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Camille Pissarro

by Lucas Gomes


Camile
Pissarro nasceu em 10 de julho de 1830 na ilha de St. Thomas, no Caribe. Seu
pai, Abraham Gabriel Pissarro, era um judeu francês de origem portuguesa
que possuía uma loja de ferragens no porto de Charlotte-Amalie. Sua mãe,
Raquel Manzano, era mulata.

Mostrou talento precoce para o desenho, mas não foi encorajado por seus
pais, que haviam planejado para ele a carreira de comerciante. Foi enviado a
Paris em 1841 para continuar sua educação. Morou em uma pensão
em Passy, cujo proprietário, Savary, incentivou seus desenhos e sugeriu
que desenhasse ao ar livre, observando diretamente a natureza – uma prática
quase desconhecida naquela época.

Pissarro foi chamado de volta a St. Thomas com 17 anos, para trabalhar no comércio.
Em 1850, o pintor dinamarquês Fritz Melbye foi enviado para lá,
a negócios, pelo governo. Intrigado com o jovem que aproveitava todas
as oportunidades para fazer esboços e desenhar, logo se tornou amigo
de Pissarro. Melbye encorajou suas inspirações artísticas,
e Pissarro eventualmente decidiu acompanhar seu novo amigo em sua missão
na Venezuela.

Pissarro retornou a St. Thomas em agosto de 1854, mas em menos de um ano partiu
para a França: seu pai havia percebido que o talento do filho não
poderia ser abafado. Uma vez em Paris, freqüentou vários cursos,
possivelmente até alguns na École des Beaux-Arts. Trabalhou seriamente
na pintura acadêmica, mas seus instintos o levaram em direção
à paisagem, à natureza, e à observação direta.

Era um grande admirador de Camille Corot, famoso por suas paisagens sutis e
elegantes, e quando Pissarro apresentou seu trabalho em uma exposição
pela primeira vez, descreveu-se como um “aluno de Corot”.

Um encontro de grande importância na vida de Pissarro e que teve profundo
efeito na direção que a arte do final do séc. XIX tomaria,
aconteceu em 1857. Enquanto freqüentava a Académie Suisse, um ateliê
informal, conheceu Claude Monet, então com 17 anos, que viera de uma
educação similar e combinado com gostos e temperamentos compartilhados,
alimentou uma amizade.

O primeiro quadro de Pissarro apresentado no Salão, Paisagem em Montmorency,
foi exposto em 1859, mas as pinturas que ele submeteu em 1861 e 1863 foram rejeitadas.
Seus trabalhos reaparecem nos Salões de 1865, 1866 e 1868, recebendo
comentários favoráveis da imprensa.

A claridade e a luminosidade que caracterizam os trabalhos impressionistas começou
a aparecer nos quadros de Pissarro. Sua confiança em manipular tintas
aumentou, fazendo com que mudasse do centro de Paris para a região rural
do norte da França, Pontoise, para ficar mais próximo de sua inspiração.
Ele possuía dois filhos com sua amante Julie Vellay, mas o casamento
levaria, ainda, alguns anos.

Em 1869, Pissarro e sua família mudaram-se para Louveciennes, mas em
1870 uma invasão da França pela Alemanha parecia inevitável.
Pissarro fugiu da guerra Franco-Prussiana indo para a Bretanha e depois para
a Inglaterra, onde encontro Monet e sua amizade floresce.

Em 1870, Pissarro e Julie casam-se e voltam para Louveciennes no ano seguinte.
Ali, descobre que todos os seus quadros deixados em seu ateliê – cerca
de 1.500 – haviam desaparecido. Em vez de ficar desanimado, Pissarro viu aquilo
como uma forma de liberação. A perda de seu trabalho deu-lhe a
chance de um novo e vigoroso reinício, apesar de estar com mais de 40
anos.

O artista muda-se com sua família para o bairro Hermitage, em Pontoise,
e volta às paisagens conhecidas que amava – algo que continuaria a fazer
por toda a sua vida. Viajou também para mais longe, Osny e Auvers, onde
encontrou Cézanne. Os dois se encontraram pela primeira vez em 1861 e
agora calorosamente renovaram sua amizade, restando poucas dúvidas de
que um influenciou o trabalho do outro nessa época.

