Home Vestibular Jovens sul-americanos querem escolas mais atrativas e com horários flexíveis

Jovens sul-americanos querem escolas mais atrativas e com horários flexíveis

by Lucas Gomes

BRASÍLIA – A necessidade de aproximar a educação e a qualificação
profissional, e a de conciliar o estudo com o trabalho, estão entre as
principais preocupações dos jovens da América do Sul. A
conclusão é de pesquisa feita em seis países da região
pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)
e pelo Instituto de Estudos Formação e Assessoria em Políticas
Sociais (Pólis), apresentada nesta segunda-feira durante a posse do novo
Conselho Nacional de Juventude.

A pesquisa, realizada principalmente com jovens de organizações
e movimentos sociais, foi feita por meio de entrevistas e grupos de discussão.
No ano passado, foram ouvidas 960 pessoas na Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Paraguai e Uruguai.

De acordo com a antropóloga Regina Novaes, consultora do Ibase, o estudo
aponta a necessidade de encontrar formas para os jovens poderem estudar sem
deixar de trabalhar.

– Por exemplo, no caso dos jovens rurais, a questão da sazonalidade,
das demandas da agricultura, por que não ter currículos que se
adeqüem a isso? – questiona a consultora.

A socióloga Helena Abramo, que fez a supervisão técnica
da pesquisa no Brasil, disse que para permitir essa conciliação
são necessárias medidas no âmbito da educação
e do trabalho.

– Uma jornada de trabalho que permita conciliar com outra jornada, um trabalho
que não seja tão estafante e uma educação que reconheça
o jovem como trabalhador e que permita esse diálogo.

Os trabalhadores do setor de telemarketing, com 72,5% de jovens entre 15 e
29 anos, são um exemplo da busca por essa dupla jornada. Por isso, o
Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel) de São Paulo
fez parte da pesquisa. Segundo Abramo, o setor foi escolhido por ser considerado
um dos nichos de trabalho para os jovens.

O presidente do Sintratel, Marco Aurélio Coelho de Oliveira, informou
que grande parte dos trabalhadores do setor está fazendo um curso superior,
já que a profissão exige ensino médio completo.

– O telemarketing acaba servindo como um trabalho para pagar a faculdade. Mas,
segundo ele, devido à competitividade do mercado de trabalho, muitos
jovens já têm que trabalhar em dois empregos.

Para Regina Novaes, embora a educação esteja em diferentes patamares
nos países em que as entrevistas foram feitas, todos os jovens ouvidos
expressaram o desejo de ter uma educação mais ligada às
mudanças que vêm ocorrendo no mundo.

– Uma educação de qualidade, não apenas formal, uma escolaridade
que garanta o diploma, mas que garanta também o aprendizado nos moldes
do século 21, que responda às necessidades do mercado de trabalho
– explicou.

A pesquisa conclui também que a demanda dos jovens não é
apenas por trabalho, mas, sobretudo por um “trabalho decente, melhor que
o que têm conseguido encontrar”, destacou Abramo. Outras demandas
comuns estão na área do transporte.

Regina Novaes destacou ainda a preocupação dos jovens com a segurança
e com o meio ambiente:

– Essa geração já reconhece a questão do desenvolvimento
sustentável e tem medo de um futuro sem água, com a camada de
ozônio prejudicada. É uma geração que, mais do que
as outras, tem essas questões ambientais mais próximas em termos
de segurança e de futuro.

A antropóloga acrescentou que o objetivo do estudo é influenciar
as políticas públicas para a juventude nos seis países
pesquisados.

– Vamos continuar tentando dialogar com os gestores públicos, que já
estão encarregados de projetos voltados para a juventude e precisam ouvir
essas informações para qualificar melhor a sua ação.

Fonte: Jornal O Globo

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