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História da Mecânica: 3. A Mecânica na Idade Média

by Lucas Gomes

O período helenístico é marcado pela continuidade da predominância da cultura
grega nos reinos helênicos da Macedônia, Síria e Egito. A conquista dos reinos
helênicos, por parte dos romanos, marcou o fim da Antigüidade e o início da Idade
Média, que durou cerca de mil anos (do século IV ao XIV d.C.).

Quando a Grécia foi conquistada iniciou-se um processo de assimilação da cultura
grega pelos romanos. Durante esse período, os pensadores dedicaram-se sobretudo
a desenvolver as contribuições culturais dos gregos, criando o pensamento greco-romano,
sem abrir caminhos muito novos na reflexão filosófica.

No império romano houve, em particular, grande evolução na teoria e na prática do Direito, mas os romanos não tinham muito
interesse pelas outras ciências. Esse desinteresse existia também entre os proprietários feudais e a Igreja durante a Idade
Média. Assim, a ciência permaneceu praticamente estagnada por muitos séculos.

Em meio à desagregação do Império Romano, decorrente em grande parte das invasões
bárbaras, a Igreja conseguiu manter-se como instituição social organizada, difundindo
o cristianismo entre os povos bárbaros e preservando muitos elementos da cultura
greco-romana, então chamada de pagã.

Com a fragmentação política e as rivalidades da nobreza feudal na sociedade medieval
européia, a Igreja passou a exercer um importante papel político e cultural, na
função de órgão supranacional, isto é, acima dos interesses nacionais. Tendo também
conquistado ampla riqueza material, ao tornar-se proprietária de aproximadamente
um terço das áreas cultiváveis da Europa ocidental, a Igreja pôde estender o seu
poder a diferentes regiões européias.


Santo Agostinho, de Botticelli

Com o poder da Igreja, o saber filosófico não perdeu aquele significado amplo
e universalizante que possuía na Grécia Antiga, mas não pôde mais ser caracterizado
como uma investigação racional em busca do conhecimento e da verdade, porque a
fé religiosa se tornou o fundamento da sabedoria humana ao invés da razão. Segundo
essa orientação, a filosofia deveria não descobrir a verdade, uma vez que esta
seria revelada por Deus através das escrituras e da doutrina da Igreja, mas demonstrar
racionalmente as verdades da fé.

Alguns religiosos desprezavam a filosofia grega porque nela viam uma forma de
pensamento pagão, portanto, uma porta aberta para o pecado, a dúvida e a heresia
(doutrina contrária à estabelecida pela Igreja). Por outro lado, muitos pensadores
cristãos defendiam o conhecimento da filosofia grega, porque sentiam a possibilidade
de utilizá-la como instrumento a serviço da religião. Para eles, a conciliação
entre a filosofia grega e a fé cristã permitiriam à Igreja enfrentar os descrentes
e demolir, com argumentação lógica, as heresias, isto é, as afirmações contrárias
à verdade, entendida como a revelação de Deus através das doutrinas religiosas.
Daí a defesa das idéias de Platão e, principalmente, de Aristóteles sobre o universo.
Santo
Agostinho
e São
Tomás de Aquino
foram representantes deste tipo de filosofia desenvolvida
na Idade Média pelos pensadores cristãos.


Haroun Al-Rashid

Nesse período de obscurantismo científico na Europa, o recém-nascido Império árabe,
que no século VII se instalou ao sul do Mediterrâneo e chegou à Espanha pelo Estreito
de Gibraltar, incorporou à sua cultura elementos da cultura grega, através do
estudo e tradução dos manuscritos salvos das bibliotecas helênicas, parcialmente
destruídas pelas guerras. No ano 800, Haroun Al-Rashid, da história das Mil
e Uma Noites
, fundou uma escola de ciências em Bagdá, e a cidade de Córdoba,
na Espanha, tornou-se o centro cultural do império árabe na Europa. Os árabes
promoveram progresso considerável em matemática, desenvolvendo a álgebra (nome
de origem árabe), que não era conhecida pelos gregos, e introduziram os algarismos
arábicos, que tornaram os cálculos mais simples do que o sistema romano. Foi talvez
uma das importantes manifestações do crescimento do conhecimento humano com a
relação entre diferentes culturas.

Talvez o ano de 784 possa ser considerado o início do processo de revitalização
da cultura européia. Foi nesse ano que o então dirigente do Império Franco, Carlos
Magno, decretou que todas as abadias do Império deviam ter escolas anexas. No
ano de 1100 foi fundada a primeira Universidade, a Universidade de Bolonha, na
Itália, à qual seguiram um pouco depois as Universidades de Paris, na França,
e Oxford e Cambridge, na Inglaterra, tornando-se todas rapidamente centros reconhecidos
de atividades acadêmicas e culturais.

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