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Estilos Literários: 01. Quadro-Resumo da Literatura Brasileira

by Lucas Gomes

A palavra Literatura vem do latim litterae que significa letras, e possivelmente uma tradução do grego grammatikee.

A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. (COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10)

LITERATURA BRASILEIRA – Quadro Cronológico

ESTILO LITERÁRIO / DESTAQUES CARACTERÍSTICAS GERAIS
ERA COLONIAL QUINHENTISMO

Início: A Carta de Caminha

Contexto histórico:

Literatura documental, histórica, de caráter informativo.
A Carta de Caminha é o primeiro documento literário brasileiro. Carta descritiva com espírito ufanista e nativista. Foi parodiada de forma satírica por Oswald de Andrade, poeta modernista.
O Quinhentismo serviu de inspiração literária para alguns poetas e escritores do Romantismo e do Modernismo.
No Romantismo: Gonçalves Dias, José de Alencar.
No Modernismo: Oswald de Andrade.

Destacaram-se:
Pero Vaz de Caminha A Carta de Caminha
Pe. José de Anchieta – escreveu textos religiosos, um teatro religioso. Tinha devoção ao culto mariano. Recebeu influência da tradição medieval. Obs.: Não recebeu influência da poesia lírica de Camões (soneto).
Pe. Manuel da Nóbrega

BARROCO

Início: Prosopopeia – poema épico de Bento Teixeira

Contexto histórico:

Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade do tempo e incerteza da vida.
Características: rebuscamento, virtuosismo, ornamentação exagerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de metáforas e associações.
Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas, hipérboles e antíteses. Obsessão pela linguagem culta, jogo de palavras.
Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e essência íntima.

Destacaram-se:
Gregório de Matos – apelidado de “A Boca do Inferno”. Oscilou entre o sagrado e o profano. Poeta lírico, satírico, reflexivo, filosófico, sacro, encomiástico, obsceno. Não foi poeta épico.
– Bento Teixeira
Pe. Antonio Vieira – Expoente máximo da Literatura Brasileira e da Literatura Portuguesa, pois durante sua estada em Portugal aderiu a temas nacionais portugueses e durante a sua permanência no Brasil, aderiu a temas nacionais brasileiros. Era prosador e não poeta, e conceptista, pois atacou o cultismo. Escreveu sermões, entre eles o Sermão da Sexagésima.

ARCADISMO

Início: Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, obra inicial do Arcadismo brasileiro.

Contexto histórico:

Pastoralismo, bucolismo. Ideal de vida simples, junto à natureza (locus amoenus).
Fugere urbem (“evitar a cidade”, “fugir da civilização”). busca do equilíbrio e da naturalidade, no contato com a natureza.
Carpe diem (“aproveite o dia”). Consciência da fugacidade do tempo.
Simplicidade, clareza e equilíbrio. Emprego moderado de figuras de linguagem.
Natureza racional (é vista como um cenário, como uma fotografia, como um pano de fundo.
Pseudônimos.
Fingimento / Artificialismo

Destacaram-se:
Tomás Antonio Gonzaga – poeta maior do Arcadismo brasileiro com suas liras Marília de Dirceu. Pseudônimo como poeta lírico: Dirceu; pseudônimo como poeta satírico: Critilo (Cartas Chilenas). Autores épicos do Arcadismo brasileiro:
Cláudio Manuel da Costa – Poeta lírico e épico. Seu pseudônimo é Glaudeste Satúrnio. Seus sonetos são de imitação Camoniana. Obra: Vila Rica.
Basílio da Gama – Obra: O Uraguai.
Santa Rita Durão – Obra: Caramuru. Obs.: O índio antes de José de Alencar aparece nos poemas épicos O Uraguai e Caramuru. Portanto, o Arcadismo preparou o Romantismo.

ERA NACIONAL ROMANTISMO

Início: publicação de Suspiros Poéticos, de Gonçalves de Magalhães

Contexto histórico:

Predomínio da emoção, do sentimento (subjetivismo); evasão ou escapismo (fuga à realidade). Nacionalismo, religiosidade, ilogismo, idealização da mulher, amor platônico. Liberdade de criação e despreocupação com a forma; predomínio da metáfora.

1ª geração romântica: 1840/50 – indianista ou nacionalista. A temática era o índio, a pátria.
Destacou-se:
Gonçalves Dias – Obras: Canção do Exílio e I Juca Pirama.

2ª geração romântica: 1850/60 – byroniana, mal-do-século, individualista ou ultra-romântica. A temática era a morte.
Destacou-se:
Álvares de Azevedo – poeta da dúvida, tinha obsessão pela morte. Recebeu influência de Byron e Shakespeare. Oscila entre a realidade e a fantasia. Obra: Livro de contos Noite na taverna.

3ª geração romântica: 1860/70 – condoreira, social ou hugoana. A temática é a abolição e a república.
Destacaram-se:
Poesia:
Castro Alves – poeta representante da burguesia liberal. Obras: Espumas Flutuantes, O Navio Negreiro, Vozes d’África.
Prosa:
José de Alencar (representante maior) – defensor do “falar brasileiro” / dá forma ao herói / amalgamando a sua vida à natureza.
Joaquim Manuel de Macedo – Obra: A Moreninha.
Bernardo Guimarães – Obra: A escrava Isaura.
Manuel Antônio de Almeida – Obra: Memórias de um sargento de milícias.

Modalidades do Romantismo: Romance de folhetim – Teixeira e Sousa, O filho do pescador.
Romance urbano – Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha.
Romance regionalista: Bernardo Guimarães, O ermitão de Muquém.
Romance indianista e históricoJosé de Alencar, O Guarani.

