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Dez cordéis num cordel só, de Antônio Francisco Teixeira de Melo

by Lucas Gomes

A obra Dez cordéis num cordel só, de Antônio Francisco Teixeira de Melo, traz um comentário
diferente para cada um dos dez poemas que formam o livro. O próprio título, harmoniosamente vazado nas
sílabas de uma redondilha maior, é exemplo de sua habilidade com as palavras.

O autor retrata neste seu Dez cordéis num cordel só inúmeras situações e imagens da vida
cotidiana do homem nordestino, sempre costurando ao longo dos seus enredos um fundo de reflexão social e
espiritual. No poema “Os Sete Constituintes”, por exemplo, ele consegue descrever com singular beleza o
diálogo de sete animais sob a copa de um juazeiro: um porco, um cachorro, uma cobra, um burro, um rato,
um morcego e uma vaca discutem providências e trocam testemunhos acerca do comportamento dos seres
humanos neste mundo.

Perguntado sobre qual a relação entre o poeta e os versos que escreve, Antônio Francisco nos fala com
sentimento e simplicidade sobre seu ofício poético: Minha poesia, apesar de algumas metáforas ou
parábolas, procura se expressar na linguagem do homem comum, na fala simples do cotidiano nordestino.
Nosso meio social, com seus encantos e desencantos, é fonte de minha inspiração, é de onde recolho a
matéria-prima dos cordéis que formam este meu primeiro livro. Acho que nos meus versos está o retrato do
meu espírito. São a nota fiscal de minha personalidade, a minha visão sobre as coisas da vida, entende?

A poesia de Antônio Francisco tem o incrível poder de encantar e fascinar a todos que dela tomam
conhecimento. Encanta na medida que nos transporta para o mundo imaginário que o autor cria para situar
a sua história; fascina pela beleza de suas personagens, pela leveza dos seus versos e por sua imaginação
fértil.

Trechos de alguns poemas

O GUARDA-CHUVA DE PRATA

Quem deu força à correnteza,
Botou o verde na mata,
Dê força à minha garganta
Como deu voz à cascata
Pra eu contar a história
Do guarda-chuva de prata.
(…)

AS SEIS MOEDAS DE OURO

Seu Zequinha era um galego
Do rosto da cor de brasa,
Morava longe da gente,
No Sítio Cacimba Rasa,
Mas, foi não foi, Seu Zequinha
Passava o dia lá em casa.
(…)

A OITAVA MARAVILHA

Como na antiga Grécia,
O Nordeste também tinha
Os seus deuses mitológicos –
Deus da chuva, deus da vinha,
Do verão, da primavera,
Mas, o mais famoso era
Cafuné – deus da morrinha.
(…)

A ARCA DE NOÉ

Todo mundo ouviu falar
No dilúvio universal
Da arca que Noé fez
E colocou um casal
De todo bicho que tinha
Dentro do reino animal.
(…)

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