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Estudo diz: aquecimento pode causar extinção em massa

by Lucas Gomes


Situação do Ártico deteriora-se,
diz relatório oficial dos EUA

Extinções em massa coincidem com os períodos de clima quente da história geológica da Terra.

As temperaturas globais previstas para os próximos séculos podem desencadear uma extinção em massa, de acordo com estimativas de cientistas britânicos.

Um estudo, publicado na revista científica Proceedings of The Royal Society, aponta que as temperaturas atuais estariam dentro da mesma faixa das registradas em outras fases quentes da história da Terra, em que até 95% das plantas e animais teriam morrido.

Os especialistas analisaram a relação entre clima e espécies ao longo de 520 milhões de anos e descobriram que houve uma maior biodiversidade durante os períodos mais frios do planeta. “Esta pesquisa fornece a primeira clara evidência de que o clima global pode explicar variações dos registros fósseis de maneira simples e consistente”, afirmou Peter Mayhew, da Universidade de York.

“Se os nossos resultados se aplicarem ao aquecimento que ocorre atualmente, é possível que a extinções aumentem.”

A pesquisa comparou dados da biodiversidade marinha e terrestre com a temperatura da superfície da água do mar em diferentes períodos ao longo dos 520 milhões de anos.

Os estudiosos concluíram que quatro dos cinco episódios de extinção em massa ocorreram em fases quentes da Terra, em que o calor e a umidade eram predominantes.

Em um desses episódios, relataram os cientistas, ocorrido há 251 milhões de anos, foi verificada a extinção de 95% das espécies. “Na pior das hipóteses, poderemos vivenciar o mesmo no próximo século, a algumas gerações a frente da nossa”, disse Mayhew à BBC, que pretende agora investigar como as temperaturas os casos de extinção estão relacionados.

Polêmica: Cientistas propõem abandonar Kyoto e investir em pesquisa

Os analistas britânicos afirmam que é hora de esquecer o Protocolo de Kyoto, que “fracassou como instrumento para reduzir as emissões” de CO2, e pensar em fortes investimentos públicos no desenvolvimento de tecnologias limpas.

Em um artigo na revista Nature, Gwyn Prins, da London School of Economics, e Steve Rayner, do Instituto James Martin, de Oxford, defendem, entre outras coisas, aumentar o orçamento público de países ricos destinado a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que permitam maiores economias energéticas.

“Parece razoável esperar que as principais economias do mundo dediquem tanto dinheiro a esse desafio quanto gastam atualmente em pesquisa militar: no caso dos Estados Unidos, cerca de US$ 80 bilhões ao ano”, afirmam os dois cientistas.

Nesse sentido, eles afirmam que, enquanto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) prevê a duplicação da demanda mundial de energia em relação à atual dentro de 25 anos, desde 1980 houve uma redução de 40% dos orçamentos públicos destinados a pesquisa e desenvolvimento nesse campo, no mundo todo.

Segundo Prins e Rayner, o setor de pesquisa e desenvolvimento é uma causa que convém a todo o espectro político: em 1992, o então candidato à vice-presidência dos Estados Unidos Al Gore propôs uma “iniciativa ambiental estratégica como parte de sua visão de um Plano Marshall global”.

O conservador American Entreprise Institute, de Washington, também apóia a pesquisa básica sobre tecnologias limpas.

Em seu comentário, os especialistas analisam o que classificaram de fracasso de Kyoto e dizem que o tratado foi construído exatamente como três outros anteriores, relativos à destruição da camada de ozônio na estratosfera, à chuva ácida devido às emissões de óxidos de enxofre à redução dos arsenais nucleares.

Os artífices do Protocolo de Kyoto pensaram que “a melhor maneira de atacar a mudança climática seria controlar as emissões globais, ou seja, tratando as toneladas de dióxido de carbono como se fossem armas nucleares que deveriam ser reduzidas estabelecendo metas e calendários mutuamente verificáveis”.

Esse enfoque funcionou nos outros três casos porque, embora fossem problemas difíceis, “eram relativamente simples em comparação com a mudança climática”, dizem Prins e Rayner, segundo os quais o tratado depende da “criação de um mercado global de CO2 pelo qual os países podem comprar e vender as emissões atribuídas”.

