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Universidade testa raciocínio de calouros

by Lucas Gomes

Uma centena de calouros da Universidade Estadual do Colorado serão submetidos
a uma série de testes, antes do início do ano letivo em setembro,
para avaliar sua capacidade de raciocínio, a qualidade de sua escrita
e sua agilidade na solução de problemas. Os dirigentes universitários
esperam descobrir se a universidade propiciará avanços aos estudantes
nessas áreas.

Universidades e faculdades cada vez mais desejam avaliar a qualidade de seu
serviço – tanto internamente quanto em comparação com a
concorrência – e o caminho para isso é medir as habilitações
intelectuais básicas dos universitários.

Na Universidade do Colorado, por exemplo, os professores de engenharia decidiram
solicitar mais texto em seus trabalhos escolares, depois que um teste demonstrou
que os estudantes dessa área estavam ficando para trás de seus
colegas na expressão escrita. Ainda que muitos administradores universitários
concordem quanto à necessidade de alguma forma de teste, acadêmicos
e especialistas em educação estão seriamente divididos
quanto ao que fazer com os resultados.

Algumas universidades, como a Estadual do Colorado, estão promovendo
mais transparência. Elas querem ser consideradas responsáveis pelos
avanços conquistados pelos alunos, e desejam que os pais tomem esses
indicadores como avaliação da qualidade do ensino, em lugar do
ranking anual de universidades do “U.S. News and World Report”.

“As pessoas querem provas de que os impostos e mensalidades escolares
que pagam estão sendo bem usadas”, disse Alan Lamborn, vice-diretor
da universidade. “Se cada instituição estiver se concentrando
em melhorar o trabalho que realiza, o sistema de educação melhorará
e todo o país sairá beneficiado”.

Larry Penley, o reitor da universidade, quer que sua escola se esforce para
melhorar o ensino mas também oferecer aos pais e alunos uma indicação
mais precisa do desempenho da instituição, em comparação
com outras universidades.

A universidade reservou US$ 65 mil a esse tipo de teste, no próximo
ano letivo. No ano letivo que está se encerrando, ela aplicou a Avaliação
Universitária de Aprendizado a 120 estudantes. “Acredito que nós
nos tornamos mais transparentes quando aumentamos a fé que o público
deposita no ensino superior”, disse Penley.

Outras instituições, como a Universidade do Colorado, preferem
usar a informação para propósitos reservados. Dizem que
a dimensão das amostras é pequena, e que os resultados dos testes
são usados para conduzir uma sintonia fina nos padrões de ensino.

E em meio ao movimento nacional por maior responsabilidade de parte das universidades,
muitos professores dizem que o valor real do ensino superior jamais poderá
ser avaliado com um único teste ¿ especialmente se o resultado
não faz diferença prática para os estudantes.

Na Universidade Estadual do Colorado, os calouros que concordarem em passar
pelo teste podem se instalar nos alojamentos um dia mais cedo. Na Universidade
do Colorado, eles ganham um vale de US$ 10 para o refeitório.

“Como professores, estamos sempre interessados em saber que nossos alunos
estão realizando o máximo que podem”, disse R. L. Widmann,
professora de literatura shakespeareana na Universidade do Colorado em Boulder
e presidente do conselho docente da universidade. “Mas muitos professores
se incomodarão com o conceito de um teste padronizado que poderia ser
usado para culpá-los por deficiências de ensino ¿ como se
esse fosse o único fator que determina se um aluno terá ou não
sucesso em seu estudo”.

Alguns se preocupam também com a possibilidade de que não existam
recursos ¿ dinheiro, energia, tempo – a mobilizar caso um problema seja
detectado. “Acredito que isso tenha valor. Deveríamos ser honestos
a respeito, mas também cuidadosos”, disse Bill Timpson, professor
de pedagogia na Universidade Estadual do Colorado. “Deveríamos ter
recursos disponíveis caso um problema seja identificado”.

Os especialistas em ensino superiores e alguns consultores educativos dizem,
porém, que a disparada nos custos do estudo fazem com que os pais se
preocupem cada vez mais com o valor real do ensino universitário. “Não
passa um dia sem que um pai me pergunte se uma determinada escola realmente
vale o custo”, disse Steve Goodman, um consultor que trabalha em Washington
e ajuda pais e alunos em sua procura de universidades e admissão. “É
esse o foco de seu interesse. Ninguém pagaria por férias em que
não se divertisse. Ninguém compraria um carro que não servisse
a algum propósito para o proprietário”.

Cassy Clayman, 18, estudará no campus da Universidade do Colorado em
Boulder, a partir de setembro. Ela está acostumada a testes de avaliação,
porque passou a vida sendo submetida a eles. Mas na universidade sua expectativa
é a de aprender sem ter de provar à universidade que está
aprendendo. Os testes, ela diz, são algo que ela gostaria de esquecer
ao chegar à universidade.

“Não é que elas (as universidades) estejam trabalhando mal”,
disse Patrick Callan, presidente do Centro Nacional de Política de Educação
Superior, “mas que em nossa economia do conhecimento precisamos nos sair
muito melhor do que no passado. Muitos países estão nos deixando
para trás”.

Na Universidade do Colorado em Colorado Springs, entre 600 e 800 alunos de
segundo ano são testados quanto a raciocínio crítico e
habilidade de expressão escrita.

Por conta de resultados nos testes, os professores realizaram ajustes nos currículos
¿ elevando a conscientização internacional no curso de
enfermagem e o ensino de capacidade de raciocínio no programa de artes
e ciências.

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