Home Vestibular Procura por carreira que forma professor cai até 58% na Fuvest

Procura por carreira que forma professor cai até 58% na Fuvest

by Lucas Gomes

Letras, pedagogia e outros cursos ligados à formação de
professores para a educação básica sofreram uma brutal
queda de procura nos últimos anos na Fuvest, que seleciona calouros para
a USP. Algumas carreiras perderam mais da metade do número de inscritos
nos últimos três anos.

A redução nesses cursos na principal universidade do país
ocorre justamente num período de déficit de professores no Brasil.
Segundo o Ministério da Educação, faltam 246 mil docentes
no sistema e 300 mil docentes não são formados na área
de atuação (exemplo: hoje, cerca de 20 mil professores de matemática
são, na verdade, formados em pedagogia).

Educadores ouvidos pela Folha apontam várias causas para essa situação:
baixos salários, migração de alunos para cursos privados
em razão das bolsas do ProUni e a abertura de cursos de ensino a distância.

Os dados sobre o vestibular da Fuvest, tabulados pela reportagem, consideram
a variação entre o exame para ingresso no ano que vem e no de
2006, quando o número de inscritos foi recorde. De um modo geral, considerando
todas as carreiras, houve uma queda de inscrições na Fuvest de
19%.

Em pedagogia, a redução foi de 58,3% (1.930 inscritos a menos);
em letras, de 43,3% (3.393 a menos). Também ocorreu queda nos cursos
que formam professores para disciplinas específicas, como matemática
e física (50,4%); história (46,4%); e química (43,9%).

Como comparação, no período, a procura cresceu muito nos
cursos de engenharia civil em São Carlos (72,7%) e fonoaudiologia em
Bauru (101,6%).

Salário baixo

Para Heleno Araújo Filho, secretário de assuntos educacionais
da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação),
a questão salarial é um dos principais elementos para a baixa
procura dos jovens pela profissão. “Hoje, você encontra concurso
público para policial rodoviário federal com exigência de
nível médio e salário de R$ 5.260. Um professor, com nível
superior, no Estado do Pernambuco, por exemplo, ganha em início de carreira
R$ 762.”

Já Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da USP,
credita a um “possível aumento da oferta” a diminuição
de inscritos e diz não ver como causa a “diminuição
do interesse pela carreira”.

“Houve a expansão das universidades públicas, o ProUni,
que facilitou o acesso às pagas, e a abertura de vagas de ensino a distância
por meio parceira da Universidade Aberta, do MEC, com os municípios.”

Reportagem publicada pela Folha na semana passada mostrou que os cursos semipresenciais
de pedagogia tiveram aumento de 183% nas matrículas nos últimos
cinco anos. Nos cursos presenciais, caíram 4%.

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo

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