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Cuba: 1. A Revolução Cubana

by Lucas Gomes


Che Guevara ao lado de Fidel Castro durante a Revolução Cubana

A Revolução Cubana foi a primeira revolução socialista
vitoriosa na América. Alterou os rumos da Guerra Fria no que se refere
à América Latina. O surgimento das ditaduras militares em quase
todo o bloco latino-americano deveu-se à “ameaça de comunização”,
cujo centro de irradiação seria Cuba.

Fidel
Castro
tomou o poder em Cuba em 1959 depois de ter liderado, nas montanhas
de Sierra Maestra, uma guerrilha que, em seus momentos mais críticos,
teve apenas 20 homens. Ele teve como aliados guerrilheiros que se tornariam
mitos da esquerda do século 20, como Camilo Cienfuegos e Ernesto
Che Guevara
, além de seu irmão Raúl Castro.


Ex-ditador Fulgencio Batista

Com menor poder de fogo que o Exército do ditador Fulgencio Batista,
Fidel apostou no conceito de “guerra irregular”, usando o que ele
chama de “os ardis do segredo e da surpresa” contra o inimigo. Segundo
Fidel, o romance Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway, sobre
a Guerra Civil Espanhola, o teria inspirado a criar e aplicar suas táticas
guerrilheiras.

Desenvolvemos uma guerra de movimento, como já disse, de atacar
e retirar-se. Surpreendê-los. Atacar e atacar. Desenvolvemos a arte de
confundir as forças adversárias, para obrigá-las a fazer
o que queríamos. E muita arma psicológica
“, disse Fidel
sobre a guerrilha.

O começo

Os primórdios da campanha de Sierra Maestra localizaram-se em 1953.
Em 26 de julho daquele ano, Fidel, que já tinha militância política,
liderou um grupo de jovens revolucionários em uma tentativa de levante
contra o general Batista, que havia subido ao poder um ano antes com um golpe
de Estado e contava com a simpatia dos Estados Unidos.


Fidel Castro em Sierra Maestra

Mas o ataque revolucionário aos quartéis de Moncada,
na cidade de Santiago de Cuba, fracassou. Preso, Fidel foi julgado e condenado
a 15 anos de prisão. Em 1955, foi anistiado por Batista e, clandestinamente,
montou o Movimento 26 de Julho. Em 7 de julho, ele partiu em exílio para
o México, onde conheceu o argentino Che Guevara e organizou o embrião
da guerrilha.

Em 2 de dezembro de 1956, depois de uma viagem de sete dias, ele e 82 homens
voltaram a Cuba no barco “Granma”, dispostos a tomar o poder. “Granma”
acabou virando o nome do principal jornal oficial do novo regime.

Eles desembarcaram na costa leste do país, próximo à cidade
de Manzanillo. Três dias depois, foram surpreendidos por um ataque aéreo
e de infantaria em Alegría de Pío e sofreram diversas baixas.
Após a derrota, dispersos, Fidel, Raúl, Che e alguns outros fugiram
para Sierra Maestra, maior cadeia de montanhas da ilha e lugar de difícil
acesso. Lá, com apenas dois fuzis, instalaram-se e começaram a
reorganizar a guerrilha com a ajuda de camponeses e de revolucionários
que já atuavam na ilha.

Primeiros combates


Herbert Matthews entrevistando Fidel Castro

O primeiro combate depois da chegada à serra ocorreu em 17 de janeiro
de 1957, contra uma patrulha mista, e acabou com a tomada da Comandancia de
La Plata, que foi transformada em base pelos rebeldes. Pequena, a vitória
foi considerada “simbólica” pelo próprio Fidel.

Em fevereiro, os revolucionários receberam na serra o jornalista Herbert
Matthews, do “New York Times”, que tinha o crédito de ter “apresentado”
o personagem Fidel aos Estados Unidos e ao mundo. Sofreram mais ataques. Fidel
dividiu a guerrilha em colunas lideradas por Cienfuegos, Che e Raúl.

Paralelamente à guerrilha, grupos civis fizeram ações
de insubordinação contra Batista nas principais cidades cubanas.
Enfranquecida pelas denúncias de corrupção, a ditadura
perdia apoio. Em 13 de março de 1957, uma tentativa de matar Batista
fracassou em Havana.

A guerrilha promoveu uma série de atentados e sabotagens e, em maio
de 1957, capturou o quartel de El Uvero, na batalha considerada por Fidel como
“a maioridade” militar de seus homens. No fim do ano, o Exército
tentou tomar Sierra Maestra, mas não conseguiu.

Em abril de 1958, foi convocada uma greve geral contra Batista. Mas, sem o
apoio da guerrilha, a iniciativa fracassou. Fidel declarou “guerra total”
a Batista, e as colunas rebeldes avançaram em todas as direções
no território cubano.

Batista lançou uma ofensiva de 10 mil homens contra La Plata, e foi
derrotado após 74 dias de batalhas como as de Jigüe, Santo Domingo
e Las Mercedes, lideradas pelo próprio Fidel. A derrota do Exército
mudou o curso da guerra. As colunas de Che e Cienfuegos tomaram as províncias
centrais da ilha.

Caminho aberto


Comandancia La Plata, entre entre 23 de outubro e 2 de dezembro
de 1958

A batalha de Guisa, em novembro de 1958, marcou o início da última
ofensiva revolucionária e abriu caminho para Santiago. A essa altura,
os revolucionários eram cerca de 3.000 homens armados, número
que subiu a 40 mil até a tomada de Havana.

As colunas fecharam o cerco sobre Santiago de Cuba. Em 1º de janeiro de
1959, Fulgencio Batista deixou Cuba rumo à República Dominicana.
Depois, partiu para o exíilio na Espanha, então sob domínio
do ditador Francisco Franco.

Uma semana depois, Fidel entrou triunfalmente em Havana e assumiu o cargo de
primeiro-ministro do Governo Revolucionário. A guerrilha de Sierra Maestra
havia vencido.

Furacão destrói local onde havia a base dos guerrilheiros
em Sierra Maestra

Em julho de 2005, o furacão Dennis atingiu as montanhas de Sierra Maestra
e destruiu a simbólica “Comandancia de La Plata”, lugar a partir
do qual Fidel Castro dirigiu a luta guerrilheira.

La Plata, quartel-general dos rebeldes, foi erguida em 1958 num lugar de difícil
acesso das montanhas e chegou a ter 18 instalações rústicas,
15 das quais foram destruídas pelo furacão. As edificações,
de paredes de madeira e tetos de folhas de palmeira, estavam em processo de
restauração.

A partir dali, Fidel dirigiu os últimos meses da luta guerrilheira contra
Batista. No lugar, foi erguido um hospital de campanha, uma fábrica de
minas, uma oficina de conserto de armas e a emissora Rádio Rebelde.

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