Home Vestibular Especialistas criticam vestibular e atrelam problemas ao ensino médio defasado

Especialistas criticam vestibular e atrelam problemas ao ensino médio defasado

by Lucas Gomes

Mais importante do que mudar os critérios de avaliação do
vestibular é melhorar a qualidade do ensino médio. É o que
defende o secretário de Educação Superior Ronaldo Mota, uma
das principais autoridades do Ministério da Educação (MEC).
Para ele, as críticas feitas pelo ministro Fernando Haddad ao processo
seletivo utilizado pelas universidades são válidas, mas a questão
fundamental é dar condições iguais a todos, o que só
se consegue com um ensino médio de qualidade. Na terça-feira, Haddad
disse que o vestibular no Brasil é “um horror”, não tem
conteúdo específico e desperdiça talentos. Ronaldo Mota também
faz críticas ao atual formato do vestibular e defende formas alternativas
de seleção.
– Temos um ensino de base muito deficiente no cientifico (atual ensino médio).
Atuando numa formação mais eficaz de professores, conseqüentemente
vamos mudar a qualidade do ensino – diz.

Segundo Mota, os vestibulares tradicionais não priorizam a formação
e a capacidade de raciocínio lógico do estudante, e sim a capacidade
de decorar, o que é insuficiente para formar profissionais. Uma das saídas
é utilizar novos mecanismos como o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) ou o Processo Seletivo Seriado, que consiste em avaliar, por meio de
três provas anuais, o estudante do ensino médio. Por esse último
sistema, as universidades federais reservam 20% das vagas nas universidades
para os aprovados em todos os testes. O método já é aplicado
nos estados do Rio Grande do Norte e do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal,
entre outros.

De acordo com o coordenador do vestibular da UFRJ, professor Luiz Otávio,
o processo seletivo é um mal necessário porque as vagas de nível
superior não são suficientes para atender a toda a demanda que
sai do ensino médio. Segundo ele, se o Brasil tivesse um ensino médio
profissionalizante de qualidade os estudantes não precisariam entrar
numa universidade para ter uma profissão, uma vez que já teriam
condições de entrar no mercado de trabalho.

– O vestibular é um funil e os maiores prejudicados acabam sendo os
alunos de camadas sociais menos favorecidas. Para amenizar, é preciso
ter uma ação combinada: aumento de vagas e uma melhor preparação
dos estudantes do ensino médio – explica o professor.

Opinião parecida tem o deputado do PMDB de Santa Catarina João
Matos, presidente da Comissão de Educação e Cultura da
Câmara dos Deputados do Distrito Federal.

– O atual vestibular é ultrapassado, principalmente porque reduz as
chances de um aluno egresso de um ensino público precário passar.
Vamos realizar no mês de junho seminários, com participação
de especialistas de vários paises, que terão como tema a educação
a distância, além da questão do ensino médio e superior
– diz.

Segundo o pró-reitor de graduação da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp), Luiz Eugênio Mello, a qualidade do ensino
médio está muito precária, entre outras coisas, porque
o aluno que se forma numa boa universidade pública não vai querer
dar aulas para o ensino médio.

– O bacharel em matemática, por exemplo, vai querer trabalhar em grandes
empresas, como a Nasa. Ele acha que merece muito mais, não só
em termos de salário, mas em condições de trabalho. Então
faltam professores qualificados – explica Mello.

Fonte: Jornal O Globo

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