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Haiti: 1. A independência do Haiti

by Lucas Gomes

Capital: Porto Príncipe
Área: 27,7 mil m2 (tamanho do estado de Alagoas)
Língua: francês e crioulo
Religião: maioria católica e cultos afro com minoria protestante
Expectativa de vida: 60,8 anos
PIB: 20,2 bilhões (0,6% do PIB brasileiro)
Economia: 80% da população vive abaixo da linha da pobreza e 2/3 trabalham na agricultura de subsistência. O país é o mais pobre das Américas.

COLONIZAÇÃO


Cristóvão Colombo descobriu a ilha em sua primeira
viagem à América

A ilha fora descoberta por Colombo, já na primeira viagem à América, e ele a denominou de Hispaniola. Os nativos foram completamente exterminados no processo da colonização europeia.

O Haiti foi inicialmente chamado São Domingos pelos espanhóis que invadiram a região, no século XV, dividindo a Ilha entre Haiti (no crioulo haitiano Ayiti) e a República Dominicana. Após essa divisão, a colonização foi estendida para toda a ilha, com a escravização de indígenas para a agricultura e cerâmica. A partir de 1520, as atividades econômicas da Espanha no Haiti começaram a declinar e, após um acordo diplomático, a ilha é transferida para o domínio francês que inaugurou um período de escravidão africana.

Além de produzir café, anil, cacau, algodão e outros gêneros, o Haiti produzia sobretudo o açúcar, em condições mais competitivas do que as outras colônias da época. Nessa produção, empenhavam-se meio milhão de escravos, a maioria africanos, na proporção de dois terços. O plantio do açúcar e a importação de escravos africanos fizeram do Haiti a mais rica colônia francesa nas Américas durante os anos 1700.

O meio milhão de escravos negros, que labutavam nas plantagens e nos engenhos, era dominado por trinta mil brancos, incluindo os proprietários e seus auxiliares (feitores, técnicos, vigilantes etc.). Além dos negros e brancos, havia um segmento de poucos milhares de mulatos, já livres, mas submetidos a extorsões e agressões dos brancos escravocratas. Apesar de tal desvantagem, vários mulatos espertos e ambiciosos conseguiam aproveitar as oportunidades de negócios e enriquecer.

O tratamento dado pelos escravistas aos seus servidores era terrivelmente cruel. A par do trabalho, que esgotava rapidamente as energias, pesavam sobre os escravos a alimentação escassa, a moradia sórdida e a inexistência de assistência médica. A labuta diária se processava durante longas jornadas, sob acionamento frequente do açoite dos feitores. Qualquer expressão recalcitrante era logo duramente castigada. Os mais indisciplinados sofriam o castigo de serem enterrados de pé, apenas com a cabeça de fora. Assim imobilizados, acabavam mortos depois de sofrer a horrível tortura de ter o rosto lentamente devorado pelos insetos e abutres.

INDEPENDÊNCIA – O levante dos escravos


L’Ouverture, é reconhecido por ter
sido o primeiro líder negro a vencer
as forças de um império colonial
europeu em seu próprio país

Em 1791, inspirados na independência dos Estados Unidos (1776) e na Revolução Francesa (1789), iniciou-se a rebelião dos escravos, que abandonaram as plantagens, destruíram engenhos e agridiram os brancos, matando vários proprietários. A rebelião não teve liderança definida e estabeleceu uma situação caótica na ilha. A liderança e a luta organizada só foram concretizadas três anos depois, quando entrou no processo rebelde um personagem com características privilegiadas para o papel histórico que desempenhou: François-Dominique Toussaint L’Ouverture.

Antes da sua entrada em cena, um escravo chamado Mackandal tentara acabar com o domínio dos brancos envenenando a água utilizada nas suas casas. Mas, ao embriagar-se, falou demais e o denunciaram. Prenderam-no e o queimaram vivo.

L’Ouverture era filho de um chefe tribal africano transferido como escravo para São Domingos. Ali, comprou-o um senhor dotado de alguma benevolência, que percebeu as qualidades intelectuais do novo escravo. Deu-lhe a condição de capataz de uma turma de trabalhadores e uma esposa. Deste conúbio nasceram oito filhos, o primogênito dos quais foi precisamente o personagem principal do livro de James.

