O parlamento português aprovou, em maio de 2008, o segundo protocolo modificativo do acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assim, Portugal se une a Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que, em 2007, ratificaram o protocolo, o que já garantia sua entrada em vigor. O prazo estimado de adaptação para os brasileiros é de três anos, mas a reforma já está valendo. A reforma ortográfica só será obrigatória a partir de 2012, mas é bom começar já a adaptação.
Observe como ficam as regras de acentuação gráfica:
1ª) REGRA DOS HIATOS (abolida pela reforma ortográfica): Como era? Palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo: vôo, vôos, enjôo, crêem, dêem, lêem. |
2ª) REGRA DO “U” e DO “I” (parcialmente abolida):
O que não mudou? As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”: |
3ª) DITONGOS ABERTOS “ÉU”, “ÉI” e “ÓI” (regra parcialmente abolida):
Como era? Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos Éu: céu, réu, chapéu, troféus / Éi: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia / Ói: dói, herói, esferóide. |
4ª) REGRA DO ACENTO DIFERENCIAL (parcialmente abolida):
Como era? recebiam acento gráfico:ele pára (do verbo parar, só a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo); eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo pelar); o pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem); epêra (substantivo, só no singular); o pólo, os pólos (substantivos). |
O que estabelece o novo acordo ortográfico a respeito do uso do hífen (-)
I. Nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA…) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MICRO, MINI, NEO, PAN, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE…), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em que o segundo elemento começa por “H”: antehistórico, anti-higiênico, anti-herói, anti-horário, auto-hipnose, circumhospitalar, co-herdeiro, infra-hepático, inter-humano, hiper-hidratação, neohamburguês, pan-helênico, proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem, ultra-hiperbólico… Observações: Como era: auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente, auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som, intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação, pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo, ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano, ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita, antisocial, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia, sobresalto… Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen: Como era: auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria, contra-espião, contra-indicação, contraordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neoacadêmico, neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semiaberto, semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido, ultra-elevado, ultra-oceânico… |
II. Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra não foi alterada):
1) hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano, hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão, hipertiroidismo, hipertrofia; |
III. Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado, subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego, subentendido, subestimar, subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação, submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça, sub-reino, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subterrâneo, subtítulo, subtotal.
Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra “H”, deveríamos escrever sem hífen: subepático e subumano. As novas edições de nossos principais dicionários já registram as formas com hífen, como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano. |
IV. Vejamos alguns casos em que não se usava o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto” (= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos usar o hífen se o segundo elemento começar por “h” ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo:
MACRO – macroeconomia; Observação: |
Com o novo acordo ortográfico o uso do TREMA será totalmente abolido
Como era? Usávamos o trema na vogal “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I. O objetivo do trema era distinguir a vogal “u” muda (= não pronunciada) da vogal “u” pronunciada: QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente; Palavras que recebiam trema: agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo… Palavras que não recebiam trema: adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário… |
Como fica? Todas sem trema: aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo; adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário. Observações: |
Fonte: Revista Galileu