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Dislexia

by Lucas Gomes

Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 5% e 17% da população mundial é disléxica.

Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

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Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.

Causa Apesar de ainda não haver total consenso entre os cientistas a respeito das causas da dislexia, as pesquisas mais recentes apontam para uma associação de problemas genéticos como fator para o aparecimento do distúrbio. Os disléxicos teriam sofrido modificações em alguns de seus cromossomos, a estrutura da célula que carrega a informação genética de cada pessoa. Alguns genes atuariam de forma conjunta e determinariam a pouca capacidade de leitura e escrita.

Prevenção Não existe uma forma de prevenção, mas a leitura correta por parte dos pais, o incentivo da leitura e do gosto pela leitura, demonstrar a importância da leitura e da escrita no universo infantil é fundamental. Os pais precisam estar sempre atentos porque não há como você prevenir em si, mas há como você estimular para que as crianças possam perceber que elas estão associando as palavras de uma maneira inadequada. E para que elas possam perceber que existem outras formas de fazer uma leitura ou uma escrita onde elas estejam mais seguras e preparadas, percebendo que há uma facilidade de troca e que elas mesmas consigam fazer a correção.

Sinais de Alerta

Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada, mas se não houver passado pelo processo de alfabetização, o diagnóstico será apenas de uma “criança de risco”.

Haverá sempre:

  • dificuldades com a linguagem e escrita;
  • dificuldades em escrever;
  • dificuldades com a ortografia;
  • lentidão na aprendizagem da leitura;

Haverá muitas vezes:

  • disgrafia (letra feia);
  • discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;
  • dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização;
  • dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas;
  • dificuldades para compreender textos escritos;
  • dificuldades em aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes:

  • dificuldades com a linguagem falada;
  • dificuldade com a percepção espacial;
  • confusão entre direita e esquerda.

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não para por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.

Então, como diagnosticar a dislexia?

Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.

Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicólogos, Fonoaudiólogos e Psicopedagogos deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.

A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia).

Neste processo ainda é muito importante:

Tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.

Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.

Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.

Classificação

Em 1971, Elena Boorder e Miklebust, classificaram vários grupos:

Dislexia Disfonética

Dificuldade auditiva, dificuldade de análise e síntese, dificuldade de discriminação, dificuldades temporais (em perceber sucessão e duração). Sintomas mais comuns: trocas de fonemas e grafemas diferentes; dificuldades com logatomas; alterações grosseiras na ordem das letras e sílabas; omissões e acréscimos; maior dificuldade com a escrita do que com a leitura; substituições de palavras por sinônimos, ou trocas de palavras por outras visualmente semelhantes (reconhece-as globalmente).

Dislexia Diseidética

Dificuldades visuais, na percepção guestáltica, na análise e síntese e dificuldades espaciais (percepção das direções, localizações, relações e distâncias). Sintomas mais comuns: leitura silabada, sem conseguir a síntese; aglutinação – fragmentação; troca por equivalentes fonéticos; maior dificuldade para a leitura do que para a escrita.

Dislexia Visual

Eeficiência na percepção visual. Sintomas: dificuldade na percepção viso-motora; dificuldade na habilidade visual (não visualiza cognitivamente o fonema).

Dislexia Auditiva

Deficiência na percepção auditiva. Sintomas: deficiente memória auditiva; deficiente discriminação auditiva (não audibiliza cognitivamente o fonema).

Adultos

Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades:

  • Continuada dificuldade na leitura e escrita;
  • Memória imediata prejudicada;
  • Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
  • Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
  • Dificuldade com direita e esquerda;
  • Dificuldade em organização;
  • Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência: depressão, ansiedade, baixa auto estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.

Disléxicos famosos

Fontes

Artigo Dislexia, de Maria Angela Nogueira Nico, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica; Diretora e Coordenadora Técnica e Científica da ABD
Disponível em http://www.dislexia.org.br/material/artigos/artigo003.html. visitado em 2/2/2011.

Wikipedia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia

Secretaria de Saúde do Estado de Goiás – http://www.saude.go.gov.br/index.php?codLetra=4022&id=83746 )

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