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Cildo Meireles

by Lucas Gomes

Cildo
Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Iniciou seu aprendizado em 1963,
com o pintor peruano Félise Berranechea, em Brasília. Em 1966
efetuava a sua primeira individual de desenhos, no Museu de Arte Moderna da
Bahia. Em 1969, participou (MAM/RJ) com obras experimentais e ritualísticas.

Durante a exposição do Corpo à Terra, organizada por Frederico
de Morais, em Belo Horizonte, o artista efetuou uma queima de galinhas com realização
estética. Viveu entre 1971 e 1973 em Nova Iorque. Expôs em 1973,
em São Paulo, suas Inserções em Circuitos Ideológicos
e Inserções em Circuitos Antropológicos.

Meireles sabia que em 1975 ninguém rasgaria dinheiro para extinguir a
dúvida da real causa da morte do jornalista Wladimir Herzog. Oficialmente,
ele teria se suicidado na cadeia. Mas é claro que o artista e boa parte
dos brasileiros não acreditaram na história. Essa verdadeira ojeriza
aos meios de circulação oficial, seja de informações
ou de valores, sempre moveu a obra de Meireles. E a sua trajetória também.

Quando foi incluído no Olimpo da arte brasileira, em 1969, recebendo
o primeiro prêmio do Salão da Bússula, no MAM-Rio, mudou-se
para Nova York com o pretexto de iniciar uma carreira internacional. Fez uma
exposição, mas logo depois Meireles fez questão de sumir.
“Não fiz nenhum contato de trabalho lá, estava numa fase
‘rimbaudiana’. Comecei a trabalhar com um jamaicano numa fábrica
de objetos de decoração”, diz.

Seis meses depois, o artista aproveitou a bicicleta com que passeava pela cidade
para mudar de emprego. Virou entregador. “Gostava do que fazia.”
O tempo livre ele preenchia com visitas ao MoMA. “Tinha uma carteirinha
que me permitia entrar de graça no museu e dava 50% de desconto na livraria.”

Voltando ao Rio, em 1973, quis continuar fazendo a mesma coisa. “Mas o
medo de morrer atropelado falou mais alto”, diz Meireles. Voltou aos desenhos
e à pesquisa, acrescentando a uma obra já contundente novas formas
de questionamento político. Em Zero Cruzeiro e Zero Dollar (1977), substituiu
as efígies de heróis nacionais por índios e internos de
instituições psiquiátricas. Os índios foram-lhe
sempre “familiares”. O pai de Meireles era indigenista, razão
pela qual morou no Pará até os 10 anos, antes de se mudar para
Brasília.

Portanto, durante os anos 70 e 80 Cildo Meireles arquitetou uma série
de trabalhos que faziam uma severa crítica à ditadura militar.
Obras como Tiradentes: totem monumento ao preso político ou Introdução
a uma nova crítica
, que consiste em uma tenda sob a qual se encontra
uma cadeira comum forrada com pontas de prego, são alguns trabalhos de
cunho político do artista. Neles a questão política sempre
vem acompanhada da investigação da linguagem. Inserções
em circuito ideológico: Projeto Coca Cola, por exemplo, consistiu em
escrever, sobre uma garrafa de Coca Cola, um dos símbolos mais eminentes
do imperialismo norte-americano, a frase Yankees go home, para, posteriormente,
devolvê-la à circulação. Além da questão
política o projeto faz referência a toda problematização
desenvolvida pelos movimentos de vanguarda e por Marcel Duchamp no início
do século; uma espécie de ready made às avessas.

Cildo Meireles é um experimentalista e o seu dinamismo se passa no plano
da criação verbal cotidiana.

Conheça
as obras do artista

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