O mesmo senhor percebeu que o filho não era menos dotado do que o pai e lhe conferiu certos privilégios, no contexto da condição de escravo. Pierre Baptiste, um velho negro instruído que morava na fazenda, alfabetizou o jovem e lhe ensinou a ler e a falar o francês culto (em vez do degradado francês crioulo coloquial). Transmitiu-lhe princípios de geometria e desenho e ensinou-lhe rudimentos de latim.

L’Ouverture teve, então, a possibilidade de ler duas obras, que o influenciariam notavelmente. A primeira – o livro do Abade Raynal, História filosófica e política do estabelecimento e comércio dos europeus nas duas Índias.

Abade Raynal fez uma descrição realista da situação nas colônias europeias do Caribe, mostrando que a massa de escravos submetidos ao regime mais desumano de exploração se encontrava num ponto crítico, próximo de explosiva rebelião. A par com a condenação moral do regime escravista, afirmava que, para a rebelião ter início, faltava apenas uma liderança, o surgimento de um homem capaz de chefiar os escravos no caminho da revolta. “Onde está este homem?” – perguntava o Abade. E respondia confiante: “ele, com certeza, surgirá”.

Também teve influência marcante em L’Ouverture o livro de Júlio César acerca da guerra contra os gauleses. Os comentários sobre as operações militares, na Roma da Antiguidade, forneceram ao futuro líder de tropas negras a concepção do que significavam as manobras militares em um confronto armado.

Quando resolveu mergulhar na batalha, em 1794, três anos depois de iniciada, L’Ouverture já contava com 45 anos, idade avançada para a época. Era baixote e feio, mas forte, e excepcionalmente habilidoso na arte de cavalgar. Casara com uma mulher que já tinha um filho e teve com ela um filho próprio. Ocupava-se com a criação do gado e com o herbário da propriedade, o que lhe propiciou o aprendizado prático dos problemas de administração.

Dotado de instrução bem acima dos ex-escravos, L’Ouverture não encontrou grandes obstáculos para ganhar ascendência entre eles e aglutinar um exército de combatentes sob o seu comando. Com uma tropa disciplinada e organizada, derrotou os exércitos dos franceses, dos ehóis, que pretendiam apossar-se da parte francesa da ilha, e dos ingleses, preocupados com a contaminação que o exemplo da possessão francesa poderia produzir nas suas próprias possessões antilhanas.

Companheiros de L’Ouverture, destacaram-se na luta outros ex-escravos, como Dessalines, Henri Christophe, Maurepas, Pétion e Moïse, um jovem sobrinho adotivo de L’Ouverture.

Já vitorioso, L’Ouverture seguiu duas linhas de ação, que teriam consequências funestas para a sua liderança e para seu destino pessoal.

Em primeiro lugar, preocupou-se insistentemente em ganhar a confiança de Bonaparte, àquela altura primeiro cônsul do governo parisiense. Através de franceses aliados, enviou repetidas mensagens ao general chefe do consulado, insistindo na fidelidade à França e na concretização de uma aliança entre a Revolução Antilhana e a Revolução Francesa. Bonaparte sequer tomou conhecimento desses bons propósitos, não somente porque se achava demasiado ocupado com as conquistas na Europa, como principalmente porque tinha planos opostos aos dos ex-escravos no referente ao regime colonial. L’Ouverture não conseguiu perceber que, da Convenção de 1789 ao consulado bonapartista, a Revolução Francesa infletiu para a direita, mudando as características do regime político no País, como também afastando-se da posição inicial com relação à escravidão nas colônias.