Obs.: O Romantismo está para o Modernismo.

REALISMO / NATURALISMO

REALISMO

Início: Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicado em 1881.

NATURALISMO

Início: O Mulato, de Aluísio Azevedo

Contexto histórico:

REALISMO
Literatura de combate social, crítica à burguesia, ao adultério e ao clero.
Análise psicológica dos personagens.
Objetividade, temas contemporâneos.
Destacou-se:
Machado de Assis – trilogia: Memórias Póstumas de Brás Cubas (narrado em 1ª pessoa); Quincas Borba (“ao vencedor as batatas”); Dom Casmurro (narrado em 1ª pessoa – enigma de traição)

NATURALISMO
Desdobramento do Realismo.
Escritores naturalistas retratam pessoas marginalizadas pela sociedade.
O Naturalismo é fruto da experiência.
Análise biológica e patológica das personagens.
Determinismo acentuado.
As personagens são compradas aos animais (zoomorfismo).

Destacaram-se:
Aluísio Azevedo – Obras: O Mulato; O Cortiço (romance social, personagem principal do romance é o próprio cortiço).
Raul Pompeia – Obra: O Ateneu.

PARNASIANISMO

Início: Fanfarras, de Teófilo Dias

Contexto histórico:

  • Contemporâneo do Realismo – Naturalismo
Estilo especificamente poético, desenvolveu-se junto com o Realismo – Naturalismo.
A maior preocupação dos poetas parnasianos é com o fazer poético.
Arte pela arte.
Poesia descritiva sem conteúdo; vocabulário nobre; objetividade.
Os poetas parnasianos são considerados “os mestres do passado”. Por suas manias de precisão foram criticados severamente pelos poetas do 1º Tempo Modernista.

Destacou-se:
Olavo Bilac (poeta representante) – Profissão de Fé.

SIMBOLISMO

Início: Missal e Broquéis, de Cruz e Souza

Contexto histórico:

Origem: a poesia de Baudelaire.
Características: desmistificação da poesia, sinestesia, musicalidade, preferência pela cor branca, sensualismo, dor e revolta.

Destacou-se:
Cruz e Souza (poeta representante) – Obra: Missal e Broquéis.

PRÉ-MODERNISMO

Início: Os Sertões, Euclides da Cunha; Canaã, Graça Aranha

Contexto histórico:

Convivem juntas duas tendências:

1. Conservadora: sobrevivência da mentalidade positivista, agnóstica e liberal.

Destacou-se:
Euclides da Cunha – Obra: Os Sertões (miséria e subdesenvolvimento nordestino).

2. Renovadora: incorporação de aspectos da realidade brasileira.

Destacaram-se:
Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma (a vida urbana e as transformações de início de século).
Monteiro Lobato – livro de contos Urupês (a miséria do caboclo, a decadência da cultura cafeeira). Obs.: Foi Monteiro Lobato quem criticou a exposição da pintora Anita Malfatti, chamando-a de “Paranóia ou Mistificação”.
– Graça Aranha, Canaã (imigração além do Espírito Santo).

Poeta representante: Augusto dos Anjos – Obra: Eu e outras poesias.

MODERNISMO
PRIMEIRA FASE

Início: Semana de Arte Moderna

Contexto histórico:

Poesia nacionalista.
Espírito irreverente, polêmico e destruidor, movimento contra.
Anarquismo, luta contra o tradicionalismo; paródia, humor.
Liberdade de estética. Verso livre sem uso da métrica. Linguagem coloquial.

Destacaram-se:
Mário de Andrade – Obra: Pauliceia desvairada (Prefácio Interessantíssimo)
Oswald de Andrade – Obra: Manifesto antropofágico / Pau-Brasil
Manuel Bandeira – Obra: Libertinagem

MODERNISMO
SEGUNDA FASE

Contexto histórico:

Destaca-se a prosa regionalista nordestina (prosa neo-realista e neo-naturalista).

Representantes:
Graciliano Ramos – representante maior, criador do romance psicológico nordestino – Obras: Vidas Secas; São Bernardo.
Jorge Amado – Obras: Mar Morto; Capitães da Areia.
José Lins do Rego – Obras: Menino de Engenho; Fogo Morto.
Rachel de Queiroz – Obra: O Quinze.
José Américo de Almeida – Obra: A Bagaceira

Poesia 30/45 – ruma para o universal.
Carlos Drummond de Andrade faz poesia de tensão ideológica.

Fase de Drummond:
– Eu maior que o mundo – poema, humor, piada.
– Eu menor que o mundo – poesia de ação.
– Eu igual ao mundo – poesia metafísica.

Poetas espiritualistas:
Cecília Meireles – herdeira do Simbolismo.
Jorge de Lima Invenção de Orpheu.
Vinícius de Moraes Soneto da Fidelidade.

MODERNISMO
TERCEIRA FASE

Contexto histórico:

Continua predominando a prosa.

Representantes:
Guimarães Rosa – Neologismo – Obra: Sagarana.
Clarice Lispector – Introspectiva – Obra: Laços de Família, onde a autora procura retratar o cotidiano monótono e sufocante da família burguesa brasileira.
Obs.: Os escritores acima procuram universalizar o romance nacional. São considerados pela crítica literária, escritores instrumentalistas.

Poesia concreta:
João Cabral de Melo Neto – poeta de poucas palavras. Obra de maior relevância literária: Morte e Vida Severina. Tem intertextualidade com o teatro Vicentino.

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