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Vestibular foi anulado por denúncia de plágio

by Lucas Gomes

O Conselho Universitário da UFAC (Universidade Federal do Acre) anulou
integralmente o vestibular aplicado em 14 e 15 de dezembro a 17.800 candidatos
em seis municípios do Estado após a denúncia de plágio
em questões das provas de geografia, história e português.
Em oficio encaminhado nesta sexta-feira à reitoria, o Ministério
Público Federal havia recomendado o cancelamento da prova.

Segundo a Procuradoria, 15 dos 85 itens das fase objetiva eram “cópias
idênticas” de questões aplicadas em vestibulares de outros
Estados ou que constavam de apostilas de cursos pré-vestibulares. Todas
estavam disponíveis na internet.

Até mesmo o tema da redação (“Em Terra de Cego, quem
tem um olho é rei”) já havia sido proposto da mesma forma,
diz o MPF, em uma vestibular da Fuvest (fundação ligada a USP).
O tema e o seu enunciado constam de vários sites e livros destinados
a estudantes.

“A elaboração de prova com uso de questões plagiadas
beneficia de maneira decisiva as pessoas que, de alguma forma, tomaram contato
com as mesmas, seja por meio da internet, de aulas em colégios e cursos
pré-vestibulares ou em apostilas, em detrimento de outras que não
tiveram acesso”, diz, no ofício, o procurador regional dos Direitos
do Cidadão, Ricardo Massia.

Há 1.790 vagas para 41 cursos de graduação. Das questões
plagiadas, oito foram identificadas na prova de geografia, seis na de português
e uma na de história. “O número de questões plagiadas,
somadas à questão de redação (…), chega a comprometer
relevante percentual da pontuação do vestibular, conforme o peso
do curso para o qual o candidato se habilitou”, afirma o procurador. Para
o curso de letras, por exemplo, a fraude atingia 50,29% da prova.

Outra possível irregularidade apontada pelo MPF diz respeito a denúncias
de que alguns candidatos foram autorizados a deixar as salas de prova sem o
acompanhamento de fiscais. Há menção também ao caso
de um candidato que pôde entrar na sala de prova dez minutos além
do prazo limite.

Constrangimento

O coordenador da Copeve (Comissão Permanente de Vestibulares) da Ufac,
Camilo Lelis, diz que as questões do vestibular foram elaboradas por
uma comissão formada por 11 professores – chamados de “elaboradores”
e indicados em assembléia pelos departamentos dos cursos.

Pelo trabalho, que consistia em elaborar dez questões de acordo com
sua especialidade, cada integrante da comissão recebeu R$ 1.097. Segundo
Lelis, uma sindicância foi aberta para apurar quem foram os responsáveis
pelo plágio. “É um episódio que nos deixa constrangidos
e tristes, mas que resultará, se comprovado o plágio, em punição
aos responsáveis”, diz o coordenador.

O concurso foi orçado em R$ 500 mil. As inscrições cobriram
o valor. O novo vestibular, que será arcado pela universidade, deverá
ser realizado em fevereiro de 2009, segundo Lelis. O semestre
acadêmico deve ter início em 23 de março.

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