A segunda questão, que influiu negativamente no destino de L’Ouverture, consistiu na decisão de manter a colônia como grande produtora de açúcar. O que se justificava, do ponto de vista da prosperidade econômica. Mas, para este fim, L’Ouverture não teve alternativa senão a de obrigar os ex-escravos a retornar ao trabalho compulsório nas fazendas. Os ex-escravos já eram homens livres do ponto de vista formal, mas estavam forçados a continuar a cultivar a cana e a produzir açúcar nas mesmas condições exaustivas de antes. A par disso, L’Ouverture manteve os brancos como proprietários, encarregados da direção e orientação da produção. James justifica tal decisão, lembrando que os bolcheviques, logo após a Revolução Soviética de 1917, também conservaram os especialistas burgueses, uma vez que não havia ainda operários capacitados para o comando técnico da produção. Mais uma vez, o autor desliza para o anacronismo, colocando um sinal de igualdade entre períodos e situações históricas muito diferenciadas9.

Os problemas a enfrentar pela liderança de L’Ouverture tinham o acréscimo da necessidade da vigilância com relação aos mulatos, que fizeram tentativas de alcançar o domínio da colônia, aproveitando a confusão da conjuntura.

O confinamento nas fazendas, o trabalho compulsório imposto aos ex-escravos e a leniência para com os proprietários brancos minaram gravemente a posição de L’Ouverture e causaram descontentamento na ala esquerda dos rebeldes. Revolucionário radical, o seu sobrinho adotivo Moïse organizou e chefiou uma revolta contra a liderança. Aprisionado, L’Ouverture negou-lhe julgamento e o fuzilou sumariamente. Privado da confiança dos trabalhadores negros, ficou debilitado para travar a batalha decisiva, que logo se seguiria.

L’Ouverture e Leclerc

Em 1801, Bonaparte interveio praticamente nos problemas concernentes à colônia francesa do Caribe. Não só pretendia debelar o levante dos negros, como restabelecer a escravidão. Este último objetivo deveria ser mantido em segredo, até o momento favorável à sua implementação.

A intervenção se concretizou com o envio a São Domingos de uma expedição de 25 mil soldados sob o comando do próprio cunhado de Bonaparte, o general Leclerc, que viajou acompanhado da esposa Pauline, de músicos e fâmulos, como se tivesse em vista um evento festivo.

Mas, ao contrário de suas expectativas, defrontou-se com uma guerra sem tréguas. L’Ouverture reuniu as forças disponíveis e foi à luta. Nesta se destacou principalmente Dessalines. Ex-escravo, analfabeto, revelou maestria de grande chefe militar. Não só maestria, como ferocidade. Diante da decisão do comandante francês Rochambeau de executar quinhentos negros, mandando enterrá-los num grande buraco, enquanto esperavam a execução, Dessalines não vacilou e enforcou quinhentos brancos, para que o vissem Rochambeau e os brancos de Le Cap (hoje, Cabo Haitiano). Em consequência, o País sofreu tremenda devastação, reduzido a cinzas pelos incêndios ateados pelos combatentes do dois lados.

Contando com uma tropa numerosa e bem equipada, Leclerc obteve êxitos iniciais. Diante da valentia dos negros, excedeu-se na prática de crueldades. Conseguiu aprisionar L’Ouverture, em agosto de 1802. Levado à França, não submeteram o líder negro a julgamento algum. Bonaparte decidiu livrar-se dele por meio do rigor do tratamento carcerário. No entanto, apesar de prisioneiro e mal-tratado, L’Ouverture ainda se declarava fiel à França e confiante em Bonaparte. Estava certo de que a escravidão nunca seria restaurada em S. Domingos. Mal alimentado, numa cela fria e sem aquecimento, sem tratamento médico, não resistiu à dureza do cárcere e, aos 57 anos, se extinguiu no dia 7 de abril de 1803.

Mas o afastamento de L’Ouverture não trouxe a vitória para Leclerc. Além das perdas em combate, seu exército sofria baixas numerosas em consequência de doenças tropicais e, principalmente, da febre amarela. A metrópole francesa se viu obrigada a enviar um total de 34 mil soldados e, apesar disso, perdeu a colônia. O próprio Leclerc veio a falecer, em 1802, vítima da febre amarela.

Dessalines, Christophe, Clairveaux, Maurepas, Pétion e outros líderes negros prosseguiram o combate e conseguiram derrotar e expulsar o exército francês. No processo da luta, massacraram a maioria dos brancos, que antes dominavam a colônia. Bonaparte conseguiu restabelecer a escravidão em outras possessões francesas, não, porém, na pátria de L’Ouverture.

