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Introdução: 1. Introdução à Lógica

by Lucas Gomes

Tomemos o seguinte raciocínio:

Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.

Logo, Sócrates é mortal.

Pois bem, este é um raciocínio lógico. Os dois primeiros enunciados são as premissas
e o último enunciado é a conclusão. Os fatos apresentados (o fato de que todos
os homens são mortais e o fato de que Sócrates é homem) servem de evidência para
a conclusão. São eles que sustentam a conclusão.

Mas o que é lógica? Veja o que ensina a filósofa Marilena Chauí:

Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos participando de uma tradição de pensamento que se origina da Filosofia grega,
quando a palavra logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o
logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina
filosófica que se ocupa com essas questões chama-se lógica.

A lógica é um dos campos da filosofia, e pode ser considerada uma disciplina introdutória para qualquer estudo filosófico.
Isso acontece porque a lógica lida com raciocínios e argumentos, e raciocínios e argumentos fazem parte de qualquer reflexão
filosófica, seja ela no campo da teoria do conhecimento, da ética, da filosofia política ou da estética.

Hoje em dia temos a lógica tradicional e a lógica matemática ou simbólica. A lógica tradicional é mais simples e mais acessível
que a lógica matemática, mas nem por isso tem menos importância. Pelo contrário, a lógica matemática desenvolveu-se graças aos
avanços da lógica tradicional. A base da lógica tradicional foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles e foi reelaborada
durante a Idade Média. Na segunda metade do século 19 a lógica teve um enorme desenvolvimento até chegar a seu estágio atual, a
lógica matemática ou simbólica.

Os estudiosos definem a lógica de diversas maneiras:

“O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto.” Irving Coppi

“A lógica trata de argumentos e inferências. Um de seus propósitos básicos é apresentar métodos capazes de identificar os argumentos
logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente válidos.” Wesley Salmon

“A tarefa da lógica sempre foi a de classificar e organizar as inferências válidas, separando-as daquelas que não o são. A
importância desta organização não deve ser subestimada, pois usam-se as inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum
como nas ciências formais, sendo um exemplo a matemática.” Jesus Eugênio de Paula Assis

“Para Aristóteles, a lógica é a ciência da demonstração; (…) para Lyard é a ‘ciência das regras do pensamento’. Poderíamos
ainda acrescentar: (…) é a ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na procura e demonstração
da verdade.” Maria Lucia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires

Estas definições têm alguma coisa em comum. Todas elas se referem a inferências válidas, a raciocínios corretos, a leis do
pensamento. O homem sempre foi fascinado pelo pensar e pelas regras deste pensar.

Voltemos ao nosso raciocínio inicial:

Todos os homens são mortais.

Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Nosso raciocínio é correto. Sócrates é mortal! Temos três proposições. As duas primeiras proposições servem de evidência para
a última. Vamos dizer isto em outras palavras: Temos duas premissas que servem de evidência para a conclusão.

Estamos estudando as relações entre as proposições. Estamos estudando o argumento, examinando se ele é válido ou inválido. Essa
é a tarefa da lógica. Não estamos discutindo as idéias de Sócrates e sua condição de homem.

Tradicionalmente a lógica foi considerada um portal de acesso ao estudo da filosofia e das ciências.Faz sentido. Discutir e
argumentar faz parte do debate sobre qualquer questão. No caso das ciências, conhecer um pouco de lógica pode ser muito valioso.
As ciências foram construídas usando procedimentos lógicos e o método científico pode ser visto como lógica aplicada.

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