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Inep estuda ampliar Exame para todos os alunos

by Lucas Gomes

Em entrevista à revista Ensino Superior, o presidente do Inep,
Reynaldo Fernandes, respondeu às críticas do setor aos novos índices
e diz que o Censo do Ensino Superior e o Cadastro Nacional de Docentes serão
reformulados para aprimorar indicadores.

Ensino Superior – O Enade é um instrumento central
dentro do modelo de avaliação do ensino superior brasileiro, mas
é alvo de muitas críticas. Existe alguma intenção
de aprimorar o Exame?

Reynaldo Fernandes – Sim, estamos estudando mecanismos de
melhorar o Enade. A motivação é um elemento importante
numa avaliação. Se a gente conseguir padronizar e criar um mecanismo
que estimule o aluno a fazer bem o exame, isso é bom. Mas não
se pode cair no extremo oposto, é preciso fazer pensar nisso com calma.
Medidas como colocar a nota do Enade no diploma podem ser muito draconianas.
Outro ponto que está sendo estudado é a universalização
do Enade, o que pode trazer impactos positivos. Quanto maior a amostra, maior
a segurança. Mas esse ganho não é tão relevante,
porque a amostra do Enade já é representativa. A universalização
aumenta o prestígio e a credibilidade da amostra. Apesar de essa dúvida
com relação à amostra não ter fundamento, existem
questionamentos sobre a seleção que é feita. Algumas instituições
alegam que os melhores alunos não foram sorteados. A universalização
aumenta um pouco o custo do exame, mas os ganhos são significativos em
termos de credibilidade.

Ensino Superior – O Enade é um instrumento seguro para
basear a construção de indicadores?

Esses são os indicadores que temos no momento. O Censo do Ensino Superior,
por exemplo, não fornece dados bons o suficiente. Por isso, estamos fazendo
uma reformulação do Censo e do Cadastro Nacional de Docentes para
aprimorar a qualidade das informações e contarmos com novos dados.
Isso nos permitirá ampliar o leque de investigação acerca
de variáveis com poder explicativo sobre qualidade e aprimorar a construção
dos nossos indicadores, como o CPC e o IGC. Além disso, é fundamental
considerar que a avaliação in loco continua e o resultado dela
pode gerar uma mudança do CPC.

Ensino Superior – Critica-se o fato de os indicadores terem
sido construídos a partir de apenas um ciclo do Enade.

Uma série histórica realmente possibilita a construção
de mais e melhores indicadores, mas é preciso começar um dia para
que a série histórica exista.

Ensino Superior – Há também críticas
a algumas variáveis dos indicadores, como o número de doutores.

Todos os estudos do Inep demonstram que a variável mais robusta para
explicar qualidade é “professores doutores”. O fato de a lei
não exigir que todos os tipos de instituição tenham professores
doutores não tem nada a ver com a construção de indicadores
de qualidade. Nos testes com o IDD, percebemos que o número de mestres
não produzia impacto na qualidade e, sim, o número de doutores,
por isso este critério foi escolhido e não outro.

Ensino Superior – Sobre o CPC, existe um questionamento por
ele não levar em conta aspectos importantes, como a empregabilidade.
Existe a possibilidade de ampliar os elementos que compõem esse indicador?

Teoricamente, sim, e isso seria bem-vindo. Só que esse dado não
existe. Se existisse, usaríamos. Para o tipo de avaliação
que fazemos, necessitamos de indicadores de larga escala.

Ensino Superior – Um questionamento em relação
ao IGC é que ele foi construído apenas a partir de cursos que
foram avaliados pelo Enade, distorcendo o conceito geral da instituição.

Isso é uma confusão, porque o IGC não é uma amostra
de cursos de uma instituição. Ele diz respeito apenas aos cursos
que foram avaliados pelo Enade. Ele fornece uma média da situação
dos cursos que têm concluintes. Não posso deixar de avaliar porque
nem todos os cursos têm concluintes. Isso não faz sentido, considerando
que o nosso objetivo é começar a criar referências objetivas
para medir a qualidade.

Ensino Superior – Como está o processo de reestruturação
das visitas?

Estamos dando mais liberdade ao avaliador. O instrumento de avaliação
passou a ser quase um guia e serão atribuídos conceitos para cada
uma das dez dimensões que integram o Sinaes.

Fonte: Revista Ensino Superior

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