A Independência e seus problemas

Enquanto, em Paris, a guilhotina decepava as cabeças do jacobinos, em São Domingos Dessalines e seus companheiros continuavam a defender, de armas na mão, o ideal jacobino da liberdade e igualdade de todos os homens. Eles, os jacobinos negros, permaneciam fiéis ao espírito revolucionário da Convenção de 1789.


Iniciada em 1791, a revolta dos escravos foi a única vitoriosa desde a Antiguidade.
Revolta em Leocane, água-forte, autor desconhecido, 1840, Hait

A 29 de novembro de 1803, os revolucionários negros divulgaram uma declaração preliminar de Independência. A 31 de dezembro, foi lida a Declaração de Independência definitiva. O novo Estado recebeu, no batismo, a denominação indígena de Haiti.

Dessalines se tornou o primeiro chefe de Estado haitiano, sendo coroado imperador em outubro de 1804. Mercadores de Filadélfia o presentearam com uma coroa e um manto imperial trazido de Londres. Começou a governar com as bençãos dos capitalistas ingleses e americanos.

Os ex-escravos, por sua vez, viram-se definitivamente livres do trabalho compulsório nas plantações de cana e nos engenhos de açúcar. Sob as presidências de Pétion e Boyer, passaram a se dedicar à tradição herdada da África, ou seja, à agricultura de subsistência. O Haiti saiu do mercado mundial do açúcar e eliminou a possibilidade de progredir em direção a um nível econômico superior. De colônia mais produtiva das Américas passou a país independente pauperizado e fora de um intercâmbio favorável na economia internacional.

As dificuldades do Haiti não se deveram, com o passar do tempo, somente ao domínio da agricultura de subsistência e à ausência de perspectivas econômicas mais elevadas. Deveram-se também, e não menos, à quarentena, que lhe impuseram até mesmo as nações latino-americanas recém-emancipadas. Quando exilado, Simon Bolivar encontrou abrigo no Haiti, onde recebeu de Pétion proteção, ajuda financeira, dinheiro, armas e até uma prensa tipográfica. No entanto, Simon Bolivar excluiu o Haiti dos países latino-americanos convidados à Conferência do Panamá, em 1826. O isolamento internacional acentuou o atraso e agravou as dificuldades históricas, após uma das mais heróicas lutas emancipadoras do hemisfério ocidental.

A notícia do sucesso de uma revolução de escravos no Haiti teve profunda influência na América Latina, principalmente no Brasil. O fenômeno se alastrou com o nome de haitianismo – medo das elites de que o exemplo fosse replicado.

Ao longo do século 19, o grande fluxo de escravos fez renascer o haitianismo que, em última instância, abriu caminho para a imigração.

Dos 23 governantes do Haiti que se seguiram até 1915, 19 foram destituídos ou assassinados. Depois de anos de guerra, as plantações e as cidades estavam destruídas. Os trabalhadores com alguma especiliazação haviam fugido do país. O comércio deixou de existir. Não havia moeda. Temerosos de que a rebelião de escravos se espalhasse continente afora, as potências europeias e os Estados Unidos não reconheceram a independência da nova nação. E pior: interromperam todas as relações comerciais. O bloqueio estrangulou a economia e esfacelou o poder político. O primeiro presidente, Jean-Jacques Dessalines durou pouco mais de um ano e foi assassinado. Em seu lugar assumiu Christophe Henry, que convocou uma assembleia constituinte, em 1806, na qual defendia que os ex-escravos voltassem às plantações de cana. Outra vez o país se dividiu, Henry e suas tropas fugiram para o norte. Lá, ele se proclamou rei Henry I, construiu palácios e instalou uma corte composta de quatro príncipes, oito duques, 22 condes, 37 barões e 14 cavaleiros. A aventura durou até 1920 quando, no meio de uma grave crise financeira, greves e fome, Henry se matou com um tiro. Seu efêmero reino foi incorporado à República do Haiti. Mas a situação política não melhorou muito e o país passou por guerras civis e golpes de Estado, numa incrível média de um a cada seis meses.

