desvendar
os assassinos do conto policial, em São Paulo, e do corsário francês
Duclerc, no Rio de Janeiro, Ivo Cotoxó entrará nas florestas dos
seringueiros e dos índios brasileiros.

É um livro que mistura ficção com realidade, pois o grande
pulmão do mundo, com todo o seu verde, sua exuberância, repentinamente
empalidece e definha-se sobre os olhos da ganância humana. Será
verdade? Ou será que não? Como um sistema natural aberto, a Floresta
Amazônica, inquestionavelmente, mantém suas entradas e saídas
livres, e não há uma devida fiscalização, regulamentada
e legalmente jurídica, ao ponto de garantir os recursos naturais, a subsistência,
e a sobrevivência da mesma, visto que os “homens”, já
não tidos como selvagens, a saqueiam e a devastam, comprometendo suas
vítimas indefesas, tidas como frágeis, e incapazes de disputar
com a inteligência civilizada e silenciosamente criminosa.

Dentro desse contexto realístico e altamente vergonhoso para o nosso
país, o autor consegue com astúcia, desenvolver um fabuloso suspense,
onde se vinculam investigações fascinantes e várias tramas
que envolvem um assassinato ainda não elucidado. Paulo Rangel usa recursos
literários, como narradores onicientes, para deixar a trama ainda mais
interessante.

O romance Assassinato na Floresta também permite conhecer
um pouco da cultura e da história da Amazônia e costumes indígenas,
nos mostra também o descaso de autoridades para com a população
necessitada. Outro tema abordado é relacionado à consciência
ecológica, que nos faz refletir a respeito do que estamos fazendo com
nossa natureza.

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