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Estados Unidos: 3. O caso Watergate – renúncia de Nixon

by Lucas Gomes


“Nixon diz que não renunciará” e depois “Nixon
renuncia”

O caso Watergate ficou famoso por ter sido o turbilhão de escândalos
políticos que culminaram com primeira renúncia de um presidente
dos EUA: o republicano Richard Nixon. Saiba o que aconteceu e conheça o
dedo-duro mais famoso (e um dos maiores mistérios) da história americana.
Watergate é o nome do hotel em Washington que foi palco do famoso escândalo.

Tudo começou com uma invasão desastrada à sede do Comitê
Nacional do Partido Democrata, nesse famoso hotel em Washington, em 17 de junho
de 1972, em pleno ano eleitoral. O objetivo era grampear os telefones do comitê
dos adversários.

A princípio foi minimizado pela Casa Branca como apenas “um furto
de terceira categoria” e o escândalo demorou a se moldar, assim,
Nixon conquistou seu segundo mandato em 1972 antes de investigadores determinarem
que o incidente se origenara no interior da Casa Branca, obrigando Nixon a renunciar
em 9 de agosto de 1974.


Presidente Richard Nixon

Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal americano Washington
Post
, desempenharam um papel-chave na revelação do escândalo,
auxiliados por informações cruciais de seu misterioso informante,
que se escondia debaixo do codinome Garganta Profunda (“Deep Throat”).

Segundo Woodward, a medida que o caso Watergate se desenrolava, o Garganta
Profunda temia ser descoberto. O informante tinha exigido não conversar
mais por telefone, temendo os grampos, teriam então começado a
se encontrar sempre tarde da noite em uma garagem em Washington. Se o repórter
quisesse se encontrar com o Garganta Profunda, teria que alterar o arranjo de
um vaso de plantas na janela de seu apartamento. Caso o Garganta Profunda quisesse
ver Woodward teria, de alguma forma, que garantir que a cópia do jornal
New York Times que Woodward recebia tivesse uma marca na página 20.

CRONOLOGIA DO ESCÂNDALO

1972 Junho Cinco homens são presos por volta das 2h30 tentando instalar aparelhos
de escuta na sede nacional do Partido Democrata, em Washington. Um dos detidos
afirma que costumava fazer trabalhos para a CIA. No filme Forrest Gump,
O Contador de Histórias
, o detalhe é descrito como se
Gump tivesse ligado para a polícia para informar que havia luzes
naquela sala que estariam atrapalhando seu sono. Isso teria acidentalmente
deflagrado o processo.
Agosto O presidente Richard Nixon, do Partido Republicano,
diz que ninguém da Casa Branca está envolvido.
Novembro Apesar das primeiras denúncias feitas pelo Washington
Post
, Nixon é reeleito. Os invasores do Watergate são
condenados pela Justiça.
1973 Fevereiro Senado inicia investigação sobre o caso.
Abril Três dos principais assessores do presidente Nixon
renunciam em meio a suspeitas de envolvimento no caso. A Casa Branca comunica
que Nixon não sabia da invasão.
1974 Março Sete dos principais assessores de Nixon, incluindo o secretário
de Justiça, John Mitchell, são indiciados por obstrução
da Justiça.
Abril Nixon cede à pressão da opinião
pública e libera transcrições editadas de gravações
de conversas que teve sobre Watergate.
Maio Começa o processo de impeachment de Nixon pelo
Congresso. A Suprema Corte ordena que ele entregue gravações
de conversas em seu gabinete. As fitas, embora parcialmente apagadas, provam
que Nixon planejara a interrupção das investigações
do FBI.
Agosto Nixon entregou as transcrições das gravações
de três conversas. Ele admitiu que tomou conhecimento do acobertamento
pouco depois do arrombamento no complexo de Watergate e que tinha tentado
por fim à investigação do FBI.
9 de Agosto Nixon renuncia. O vice Gerald Ford assume a presidência.
1975 O presidente Ford deu o perdão oficial a Nixon para evitar um julgamento.
Porém os seus principais assessores, Haldeman, Ehrlichman e Mitchell,
foram condenados por participar do escândalo.

No filme de ficção Forrest Gump, O Contador de Histórias,
Gump (Tom Hanks) junto com seus colegas do time de tênis de mesa dos EUA
é recebido por Nixon, na Casa Branca, e é hospedado no Hotel Watergate.
É ele quem liga para o segurança Frank Wills, para que ele verifique
as luzes no apartamento em frente. Frank Wills é o nome do segurança
que realmente surpreendeu os invasores e interpretou ele mesmo o personagem
em “Todos os Homens do Presidente“.

E quem era afinal o Garganta Profunda? Foram vários e intensos os esforços
para tentar matar a charada. Teses e mais teses foram escritas em universidades,
projetos investigativos de longo prazo foram realizados por jornais e revistas.
E nada, não havia sido possível chegar a uma conclusão
e muito menos provar.

Muitos pesquisadores, jornalistas e críticos admitiram que falharam.
Até a Universidade de Illinois, para citar um exemplo, colocou 40 estudantes
e vários professores durante três anos perseguindo as pistas sobre
o informante em “Todos os Homens do Presidente”.

O livro dizia que “Garganta Profunda” era homem, fumava (o que se
mostrou falso), bebia uísque escocês, gostava de política,
já havia conversado com Woodward muitas vezes e havia lhe passado informações
contundentes, entre outros detalhes. Ao final da pesquisa, a força-tarefa
chegou a sete nomes e não era nenhum deles.

Enfim, devido a pressões de sua neta, que achava que deveriam aproveitar
para amealhar algum dinheiro com a história, William Mark Felt, o número
dois do FBI à época, se apresentou como o “Garganta Profunda”
em 2005, aos 91 anos, em artigo publicado na revista Vanity Fair.

A Vanity Fair especulou sobre as possíveis razões para a decisão
de Felt de servir de fonte para os repórteres do Washington Post. Segundo
ela, as relações entre os assessores de Nixon e os agentes do
FBI tinham se deteriorado no começo dos anos 70. Nixon estava possesso
porque alguém no governo tinha vazado detalhes para o jornal The
New York Times
sobre a estratégia da corrida armamentista com os
russos. Nixon queria que o FBI apontasse o culpado e exigia até que os
suspeitos fossem submetidos ao detector de mentiras. Alguns meses depois, Nixon
pressionou o FBI para que falsificassem um laudo pericial. Eles deveriam declarar
como falso um documento que comprometia sua administração.

Felt, protegido do ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover, sentiu-se passado para
trás, diziam alguns dos seus críticos, alguns deles cumpriram
pena por causa dele, quando Nixon nomeou uma pessoa de fora do FBI para liderar
a agência de investigação, após a morte de Hoover,
em maio de 1972. Felt negou a versão de que o descontentamento teria
motivado as denúncias.

W. Mark Felt morreu dia 18 de dezembro de 2008, aos 95 anos, em Santa Rosa,
na Califórnia, após sofrer de uma insuficiência cardíaca
congestiva por vários meses.

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