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Isadora Duncan

by Lucas Gomes


Bailarina norte americana, nascida em 27 de maio de 1877, considerada pioneira
da dança moderna ao romper com os dogmas do balé clássico,
fazendo da improvisação e da espontaneidade as principais características
de seu modo de dançar, criando uma nova escola de dança.

No início do século XX, ela mostrou com sua dança libertária
que era possível ser espontânea, autêntica e emocionante,
deixando de lado toda a rigidez do balé clássico. Sapatilhas de
ponta, espartilhos e roupas apertadas davam lugar a túnicas esvoaçantes
e pés descalços, em movimentos sensuais inspirados nos elementos
da natureza, na cultura grega, e ainda, na filosofia.

Foi a segunda dos quatro filhos do poeta Joseph Charles e da pianista e professora
de música Dora Gray Duncan. Morou em Chicago e, depois, em Nova York,
onde sua maneira de dançar, com os pés descalços, vestida
com túnica leve e tendo por cenário apenas uma cortina azul, não
despertou entusiasmo. Com um treinamento técnico incipiente, ela rejeitou
as regras do balé clássico e partiu para criar um estilo próprio
de dançar, com túnicas esvoaçantes e pés descalços
como sua marca.

Não muito afeita a casamentos, viveu maritalmente com designer teatral
Gordon Graig e o milionário parisiense Eugene Singer, dono das máquinas
de costura do mundo de então, com os quais teve um filho de cada.

Em busca do reconhecimento de seu estilo revolucionário foi para Londres
(1898) e consolidou e sua fama quando fez sua primeira exibição
em Paris (1902). Depois percorreu quase toda a Europa, onde fez sucesso e apresentou-se
nas principais capitais européias, na Grécia e na Rússia
(1904).

Desde o início da carreira, Isadora sonhava investir parte de seus ganhos
na educação de jovens, desenvolvendo novos talentos. Em 1904,
nove anos antes de perder os filhos, já havia começado a colocar
em prática sua visão pioneira de educação.

A primeira escola, em Grunewald (Alemanha) era dirigida pela sua irmã
Elizabeth. Selecionava meninas pobres e cuidava de suas necessidades materiais
e físicas, juntamente com ensino acadêmico tradicional. Estas meninas
eram conhecidas como “Les Isadorables”, ou “The Isadorables”,
um criativo jogo de palavras que faria sucesso em qualquer estratégia
de marketing de nossos dias.

O estilo de Isadora dançar era baseado na improvisação
de movimentos, na natureza e nas manifestações culturais da Grécia
Antiga. As bailarinas também saltavam, corriam descalças e usavam
túnicas de tecido leve, que modelavam suavemente as formas do corpo.
As moças passaram a ser consideradas como filhas e a acompanhavam nas
apresentações e seis delas foram autorizadas a usar o sobrenome
Duncan: Anna, Irma, Margot, Maria Theresa e Lisa.

Em Paris ainda, em 1913, desgraçadamente seus dois filhos, Deirdre e
Patrick, morreram afogados no rio Sena juntamente com sua governanta inglesa,
o que a levou a retirar-se temporariamente de cena.

Depois da primeira guerra mundial, convidada pelo Comissariado da Educação,
mudou-se para a Rússia, ocupando uma casa de dois andares, onde estavam
matriculadas cerca de mil crianças. Em 1921, fundou a Escola Soviética
de Dança, em Moscou.

Reaparece para a opinião pública ocidental em 1922, já
casada com o poeta russo Serguei Yesenin, 17 anos mais moço. No ano seguinte,
viajou com o marido para Estados Unidos, na tentativa de retomar a carreira
no país natal. Em 1924, deixou a América para sempre, desgostosa
com o tratamento discriminatório que recebeu. As autoridades não
podiam tolerar o engajamento de uma cidadã americana com os ideais da
revolução bolchevique.

O casamento – conturbado pelo alcoolismo do casal e brigas constantes – terminou
com o suicídio de Serguei, em 1925. Depois disso ela se estabeleceu na
França e passou seus últimos anos em Nice, na Riviera Francesa.

Espírito da dança moderna

Abalada com a sucessão de perdas afetivas que sempre se seguiam aos
ganhos materiais e artísticos, Isadora torna-se ainda mais extravagante,
imprevisível e escandalosa (para os parâmetros vigentes) ao apoiar
novas tendências como o controle da natalidade e a alimentação
vegetariana.

Aclamada como o espírito vivo da dança e discriminada pela postura
transgressora, feminista, revolucionária, inspiradora de poetas e artistas,
torna-se um ícone de sua época.

Escreveu The Dance (1909) e o autobiográfico My Life
(1927). Além desses e de vários artigos em periódicos,
também postumamente foi editado o The Art of the Dance (1928).

Em 27 de maio de 1927, quando atravessava mais uma fase de decadência,
morreu da mesma forma espetacular como viveu: estrangulada pelo echarpe que
se prendeu às rodas do carro esporte sem capota em que viajava. Desde
a morte de Deidre e Patrick recusava-se a entrar em carros fechados.

Minha arte é precisamente um esforço para exprimir em gestos
e movimentos a verdade do meu ser. E foram-me precisos longos anos para encontrar
o menor gesto absolutamente verdadeiro. As palavras têm um sentido diferente.
Diante do público que acudia em massa as minhas apresentações,
eu jamais hesitei. Dava-lhes os impulsos mais secretos da minha alma. Desde
o início, nada mais fiz do que dançar a minha própria vida.

(Isadora Duncan).

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