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O surgimento da escrita: 1. Introdução

by Lucas Gomes


Pedra da Roseta um pedaço de
basalto negro onde estava
gravado um texto em grego,
hieróglifos e demótico.

Por convenção a História inicia-se com o advento da escrita que surge, primeiramente,
no Oriente Próximo a cerca de 3.000 a.C. (antes de Cristo). Este mesmo passado
pré-histórico remete-nos para o princípio do símbolo, ou aquilo a que comumente
se designa por imagem simples, cujas manifestações mais significativas podem ser
encontradas nas pinturas rupestres.

Sobre a relação entre a “linguagem simbólica” – expressa através de
símbolos abstratos pintados – e a sua intenção, digamos que foi através destas
imagens que o homem entendeu que podia fazer passar uma mensagem, um pensamento,
o seu estado de espírito, etc.

Estas pinturas demonstram o valor que os homens da pré-história conferiam às suas
criações.

O conjunto destes desenhos-escrita, passíveis de serem compreendidos por todos
os membros de um mesmo grupo, tomam a designação de pictogramas. Pertencem, pois,
ao conjunto das escritas pictográficas, que no grego significam descrição da imagem,
para servir de símbolo.

Quando, pelo contrário, à imagem se sobrepõe o conceito, ou seja, as idéias que
estão ligadas ao objeto, passamos a falar de escrita ideográfica.

Este primeiro marco da evolução humana corresponde ao que nós conhecemos por período
da pré-história.

Esse processo, porém, não ocorre de forma concomitante (ao mesmo tempo) em todo
o mundo. Segundo os dados atuais, a escrita teria sido inventada de forma independente
em três regiões. Ela surge pela primeira vez entre os sumérios, a cerca de 3.000
a.C. (5.000 ap.) na Mesopotâmia. Posteriormente, em torno de 1.500 a.C., há o
surgimento da escrita na China e a cerca de 300 a.C. na Mesoamérica.

A escrita não surge, de repente, do nada. Ela é o resultado do conhecimento acumulado
ao longo de milhares de anos pelas sociedades sendo exercitada através, de desenhos
e sinais gravados ou pintados nas pedras. Estes símbolos, porém, ainda não se
constituíam em um sistema de escrita.

O que se sabe, hoje, é que entre os Sumérios a escrita vai surgir a partir da
necessidade de se registrar os bens materiais e as transações comerciais dos templos
administrados pelos sacerdotes. A escrita era essencial para a contabilidade do
templo. Deveriam ser registrados, por exemplo, quantas ovelhas foram fornecidas
a um pastor ou quantos jarros de sementes haviam sido entregues. Esta contabilidade
era feita em tabuinhas de argila onde eram traçados caracteres (figuras ou sinais
como um jarro, uma cabeça de touro, triângulos) e números.

No início, o desenho de um jarro significava um jarro, porém, estas figuras (ou
pictogramas) vão sofrendo alterações ao longo do tempo e se transformam. Os sinais
vão sendo simplificados e abreviados e já não podem mais ser reconhecidos como
a imagem de um objeto específico. A figura que representa um jarro, por exemplo,
já não tem mais semelhança com o desenho de um jarro. Os sinais vão adquirindo
significados mais amplos, transformando-se em ideogramas e sendo usados para representar
sons (fonogramas), idéias e coisas.

Essas tabuinhas com inscrições são encontradas em diferentes localidades como
em Erech, na Suméria e em Jemdet Nasr, em Acade, reforçando a idéia de padronização
dos sinais e sugerindo o intercâmbio de conhecimentos.

A escrita deixa de ser apenas uma convenção restrita a um grupo de sacerdotes
ela tem que ser ensinada e aprendida, tornando-se um sistema aceito pela sociedade
sumeriana como um todo. Surgem então pessoas que têm como função, fazer esse trabalho
de anotação e que têm que conhecer o sistema de escrita, são conhecidos como escribas
(podemos dizer que são os primeiros funcionários públicos, exercendo funções burocráticas).

Assim, a escrita pictográfica sumeriana do período Uruk, foi reduzida a formas
angulares mais conveniente para imprimir nas tabuinhas de argila úmida com o auxílio
de um pequeno junco. A escrita cuneiforme, como denominada, foi desenvolvida originariamente
para escrever a língua suméria, sendo porém adotada por outros povos como os Acadianos,
Eblaitas, Elamitas, Hititas, etc.

Há regiões em que a escrita é introduzida por outros povos e em períodos muito
mais recentes como no Brasil em 1.500 a.D. (depois de Cristo) ou na Austrália
por volta de 1.788 a.D. Este período em que povos com escrita escrevem sobre povos
sem escrita é conhecido como proto-história. São os dominantes, contando a História
dos dominados.

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