“Sem um aumento significativo dos programas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas financiados com fundos públicos e mudanças nas políticas de inovação (tecnológica), haverá muito tempo antes de a inovação responder” a esse estímulo.

Se a mudança climática é uma ameaça grave para o futuro do planeta, é hora de “interromper o ciclo”, dizem os dois analistas.

Os especialistas denunciam ainda que o Protocolo de Kioto tem várias lacunas que permitiram que muitos “se beneficiassem com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo praticamente sem atingir o nível de emissões” exigido e criticam a idéia central do tratado, de que a redução das emissões é um problema que exige o consenso entre mais de 170 países.

“Alinhar todos os países do mundo pode soar idealista – contra uma ameaça comum é preciso dar uma resposta universal -, mas quanto mais partes houver em uma negociação mais baixo é o denominador comum para se chegar a um acordo, o que ocorreu em Kyoto”, dizem.

Deve-se reconhecer, segundo eles, que menos de 20 países são responsáveis por aproximadamente 80% das emissões d carbono do mundo, e, enquanto a política de redução de emissões está em suas primeiras fases, “os outros 150 países são apenas um obstáculo”.

CO2 acumula-se na atmosfera mais depressa que o esperado


A economia mundial vem exigindo mais CO2 para
gerar cada dólar de crescimento

A economia mundial está injetando cada vez mais dióxido de carbono na atmosfera, e a eficiência dos mecanismos naturais para retirar o gás causador do efeito estufa do ar vem diminuindo. As duas más notícias aparecem em estudo realizado por uma equipe internacional e publicado pelo periódico Proceedings of the National Academy os Sciences (PNAS).

Segundo o trabalho, a taxa de aumento das emissões de CO2 passou de 1,3% ao ano, nos anos 90, para 3,3% ao ano, entre 2000 e 2006. Os pesquisadores atribuem o fato à recente aceleração do crescimento econômico mundial e ao aumento da intensidade de carbono da economia – isto é, do CO2 liberado para gerar cada dólar do PIB mundial. Além disso, os pesquisadores documentam uma tendência, verificada nos últimos 50 anos, de perda de eficiência dos chamados “ralos” por onde a natureza elimina os excessos do gás, que assim acumula-se em taxas maiores na atmosfera.

O estudo estima que, desde 2000, 65% da aceleração do aumento da taxa de carbono no ar foi causada pelo crescimento econômico, 17% pelo aumento do consumo de carbono na economia e 18%, pela perda da eficiência dos mecanismos naturais de reciclagem. Os autores do trabalho notam que o acúmulo de maiores quantidades de CO2 na atmosfera já era esperado, mas que “a magnitude dos sinais observados parece maior que a estimada pelos modelos”.

Ao analisar o aumento da intensidade de carbono da economia mundial, os autores do trabalho notam que taxa de emissões de CO2 necessária para produzir US$ 1 do Produto Mundial Bruto (PMB) caiu de 0,35 kg de carbono por dólar, em 1970, para 0,24 kg/dólar em 2000, mas que desde então a relação voltou a aumentar, o que vem fazendo a um ritmo de 0,3% ao ano.

O trabalho nota, ainda, que existe um aumento na fração de dióxido de carbono presente do ar, em comparação com o que é absorvido pela terra e pelos oceanos, o que sinaliza um enfraquecimento dos “ralos” naturais do gás.

Os autores afirmam que a fração que fica na atmosfera, desde 1959, oscilou entre 0% e 80% do carbono emitido, e esteve em 46% entre 2000 e 2006. Agora, vem aumentando a uma taxa de até 0,46% ao ano. “A elevação da fração implica que as emissões de carbono vêm crescendo mais depressa que a estocagem em terra e nos oceanos”, diz o artigo.

“Todas essas mudanças caracterizam um ciclo do carbono que gera uma pressão sobre o clima mais forte e mais rápida que o esperado”, afirma o texto publicado pela PNAS.

Além disso, especialistas em energia representantes de 150 academias científicas e de engenharia do mundo emitiram um relatório encomendado pelos governos da China e do Brasil, intitulado Iluminando o Caminho – Rumo a um futuro de energia sustentável. O texto pede que as nações se afastem do carvão e outros combustíveis que são as principais fontes dos gases causadores do efeito estufa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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