SUCESSÕES


Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier com seu pai
Francois “Papa Doc” Duvalier

Os EUA ocuparam o Haiti de 1915 a 1934, em resposta à influência dos alemães na economia da ilha. Na época, a Alemanha combatia os americanos na Primeira Guerra Mindial.

Os americanos controlaram a administração local e as forças de segurança e só deixaram o Haiti durantes os anos da Grande Depressão.

O período mais soturno da história do Haiti começou em 1957, com a eleição do médico sanitarista François Duvalier. Ele se tornou popular pela luta contra a malária, o que lhe rendeu o carinhoso apelido de Papa Doc (Papai Médico). No poder, porém, o sujeito pacato se tornou um ditador implacável. A cleptocracia comandada por ele foi amparada por sua polícia secreta, os tontons macoutes, uma espécie de bicho papão do imaginário haitiano. Eles se especializaram em sequestrar, torturar e dar sumiço em dissidentes. Duvalier proibiu partidos de oposição, governou por decreto, sob estado de sítio e se proclamou presidente vitalício.

Outra característica do regime foi a massificação da figura de Papa Doc. Mas, em lugar da tradicional foto posada, o ditador foi além. Uma das representações mais marcantes do tirano foram cartazes mostrando a imagem de Jesus Cristo com a mão no ombro de Duvalier, placidamente sentado, com os seguintes dizeres: “Eu o escolhi.”

O saldo da ditadura foi 30 mil mortos, 15 mil desaparecidos e um país mergulhado na pobreza. Antes de morrer, em 1971, Papa Doc emendou a Constituição e deixou a presidência para o filho, Jean-Claude. O jovem assumiu aos 19 anos e entrou para a história como o Baby Doc. A essa altura, os haitianos já deixavam o país em bando, procurando embaixadas estrangeiras ou simplesmente embarcando em qualquer objeto flutuante em direção a EUA ou Bahamas.


Jean-Bertrand Aristide

A dinastia dos Duvalier terminou em 1986, mas a democracia demorou a chegar. Juntas militares alternaram-se em golpes de Estado até a eleição de Jean-Bertrand Aristide, em 1990. Padre católico conhecido como “pai dos pobres”, ele foi logo derrubado por um golpe militar no ano seguinte. A OEA e a ONU impuseram sanções ao novo governo do general Raoul Cédras, o que só agravou a miséria dos haitianos. Diante de uma iminente catástrofe humanitária, os EUA enviaram tropas, em 1994, e restituíram Aristide, que governou apenas mais alguns meses, até o fim de seu mandato.

Em raro espasmo de democracia, Aristide foi sucedido pelo ex-premiê René Préval e retornou ao poder em 2001. No entanto, mais uma vez, ele não conseguiu terminar seu mandato e renunciou após violentos confrontos com rebeldes, em 2004. Diante de uma nação sem rumo, o Conselho de Segurança da ONU criou a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), para restabelecer a ordem no país. O Brasil recebeu o comando da operação e os primeiros soldados chegaram em junho de 2004. Dois anos depois, Préval venceu as eleições e voltou ao poder.

Nos primeiros anos da missão, o Haiti apresentou sinais de recuperação. Lentamente, a criminalidade caiu, mas a economia continua em frangalhos porque a ajuda internacional chega em conta-gotas. Em junho, o Banco Mundial, o Banco Interamericano e o FMI perdoaram a dívida haitiana de US$ 1,2 bilhão. Até então, milhões de dólares do país escorriam pelo ralo para rolar a dívida, metade dela contraída durante a ditadura Duvalier – só nos últimos três anos, o Haiti pagou US$ 200 milhões em juros a bancos internacionais.

Saiba mais sobre a crise no Haiti

TRAGÉDIAS NATURAIS

Em 1999, uma série de furacões deixou centenas de milhares de desabrigados na ilha.

Em agosto e setembro de 2008 o haiti sofreu com os danos causados por três furacões e uma tempestade tropical. Mais de 700 pessoas morreram e centensa de milhares ficaram desabrigadas.

E agora, em 2010, mais precisamente em 12 de janeiro, um terremoto devastou a capital do país, Porto Príncipe.

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