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UFMG esclarece dúvidas sobre adesão ao ENEM

by Lucas Gomes

Os candidatos ao Vestibular UFMG 2011 deverão se submeter
ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que substituirá
a primeira etapa do concurso. A decisão, tomada pelo Conselho
Universitário em 5 de maio, é válida para todo o
sistema de ingresso na UFMG, incluindo cursos presenciais e na
modalidade a distância.

Em função da
decisão, o calendário das provas do Vestibular UFMG 2011
foi alterado: no lugar da primeira etapa, que seria no dia 28 de
novembro de 2010, os candidatos farão as provas do Enem, que
serão realizadas nos dias 6 e 7 de novembro. A data da segunda
etapa ainda será divulgada, quando a Comissão Permanente
do Vestibular (Copeve)
publicar o edital do concurso.Os esclarecimentos relativos às
principais dúvidas sobre a adesão da UFMG ao Enem
são da pró-reitora de Graduação,
Antônia Vitória Aranha, e da pró-reitora adjunta,
Carmela Polito.

Por que a UFMG decidiu aderir ao Enem?

Por
julgarmos que o Enem permitiria um nível de capilaridade maior
para o Vestibular. Todos os países desenvolvidos têm
sistema unificado de seleção, portanto, achamos que
é extremamente positivo reforçar um sistema nacional de
seleção, para ingresso na Universidade. Por fim,
não gostamos da posição em que a UFMG estava,
praticamente isolada, em nível nacional, já que todas as
Ifes do Sudeste tinham aderido de alguma maneira ao Enem e, em
nível nacional, das 59 Instituições Federais de
Ensino Superior (Ifes), 53 utilizam o Exame. Julgamos que era
importante a UFMG integrar, reforçar e contribuir para o
aprimoramento desse sistema.

Como a UFMG decide as questões relativas ao Enem?

Como
a UFMG funciona por meio de órgãos colegiados, essa
decisão foi tomada pela instância máxima de
deliberação da Universidade, que é o Conselho
Universitário. Ou seja, não foi uma decisão
isolada do reitor, de qualquer pró-reitoria nem da Copeve.

Como se deu o processo de decisão? Não foi precipitado adotar o Enem já para este ano?

Essa
discussão vem acontecendo na Universidade há mais de um
ano. Desde que foi criado o novo Enem, em 2009, foi colocada para a
UFMG a questão de aderir ou não. Naquele momento, como
já estávamos com todo o procedimento do nosso vestibular
em andamento, julgamos que não seria possível
alterá-lo em tempo hábil, para incluir o Enem. Mas isso
não se colocava mais em 2010. Tempo hábil havia, mesmo
porque, do ponto de vista regimental, a UFMG define o programa do seu
vestibular com seis meses de antecedência. Isso foi cumprido
rigorosamente – 180 dias antes da prova do Enem, que passou a ser
a nossa primeira etapa, a UFMG publicou o edital do programa.
Não houve nenhum atropelo, todas as instâncias foram
consultadas e opinaram: as congregações, o Conselho de
Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), o Conselho
Universitário e o Conselho Acadêmico da Copeve. Houve uma
discussão interna extremamente rica e fecunda. Não houve
precipitação, ao contrário, o Conselho
Universitário tomou a decisão da forma mais amadurecida
possível.

Que resultados a UFMG espera obter com a adesão ao Enem?

Primeiramente
é uma democratização do vestibular. Evidentemente,
só a adesão ao Enem não resolve plenamente esta
questão, mas em primeiro lugar buscou-se democratizar,
capilarizar o nosso vestibular. Em segundo lugar, reforçar um
sistema nacional unificado de ingresso no ensino superior, pois
consideramos isso um avanço do ponto de vista da
educação no país. E em terceiro lugar contribuir
para o aprimoramento da educação básica. Sabemos
que o Enem mede os conhecimentos necessários ao fim de uma etapa
– que é o ensino médio. Assim, ele aponta, para as
diversas instituições de educação
básica do país, quais são os conhecimentos
fundamentais para que o aluno possa complementar o seu ensino
médio. Nesse sentido, temos a expectativa de que, com a
adesão ao Enem, também estaremos contribuindo para o
aprimoramento da educação básica no país.

A UFMG pensa em acabar com o Vestibular e adotar só o Enem?

Isso
não está no nosso horizonte. Evidentemente pode haver
pessoas que tenham uma posição favorável a isso,
mas estamos consolidando essa decisão de substituir a primeira
etapa pelo Enem e trabalhando apenas nesse sentido.

O
Vestibular da UFMG sempre foi reconhecido como um processo seletivo
eficiente e extremamente seguro. Por que abrir mão dele?