Em 1874, Pissarro era visto como membro mais velho de um grupo de artistas –
Monet, Cézanne, Guillaumin, Renoir e Sisley – que esta insatisfeito com
a rigidez do Salão. Organizaram uma exposição por sua conta,
mas estavam totalmente despreparados. A imprensa e o público derramaram
uma corrente de desprezo e ridícularização. Os quadros
eram considerados ultrajantes, não pelo assunto retratado, mas pela técnica
utilizada. Um quadro de Monet, Impressão: Sol Nascente, provocou
ofensas muito duras, o termo “Impressionismo” foi cunhado em um artigo
ridicularizando seu trabalho, a palavra tornou-se popular rapidamente e foi
adotada pelos artistas.

Outras duas exposições foram realizadas em 1876 e 1877, na galeria
de Durand-Ruel, onde apenas aqueles preparados para aceitar o nome infame de
Impressionismo foram aceitos. Na terceira exposição havia 18 expositores,
dentre ele Sisley, Monet, Degas, Renoir, Berthe Morisot, Cézanne e Pissarro,
onde cada um desses possuía uma vigorosa veia de individualismo, mas
Pissarro destacou-se como seu líder reconhecido.

O trabalho de Pissarro aos poucos ganhava reconhecimento, mas estava longe de
lhe dar segurança financeira. Sete filhos nasceram entre 1863 e 1884,
mas Pissarro mostrava-se consciente de suas responsabilidades como pai. Cartas
desse período revelam a gravidade de seu problemas financeiro e a consciência
deles, entretanto seus trabalhos nunca refletiram tristeza e muito menos desespero.

No início da década de 1880, Durand-Ruel estava enfrentando tempos
difíceis, o que inevitavelmente tinha um efeito ruim sobre os artistas
que patrocinava. Mesmo assim, ele começou a organizar uma série
de exposições individuais; a de Pissarro aconteceu em maio de
1883. Os negócios passaram a melhorar e um rico mercado foi desenvolvido
no exterior, particularmente em Londres e Estados Unidos. Pissarro mudou-se
para Eragny-sur-Epte em 1884, e sua casa permaneceu como um patrimônio
da família até sua morte.

Em 1884, Pissarro foi apresentado a Georges Seurat, que desenvolvia um estilo
de pintura conhecido como Pontilhismo ou Divisionismo. Pissarro convenceu-se
de que essa técnica acrescentaria maior luminosidade à superfície
pintada. Uma mudança radical no estilo de pintura era audacioso para
um artista no final dos 50 anos; suas experiências com o Pontilhismo não
obtiveram aprovação universal, e finalmente ele chegou a conclusão
de que era uma técnica estéril sem a espontaneidade e a proximidade
que ele valorizava na arte.

Na última década do século XIX viu-se uma grande melhoria
na sorte de Pissarro. Seus antigos patrocinadores aliviados por seu abandono
do Neo-impressionismo e da técnica do Pontilhista, renovaram sua fidelidade.
Em 1890 duas paisagens foram vendidas por somas bastante substanciais. Mais
gratificante era o crescente reconhecimento de Pissarro como mestre do Impressionismo.
Em 1890, Theo Van Gogh, irmão de Vincent, organizou uma exposição
individual do trabalho de Pissarro, e Durand-Ruel promoveu exposições
regulares de 1892 a 1901.

Pissarro fez algumas viagens à Inglaterra à Bélgica e à
Holanda durante esses anos e viajou muito pelo norte da França. Desenvolveu
interesse pela água-forte e, na realidade, continuou a trabalhar em gravações
até o dia anterior à sua morte, Em 1895, desenvolveu uma doença
nos olhos, que fez com que sua vista de deteriorasse e forçou a trabalhar
em ambientes fechados. Como conseqüência, muito de seus últimos
quadros, especialmente paisagens urbanas de Rouen e Paris, foram vistos através
de janelas.

Pissarro morreu em novembro de 1903, deixando para trás um grande legado
de quadros, águas-fortes e litogravuras. Ele próprio um grande
pintor, este homem bondoso e gentil teve uma poderosa influência sobre
os outros artistas de sua época. Cézanne o descreveu como “humilde
e colossal” – um epitáfio adequado.

Conheça
as obras do artista

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