Home EstudosSala de AulaHistoria Barroco: 3. O Barroco no Brasil

Barroco: 3. O Barroco no Brasil

by Lucas Gomes


Capela Dourada da Igreja da Ordem Terceira
de São Francisco de Assis, no Recife,
construída e decorada entre 1696 e 1724.

A colonização do Brasil se deu inicialmente pela costa litorânea, onde atracaram as primeiras fragatas e
por onde começou a exploração do território. Os lugares geográfica e estrategicamente mais adequados à
construção e à defesa deram origem às primeiras vilas. Em algumas delas foram rezadas missas inaugurais,
muitas foram batizadas com nomes de santos, e todas ganharam igrejas ou capelas.

Com o avanço da colonização e o desenvolvimento da atividade extrativista, algumas vilas transformaram-se
em importantes cidades, em que se refletia o poderio econômico da Coroa.

Recife – As principais cidades nordestinas enriqueceram rapidamente com a produção
açucareira. Dessa prosperidade resultaram muitas manifestações artísticas e arquitetônicas de grande porte
e ostentação.


No interior da Igreja de São Francisco, em Salvador, que começou a ser
construída em 1708, impressiona a variedade de materiais nobres usados
na decoração, como o ouro, a azulejaria e o jacarandá.

A conveniente combinação entre o enriquecimento brusco e os objetivos da arte religiosa originou obras e
templos exemplares do chamado barroco litorâneo, erguidos com materiais nobres e decorados conforme os
padrões ibéricos vigentes à época.

Recife foi uma dessas cidades em que sobreviveram importantes edificações religiosas, apesar de conflitos
e destruições decorrentes da disputa por suas terras.

Salvador – A economia açucareira promoveu o desenvolvimento acelerado de algumas cidades
do Nordeste do país durante a colonização.


Na nave da Igreja do Mosteiro de São Bento,
no Rio de Janeiro, a talha de madeira dourada
começou a ser colocada em 1717.

Em Salvador, a esse impulso econômico somou-se ainda o poderio político da capital do império, título que
ostentou por mais de 200 anos, entre 1549 e 1763. Como tal erigiu edifícios grandiosos e contou com os
mais refinados e caros recursos para a decoração de templos.

São muitos os exemplos de construções e obras barrocas por toda a cidade, que desenvolveu estilos
particulares e revelou artistas de grande talento e destreza.

Rio de Janeiro – Porto de embarque de riquezas rumo à metrópole, o Rio de Janeiro
tornou-se a cidade mais importante da colônia, e sua capital em 1763.

A transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro coincidiu com o auge da extração de ouro e
pedras preciosas que escoaram por seus portos.

Como em Salvador, a passagem do dinheiro deixou marcas no desenvolvimento da cidade, enriqueceu
sobremaneira a arte barroca e a decoração das igrejas e atraiu muitos artistas e artesãos.


Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída no século XVIII
no Embu, São Paulo.

São Paulo –

Durante o período colonial, São Paulo viveu um considerável isolamento
geográfico em comparação com as regiões do açúcar e do ouro.

Apesar da descoberta de pedras preciosas e ouro para extração em suas terras e do afã empreendedor dos
bandeirantes, o interior paulista só viveu seu grande desenvolvimento econômico a partir de meados do
século XIX com o plantio do café, que recebeu o apelido de ouro verde.


A Igreja de São Miguel foi projetada pelos jesuítas Gian
Batista Primoli e José Grimau com base na Igreja de Gesú,
em Roma, principal templo da Ordem dos Jesuítas. Da igreja
missioneira, erigida entre 1735 e 1744, restam apenas ruínas.

As manifestações da arte religiosa durante o período colonial padeceram, portanto, da escassez de recursos.
A Igreja e as Ordens Religiosas pouco investiram em São Paulo, restando muitas vezes aos próprios frades e
padres a construção e decoração dos templos.

Missões – Onde hoje se encontra o Rio Grande do Sul, os jesuítas organizaram comunidades
que logo se tornaram auto-suficientes e prósperas, as chamadas Missões. Seu desenvolvimento harmonioso e a
prosperidade, no entanto, entraram em conflito com os interesses da Coroa portuguesa, que se ocupava da
exploração e administração das riquezas das novas colônias, fundadas com base no latifúndio e na
escravidão.


Detalhe do mapa da América de John Senex
realizado no século XVIII, com superposição
de algumas das expedições feitas ao interior
do país.

Foi assim que em 1759 deu-se a expulsão definitiva dos jesuítas pelo marquês de Pombal e o fim das Missões.

Na arte religiosa que elas produziram, permaneceram as marcas da fusão de estilos provenientes de culturas
européias e indígenas.

A caminho do interior – Enquanto no litoral vilas e cidades se assentavam e se
desenvolviam, novas explorações partiam em busca da conquista do continente.

As missões jesuíticas iniciaram o movimento rumo ao interior, seguido por expedições científicas, entradas
e bandeiras, com as mais diversas motivações.

A Companhia de Jesus levou a doutrina cristã aos índios da Região Sul, e com ela
a arte religiosa e o culto às imagens. Outras expedições visavam à catequização
e ao desbravamento da terra virgem, ou farejavam riquezas de toda ordem.

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