Não
estamos abrindo mão do nosso vestibular. Estamos incorporando a
ele outra prova. A segunda etapa do vestibular da UFMG está
mantida. Com relação à segurança, todo
processo seletivo tem algum tipo de risco. O que é importante
é verificar se os bônus superam os ônus, e estamos
convencidos de que sim. O Ministério da Educação
(Mec) está tentando minimizar ao máximo qualquer tipo de
risco e estamos seguros de que é fundamental apostarmos nessa
questão. Há um movimento inequívoco do Mec, com
ações concretas, de um ano para o outro, no sentido de
minimizar os riscos na segurança. Além do mais, se houver
qualquer problema, não será um problema da UFMG, mas do
sistema federal de educação superior no país. Toda
a inteligência do país em termos de vestibular terá
de ser acionada para resolver. O que não dá é para
deixarmos o medo nos paralisar.

Que perfil de aluno a UFMG espera atrair com a adesão ao Enem?

Não
deverá mudar muita coisa. Já temos, entre os alunos da
UFMG, aproximadamente 50% de egressos de escola pública. Nossa
política de bônus é que causou realmente grande
impacto, sobretudo nos cursos considerados de maior status social, pois
efetivamente houve um ingresso significativo de pessoas egressas de
escolas públicas. Com adesão ao Enem, não
acreditamos que vá mudar muita coisa. Mas se o Enem puder
contribuir para a democratização do vestibular vai ser
muito bom. Com o Enem, o aluno não precisa se deslocar para
fazer a primeira etapa, o que vai facilitar para os alunos cujo
deslocamento era uma barreira. Essa capilaridade é algo que
esperamos seja muito positiva.

Como serão avaliados os impactos do Enem na composição do corpo discente da UFMG?

A
UFMG tem um acompanhamento ano a ano do seu vestibular, que fornecem
dados por exemplo sobre o perfil dos alunos. Trata-se de um trabalho
estatístico muito sério. Há uma
constatação de que a política de bônus
já trouxe uma relativa democratização, com o
ingresso de alunos egressos da escola pública e autodeclarados
negros. Essa nova mudança também será avaliada. O
instrumento Enem permite essa capilaridade, portanto iremos analisar,
como sempre fizemos, qual vai ser seu impacto, e acreditamos que
será muito positivo. Até mesmo porque a
adoção do Enem fez com que baixasse o valor da nossa taxa
de inscrição. Antes prevista para custar R$ 136, passou
para R$ 90, já que o custo do vestibular baixou de R$ 7
milhões para R$ 4 milhões. Isso pode ser visto como um
incentivo, e pessoas que antes não fariam a
inscrição poderão agora se encorajar a fazer
– tanto por considerarem o Enem como uma prova que já
conhecem, quanto pelo fato de que podem prestar a primeira etapa de
longe, sem sair da sua cidade. Acreditamos que a adoção
do Enem é mais um passo no sentido de alcançar essa
capilarização, inclusive, podem vir bons alunos de outros
estados e regiões do país que se desencorajavam em vir
fazer o nosso vestibular, em função do deslocamento.

A
UFMG sempre carregou a fama de ser uma instituição
elitista. A adoção do Enem pode ajudar a reverter essa
imagem?

Acreditamos que sim, e é inclusive a imagem
que queremos quebrar. Não é uma postura muito
simpática todas as universidades federais do estado terem
adotado o Enem e a UFMG não adotar. Não é que
tenhamos medo do isolamento, mas o isolamento tem que ser muito bem
justificado para que não seja interpretado como uma
posição elitista e arrogante.
Existem muitas diferenças entre a prova do Enem e a da primeira etapa do vestibular da UFMG?
A
prova do Enem exige o mesmo conhecimento que exigia a nossa. Há
algumas diferenças, o que não significa que uma prova
seja pior do que a outra. A nossa prova da primeira etapa era
disciplinar, contendo provas de matemática, geografia,
história, etc. No Enem – e isso é um avanço
do ponto de vista pedagógico –, ao invés de se
fazer a prova em termos de disciplinas, faz-se em termos de
áreas de conhecimento, como linguagens, códigos e suas
tecnologias (incluindo a redação), matemática e
suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e
ciências humanas e suas tecnologias. Isso permite que uma
questão seja multidisciplinar, o que é muito rico. Outra
questão é que a prova do Enem é longa, temos
consciência disso, embora seja aplicada em dois dias. Mas achamos
que o ingresso da UFMG no Enem tem que ser uma adesão
qualificada. Isso significa que queremos conversar com o Mec, colocar a
nossa experiência e o nosso acúmulo a serviço
também do aprimoramento do Enem.

A prova do Enem
não é mais fácil que a do vestibular da UFMG? Isso
não compromete o rigor da seleção?

Não
é mais difícil nem mais fácil, é diferente.
Essa diferença não quer dizer inferioridade. Inclusive as
críticas que os estudantes fazem são
contraditórias em relação a isso: enquanto um fala
que essa prova é elementar, o outro diz que ela é
elitista, contendo questões muito contextualizadas e que o
estudante de escola pública não conseguiria
interpretá-la e resolvê-la. Ou seja, do ponto de vista dos
próprios alunos há controvérsias em
relação a isso. Chegamos a analisar detalhadamente a
prova do Enem no próprio Conselho Acadêmico da Copeve. A
constatação é que há algumas
diferenças em termos de matrizes de conhecimento, mas a prova do
Enem também é um bom indicativo para o ingresso na
Universidade.

