Home EstudosLivros Os melhores poemas de Manuel Bandeira, de Org. Francisco de Assis Barbosa

Os melhores poemas de Manuel Bandeira, de Org. Francisco de Assis Barbosa

by Lucas Gomes

Obra organizada em 1984 reúne os poemas mais expressivos de Manuel Bandeira.

Em toda a sua trajetória poética Manuel Bandeira nos mostra a preocupação com
a constante busca por novas formas de expressão.

A principal característica da obra de Bandeira é, sem sobra de dúvidas, o emprego
do verso livre. No entanto, isso não significa que Bandeira não fizesse uso das
formas fixas. Nas suas últimas obras ele utilizou-se muito da forma mais clássica
de todas: o soneto.

Os versos livres de Bandeira sempre foram escritos sem preocupações. Ele não
gostava de modificar nada. Até mesmo, segundo o próprio poeta, o poema “Vou me
embora para Pasárgada” foi escrito dessa forma.

Os principais temas de seus poemas foram: solidão, dor e o medo da morte. O
cotidiano de Santa Tereza, local onde morava, era constantemente transformado
em crônicas.

Explorava os elementos sensoriais (visão, audição, tato, olfato, gustação) de
forma que se ressaltava em seus poemas.

Herdeiro da musicalidade simbolista, sempre se preocupou com a sonoridade,
harmônica ou dissonante, dando um efeito mais agressivo a quaisquer temas.

Nos textos eminentemente sensuais, nota-se a linguagem coloquial, anti-retórica,
despojada, a grandiloqüência, as metáforas arrojadas, muito usadas por poetas como
Castro Alves e Olavo Bilac.

Poemas escolhidos

INGÊNUO ENLEIO

Ingênuo enleio de surpresa,
Sutil afago em meus sentidos,
Foi para mim tua beleza,
A tua voz nos meus ouvidos.

Ao pé de ti, do mal antigo
Meu triste ser convalesceu.
Então me fiz teu grande amigo,
E teu afeto se me deu.

Mas o teu corpo tinha a graça
Das aves…Musical adejo…
Vela no mar que freme e passa…
E assim nasceu o meu desejo.

Depois, momento por momento,
Eu conheci teu coração.
E se mudou meu sentimento
Em doce e grave adoração.

O IMPOSSÍVEL CARINHO

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
– Eu soubesse repor –
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

TEMA E VOLTAS

Mas para quê
tanto sofrimento,
se nos céus há o lento
deslizar da noite?
Mas para quê
tanto sofrimento,
se lá fora o vento
é um canto na noite?
Mas para quê
tanto sofrimento,
se agora, ao relento,
cheira a flor da noite?
Mas para quê
tanto sofrimento,
se o meu pensamento
é livre na noite?

Posts Relacionados