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Maconha

by Lucas Gomes

Maconha é o nome dado a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa, conhecida há séculos e que cresce naturalmente em várias partes do globo podendo ser facilmente cultivada e encontrada em todos os continentes.

Seu plantio foi incentivado durante muitos séculos devido à utilização de seus talos para a fabricação de cordas, fibras têxteis, palitos e até papel. Todavia, é das folhas, bem como de seus topos floridos, que se extrai a substância ativa THC Delta-9-Tetrahidrocanabinol.

Os produtos da Cannabis sativa podem ser consumidos por via pulmonar (fumada) ou por via oral (comidos), como ocorre nas populações indígenas.

Originária da Ásia Central, seus primeiros registros históricos são de mais de 200 anos a.C. na China, no Egito e na Índia. No segundo milênio a.C. era empregada com fins terapêuticos na China e descrita pelo imperador Shen Nung como analgésico. Seu emprego medicinal corresponde a uma longa tradição entre povos africanos e asiáticos, mas também já era utilizada como desinibidora: os gregos a usavam para liberar do corpo gases intestinais e para dor de ouvido; e os indianos, há 1000 anos a.C. a utilizavam para “libertar a mente de coisas mundanas”. Seu consumo é tradição secular em alguns países, principalmente naqueles onde o consumo de álcool é proibido.

Parece ter sido introduzida nas Américas pelos espanhóis, que fizeram as primeiras plantações no Chile, no século XVI. O hábito de fumar ou ingerir folhas e sementes da Cannabis é antigo, vinculado a práticas religiosas de muitos povos. Na segunda metade do século XIX, escritores e intelectuais franceses fornecem as primeiras descrições do uso recreativo desta preparação no Ocidente. Há séculos ele fazia parte do arsenal de medicina popular em vários países e, ao final do século XIX, fez parte de vários medicamentos produzidos por respeitáveis laboratórios farmacêuticos dos Estados Unidos. Era indicada como analgésico, antiespasmódico e dilatador dos brônquios.

O interesse médico pela Cannabis diminui no início do século XX em detrimento da morfina e dos barbitúricos, que ofereciam melhores resultados. Hoje em dia, seu emprego terapêutico é quase nenhum, mas atualmente, em função de pesquisas recentes, é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anti-câncer, e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia. Em algumas partes da Ásia, os médicos ainda a utilizam no tratamento de algumas afecções.

Considerada como “droga da moda” nos anos 60, no auge da contestação hippie (junto com o LSD-25), a maconha continua a ser muito fumada até hoje, em particular nas faixas jovens, mas perdeu o seu destaque em favor dos inalantes, nas classes desfavorecidas, e da cocaína, nas classes média e alta.

Na Jamaica seu uso é popular. Conhecida como “ganja”, é facilmente cultivada e produzida, embora o seu consumo seja considerado ilegal. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos, especialmente o de afastar os maus espíritos. O operário jamaicano encontra na ganja energia para trabalhar e relaxamento após o trabalho; oferece a droga, mesmo aos filhos, para que fiquem “mais inteligentes”.

Nessa população, fumar a ganja é um rito e não um fator de alienação ou desintegração social: seu uso constitui um complexo de crenças, atitudes e costumes compartilhados por toda a comunidade. Porém, há diferença entre as classes sociais. Na população de baixa renda, a criança aprende a usar a erva muito cedo, sendo possível que se coloque chá de “ganja” até nas mamadeiras. Nas classes média e alta, no entanto, a droga é condenada, mas os adolescentes a fumam, expressando, assim, a sua oposição à geração adulta. Ela se tornou, portanto, um símbolo de curiosidade, prazer ou mesmo revolta.

O haxixe é uma substância mais ativa, extraída da própria maconha. Enquanto a maconha contém 1% de THC, o haxixe contem até 14%. Pouco comum entre nós, é habitualmente reduzido a pó e misturado ao tabaco normal para ser fumado em cachimbo. É, em sua maior parte, produzido no norte da África, Paquistão, Nepal, Líbano e Turquia, sendo contrabandeado para os Estados Unidos e Europa, onde seu preço é elevado.

A faixa da população que usa o haxixe é a mesma que usa a maconha, mas observa-se que a maconha é mais comum entre aqueles que estão iniciando-se no hábito ou que o fazem esporadicamente. O haxixe é mais encontrado entre aqueles já iniciados e fumantes contumazes, que necessitam doses mais potentes da droga. É moldado em pequenas barras ou bolos de cor marrom escura e seu óleo é bem mais potente.

Diz-se que a palavra assassino parece originar-se do árabe “hashishin”, designação dada a uma tribo do norte da Pérsia, na Idade Média, por volta do século XI, povoada por homens guerreiros altamente perigosos e temidos por sua grande crueldade. Sabia-se que seus homens eram “motivados” pelo consumo de certa substância despersonalizante, que os impelia ao barbarismo e delitos sádicos dos mais horrendos crimes.

No Brasil atribui-se a origem da maconha aos escravos africanos trazidos para cá, sendo inicialmente utilizada por índios e negros – o que talvez justifique a associação de seu nome à marginalidade, mostrando que as origens dessa crença são mais culturais do que farmacológicas, já que a maconha é a droga ilícita de uso mais freqüente e alvo de muitas controvérsias, pois enquanto uns condenam seu uso, alegando que é uma porta de entrada à delinqüência, outros a inocentam.

Muito consumida pela população negra, o seu uso foi muito difundido principalmente em Estados do Nordeste, como Bahia e Maranhão, onde até hoje existe um uso recreativo a nível popular.

Do ponto de vista médico não há unanimidade, mas a maioria dos trabalhos leva a concluir que a maconha é uma droga que não causa dependência física e cujos malefícios não seriam maiores do que aqueles provocados pelo álcool e pelo tabaco.

