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Maré vermelha: causas e consequências

by Lucas Gomes


O fenômeno da maré vermelha, provocado
pelo excesso de algas microscópicas

A maré vermelha é um fenômeno natural que provoca manchas
de coloração escura na água do mar. As manchas são
causadas pelo crescimento excessivo de algas microscópicas presentes
no plâncton marinho, num processo chamado de floração.

Dependendo da espécie de alga, a mancha pode adquirir coloração
vermelha, marrom, laranja, roxa ou amarela. Uma vez que a água nem sempre
fica vermelha, o termo “maré vermelha” vem sendo substituído
por “floração de algas nocivas” ou simplesmente “FAN”.

Causas da maré vermelha

Na maioria das vezes, a maré vermelha é causada pela floração
de pequenas algas chamadas de dinoflagelados. Em alguns casos, outros organismos
microscópicos, como as diatomáceas e as cianobactérias,
podem estar presentes.

Os dinoflagelados são organismos unicelulares agrupados numa divisão
das algas chamada de Pyrrhophyta. Em grego, Pyrrhophyta significa planta cor
de fogo. O nome está relacionado à presença de pigmentos
de coloração avermelhada no interior das células dessas
microalgas.

Os dinoflagelados são, em sua maioria, fotossintetizantes, embora existam
algumas poucas espécies heterótrofas, que se alimentam de matéria
orgânica em decomposição ou são parasitas de outros
organismos.


Dinoflagelado

A reprodução geralmente é assexuada por simples divisão
celular ou, em alguns casos, sexuada, ocorrendo através da formação
de gametas. A célula destes organismos possui dois pequenos flagelos,
vindo daí o nome dinoflagelado.

Explosão populacional das algas

O aumento nos níveis de nutrientes dissolvidos na água do mar,
aliado a condições ideais de temperatura, salinidade e luminosidade,
permite que os dinoflagelados elevem sua velocidade de reprodução,
levando a uma explosão populacional dessas algas.

Durante a floração, cada dinoflagelado é capaz de se reproduzir
cerca de um milhão de vezes no período de uma ou duas semanas,
chegando a atingir concentrações de até 10 milhões
por litro de água! Estas condições, juntamente com a ação
de correntes e ventos, promovem a formação de grandes aglomerados
de microalgas, gerando as manchas coloridas que podem ser observadas no mar
durante o fenômeno da maré vermelha.

Consequências da maré vermelha

A floração de microalgas durante a maré vermelha pode
representar uma série de ameaças ao ambiente marinho e ao homem.
Em 1962, na África do Sul, por exemplo, uma floração de
dinoflagelados provocou a morte de mais de 100 toneladas de peixes devido ao
entupimento de suas brânquias.

Algumas espécies de algas que podem se multiplicar durante a maré
vermelha são parasitas de peixes, alimentando-se de seus tecidos e provocando
sérias lesões em seus corpos.

Menos oxigênio na água

A maré vermelha pode causar a queda na qualidade da água do
mar, pela diminuição da concentração de oxigênio
nela dissolvido. Esta diminuição pode ocorrer por duas razões
diferentes. Uma delas é a redução na taxa de fotossíntese
de algas marinhas devido ao sombreamento provocado pelas manchas formadas pelas
gigantescas populações de algas, impedindo que os raios luminosos
penetrem na coluna d’água.

Outro motivo para a redução do oxigênio na água
do mar ocorre devido ao grande número de bactérias decompositoras
que se alimentam dos dinoflagelados mortos e consomem o oxigênio. Existem
registros de casos em que lagostas se arrastam para fora da água, numa
busca desesperada por oxigênio, e acabam morrendo nas praias ou costões
rochosos.

Toxinas

Os dinoflagelados podem produzir algumas toxinas que estão entre os
mais poderosos venenos conhecidos. O envenenamento pode ocorrer de forma direta,
matando peixes e outros organismos marinhos, ou indireta.

Certos moluscos, como os mexilhões e as ostras, não são
afetados diretamente pelas toxinas. No entanto, por serem organismos que filtram
a água do mar, retirando dela seu alimento, podem acumular algas nocivas
e, conseqüentemente, intoxicar indiretamente animais que deles se alimentem,
como pássaros, mamíferos marinhos e até o ser humano.

O consumo de moluscos provenientes de regiões afetadas pelo fenômeno
da maré vermelha deve ser evitado. Alguns dos tipos de envenenamento
indireto, provocado pela ingestão de moluscos contaminados, que podem
atingir o homem são a paralisia por envenenamento, o envenenamento amnésico
e o envenenamento diarréico.

Tipos de envenenamento pelas algas da maré vermelha

A paralisia por envenenamento foi descoberta em 1700 e é responsável
pela morte de centenas de pessoas nos últimos 300 anos. As toxinas que
provocam paralisia atuam no sistema nervoso da vítima e, portanto, são
chamadas de neurotóxicas. Dependendo da concentração da
toxina, a ingestão de um único molusco contaminado pode ser fatal
para o homem.

O primeiro sintoma desse tipo de envenenamento é a sensação
de ardência ou formigamento nos lábios, na língua e nas
pontas dos dedos. Em seguida, ocorre a dormência dos braços, do
pescoço e das pernas, tonturas, descontrole muscular e dificuldade para
respirar. Após um período que varia de duas horas a um dia, pode
ocorrer a morte por insuficiência respiratória.

O envenenamento diarréico provoca intensa diarréia, enjôos,
vômitos, dores de estômago, tremores e calafrios. Estes sintomas
costumam desaparecer em cerca de três a quatro dias e, geralmente, não
levam à morte.

O envenenamento amnésico foi observado pela primeira vez em 1987, no
Canadá, após três mortes e diversos casos de intoxicação
grave devido à ingestão de moluscos contaminados. Os principais
sintomas desta intoxicação são: dores abdominais, vômito,
confusão mental e perda de memória.

Fenômeno em aumento

As toxinas produzidas pelas algas também podem ser levadas para o ar
através dos respingos das ondas e do vento, causando ardor e secura nos
olhos, tosse, irritações na pele e dificuldade de respirar. Estes
sintomas desaparecem em poucos dias e não são perigosos.

A freqüência e a intensidade das ocorrências do fenômeno
da maré vermelha vêm aumentando em todo o mundo. É possível
que este aumento seja conseqüência da atividade humana.

O despejo de esgotos não tratados no mar provoca o aumento da matéria
orgânica na água, aumentando a quantidade de nutrientes disponíveis,
num processo conhecido como eutrofização. A elevação
nos níveis de nutrientes, juntamente com o aquecimento global, proporciona
condições ideais para a floração das microalgas
envolvidas na maré vermelha.

Maré vermelha no Brasil

No Brasil, a última grande maré vermelha ocorreu na Baía
de Todos os Santos, Bahia, em 2007, e provocou a morte de cerca de 50 toneladas
de mariscos e peixes, representando uma ameaça às atividades econômicas
da população local.

Atualmente, os cientistas vêm aperfeiçoando técnicas de
monitoramento capazes de prever quando e onde ocorrerão novos episódios.
Este acompanhamento permite que se conheça melhor o funcionamento do
fenômeno para que, algum dia, possamos abrandar ou até evitar os
problemas causados pela maré vermelha.

Crédito: Página 3 Pedagogia & Comunicação

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