O aluno que estava se preparando para o vestibular da UFMG terá que rever seu plano de estudo para fazer a prova do Enem?

Em
primeiro lugar, no geral, os alunos já faziam o Enem.
Ninguém fazia só o vestibular da UFMG. Em Minas, se o
aluno fizesse o vestibular de qualquer outra universidade
pública, usaria o Enem. Além disso, nas escolas já
havia um grande incentivo para que eles participassem do Enem, uma vez
que o processo de avaliação e qualificação
das escolas de ensino médio é pautado no resultado desse
Exame. Portanto, dizer que o Enem é uma grande
alteração no cotidiano desses alunos não é
real. Ao aderir ao Enem, a UFMG também coloca em xeque o tipo de
procedimento adotado por grande parte dos cursinhos, que adestram os
alunos em termos de perguntas e respostas muito direcionadas. Isso
não é bom para o conhecimento, para o próprio
aluno e para os futuros ingressantes na Universidade. O interessante
é que o aluno tenha capacidade de responder a diferentes provas
em diferentes contextos. Então, há algum tipo de
alteração? Com certeza, porém muito bem-vinda. O
aluno deve pensar apenas em um estilo diferente de perguntas, pois o
conteúdo é basicamente o mesmo. Além disso, o
candidato acabou ganhando mais tempo para estudar para a segunda etapa,
que foi adiada.

A adoção do Enem não põe em risco a qualidade acadêmica da UFMG?

De
forma nenhuma, até porque estamos mantendo a segunda etapa. Isso
só permite a capilarização, o que não
colocará em risco a nossa qualidade. Isso não faz perder
o mérito da seleção, só o torna mais
democrático, incentivando aqueles que talvez não fizessem
vestibular e agora poderão participar. Alguns candidatos que
antes não talvez participassem do processo, virão. Isso
não mudará o perfil, pois se ele passa naquele crivo,
está totalmente qualificado dentro das exigências de
acesso à Universidade.

Por que, com o Enem, não se exigirá mais a leitura de livros de literatura?

Por
uma questão operacional simples: essas questões eram
cobradas na prova da primeira etapa. Como ela foi suprimida e
substituída pelo Enem, não existem mais essas
questões. Apenas os estudantes que fazem na segunda etapa a
prova de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira terão
os livros como parte do conteúdo a ser cobrado, já que
isso faz parte da prova de Literatura.

Quando e como será a segunda etapa?

Isso
será aprovado pelo Cepe. Estamos agora finalizando o edital do
concurso e a previsão inicial é de que seja no final de
janeiro. A segunda etapa será do jeito que sempre foi. É
o mesmo estilo de prova, as mesmas provas que eram definidas para cada
curso. Não muda nada. Só não haverá mais
redação, que faz parte da prova do Enem. A data depende
dos acertos feitos depois da aprovação do Cepe. A
previsão para a saída desse edital é junho.

Como será a seleção para a segunda etapa?

A
partir do cruzamento das listagens de aprovados no Enem e com
três aprovados por vaga em cada curso. Os estudantes se inscrevem
no Enem e se inscrevem no vestibular da UFMG. Nosso Centro de
Computação vai cruzar a lista de inscritos no nosso
vestibular com os estudantes que fizeram o Enem. Para aqueles que
fizeram duas vezes o Enem, o sistema vai pegar a maior nota, trazer
para o nosso banco de dados e normalizar. Sobre isso será
aplicado o critério de bônus da UFMG e serão
selecionadas as três maiores notas por vaga para a segunda etapa.
É importante reforçar que os alunos de escola
pública estão automaticamente dispensados do pagamento da
taxa do Enem, assim como alunos que pertencem a família de baixa
renda – como aqueles que se formaram há mais tempo ou
estudaram em alguma escola privada mas com bolsa ou algum outro
benefício. Além disso, será reaberto
período de inscrição para isenção da
taxa do vestibular UFMG, a partir do momento em que sejam abertas as
inscrições do Enem, exatamente para que alunos que
não fariam o vestibular da UFMG mas agora querem participar,
não percam essa possibilidade em função da taxa de
inscrição. É importante dizer que os candidatos
não fiquem receosos, apreensivos e preocupados, como ouvimos de
alguns estudantes que compareceram à Universidade. Haverá
o processo de seleção como sempre tivemos, com primeira e
segunda etapas. A diferença é apenas que a prova de
primeira etapa não será mais a nossa prova e sim o Enem.
É preciso continuar estudando para fazer bem a prova do Enem.
Quem faria bem a nossa prova de primeira etapa muito provavelmente
fará bem a prova do Enem. Não podem é entrar em
descontrole emocional só porque mudou o estilo de
questão. Quem sabe, quem tem entendimento, consegue fazer bem as
questões de estilo diferente também. Mesmo porque a nossa
prova também já cobrava uma
contextualização das questões, isso não
é novo para os alunos que fazem o vestibular da UFMG.

Para mais informações, acesse o site do Vestibular UFMG 2011.

Fonte: UFMG
 

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