Efeitos físicos e psíquicos

Podem ser físicos (ação sobre o próprio corpo ou parte dele) e psíquicos (ação sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que se considera. Ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando ocorrem apenas algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após o uso continuado por semanas, meses ou mesmo anos).

Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados, a boca fica seca e o coração dispara (de 60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-140 ou até mais).

Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, de diminuição da fadiga e vontade de rir. Para outras pessoas, os efeitos são mais desagradáveis: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabeça, trêmulas e suando. É o que, comumente, chamam de “má viagem”. Há ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa calcular tempo e espaço, e um prejuízo da memória e atenção.

Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações. O delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve. Neste caso, há mania de perseguição (delírios persecutórios). A mania de perseguição pode levar ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas (“fugir pela janela”, agredir as pessoas em “defesa” antecipada contra agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação, que é uma percepção sem objeto, pode ter fundo agradável ou terrificante.

Os efeitos físicos crônicos da maconha são maiores. Com o continuar do uso, vários órgãos do corpo são afetados. Os pulmões são um exemplo disso, levando a problemas respiratórios (bronquites), como ocorre também com o cigarro comum. Porém, a maconha contém alto teor de alcatrão (maior que no cigarro comum) e nele existe uma substância chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno. Ainda não está provado cientificamente que a pessoa que fuma maconha cronicamente está sujeita a contrair câncer dos pulmões com maior facilidade. Mas, os indícios de que assim possa ser são cada vez mais fortes.

Outro efeito físico indesejável do uso crônico da maconha refere-se à testosterona, ou hormônio masculino. Já existem muitas provas de que a maconha diminui em até 50-60% a quantidade de testosterona. Em conseqüência, o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozóides no líquido espermático, o que leva a uma infertilidade. Este efeito desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta. É também importante dizer que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual, ele fica somente estéril.

Há ainda os efeitos psíquicos crônicos da maconha. Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere na capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir um estado de amotivação. Além disso, a maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependência, isto é, elas passam a organizar sua vida de maneira a facilitar o uso da maconha, sendo que tudo o mais perde o seu valor.

Nomes mais conhecidos: maconha, haxixe, cânhamo, bangh, ganja, diamba, marijuana, marihuana.

Nomes populares: baseado, erva, tora, beise, fumo, bagulho, fininho.

Resumindo

– Sistema Respiratório: Prejudica os pulmões diminuindo sua capacidade imunológica, tendo o viciado facilidade em adquirir doenças pulmonares.

Substâncias existentes na fumaça da maconha são irritantes para a mucosa pulmonar; geralmente o dependente tem problemas de sinusite, laringite, inflamações nos brônquios e traquéia, causando dor de garganta e tosse crônica.

– Pressão Cardíaca: Aumenta o trabalho do coração. As mudanças ocorridas nesse órgão e o aumento da pressão arterial durante o efeito da droga assemelha-se ao quadro cardiovascular de uma pessoa com STRESS. O coração necessita de oxigênio, mas os pulmões cheios de fumaça de maconha aumenta o teor de monóxido de carbono no sangue, reduzindo a quantidade de oxigênio que chega ao coração, através da corrente sanguínea.

– Sistema Nervoso: O uso contínuo da maconha causam transformações na química do cérebro. Essa droga inibe os neuro-transmissores de acetilcolina, mensageiros químicos que transmitem informações de uma célula nervosa para outra.

Enfraquece sua coordenação motora, perturba o senso de espaço e tempo, e retardamento do arco-reflexo.

Além disso provoca ansiedade, confusões mentais e pode levar a psicoses incuráveis.

A maconha sendo uma droga desmotivante, diminui acentuadamente a vontade de estudar, trabalhar, relacionamento familiar, capacidade de memorização, bem como desinteresse por tudo que o rodeia.

– Problemas Visuais: Causa embaralhamento, percepção visual irregular.

Devido aos efeitos adversos do THC (tetrahidrocanabinol) nas várias funções do cérebro, geralmente os olhos ficam avermelhados e sensíveis à luz solar.

– Aparelho Reprodutor: O uso da maconha afeta a produção de espermatozóides e óvulos (células reprodutivas). Análises feitas com espermas de homens dependentes revelam menor número de espermatozóides e maior número de defeitos genéticos.

Na mulher perturba o ciclo menstrual e altera o metabolismo da ovulação, resultando períodos imprevisíveis de infertilidade.

Filhos de dependentes podem nascer com defeitos congênitos, pois alteram a forma de seus cromossomos.

– Efeitos Psicológicos: Esses efeitos nunca foram realmente explicados. Numa entrevista do Gabeira, na Playboy, ele explica um pouco o que ocorre no pensamento de quem fuma.

1. O THC começa a fazer efeito cerca de 3 minutos após fumada a erva.

2. Primeiro se sente um alívio de tensões, uma sensação boa de relaxamento, alegria e paz.

3. O pensamento vem devagar, sem stress e você pensa em cada coisa de uma vez. Imagine que você consegue ver cada coisa de diferentes pontos de vista, respeitando as diferentes opiniões. É muito importante também estar com as pessoas certas na hora, trocar idéias boas. Essa fase depende muito de cada pessoa, algumas mais introspectivas ficam na delas, só observando o que se passa mas com o pensamento a mil por hora, outras falam exatamente o que estão pensando (podem ficar até chatas), como um “soro da verdade”.

4. Você pensa muito sobre os seus problemas, incrivelmente você parece identificar a origem deles e descobre como resolvê-los. Pensa muito sobre seu passado, as memórias da infância chegando diferente, como se você fosse o seu próprio psiquiatra. Você dá conselhos para si próprio.

Fontes: imesc.sp.gv

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