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O Cobrador (Conto), de Rubem Fonseca

by Lucas Gomes

Análise da obra

O primeiro conto, “O Cobrador”, que dá nome ao livro, é sobre um homem que sai pelas ruas cobrando o que lhe devem. O que lhe devem? Dignidade. Quem lhe deve? A sociedade. Na primeira cena, ele está em um consultório de dentista e se recusa a pagar a conta. Por que ele pagaria alguma coisa se ninguém lhe pagava a dignidade que ele merecia? E naquele momento ele declara que não faz mais parte daqueles que são cobrados, mas dos cobradores. Mesmo que se precise de uma arma para isso porque esse preço custa muita violência e radicalismo.

Neste conto Rubem Fonseca detalha os pensamentos de um serial killer que comete seus crimes por acreditar que a sociedade lhe deve algo. No ódio às classes mais abastadas, o ‘cobrador’ descobre o sentido de sua vida, passando a, seletivamente, matar seus ‘devedores’.

O personagem principal de “O Cobrador” não tem nome próprio, embora faça a narração toda na primeira pessoa.

O narrador e suas vítimas disputam dentro da narrativa quem será o mais astuto, e assim, ganhar o jogo de dominação existente na obra: no consultório dentário, há uma disputa entre o dentista e o Cobrador, que não quer pagar pelo serviço do outro e, apesar da diferença física, o narrador sobressai-se por estar armado; na rua, com o homem da Mercedes, a luta é pela preferência de passagem, que era para ser do carro, entretanto o Cobrador atira e fere o motorista; na situação em que se defronta com o vendedor de armas, engana-o pedindo para ver outro equipamento e assim, ter condições favoráveis de matá-lo.

O aspecto da manipulação das pessoas está sempre presente, contudo, o narrador não quer mais ser manipulado e pagar pelas coisas de que precisa. Opõe-se abertamente à sociedade capitalista e nesse sucessivo jogo de apoderação em que está envolvido, deixa transparecer a luta travada entre as classes sociais. O rico domina pelo dinheiro, enquanto o Cobrador, representante dos excluídos sociais, domina pela violência. Um exemplo é a cena do estupro: ele entra no apartamento, apenas amarra a empregada para que não o atrapalhe, porque seu interesse é única e exclusivamente estuprar a dona da casa, numa demonstração de força e poder inconfundíveis, principalmente, pelo fato de o narrador afirmar que a mulher sentiu prazer antes dele, quando normalmente nem prazer sentiria.

Outro exemplo, talvez até mais claro, são os assassinatos do executivo e de um casal. Nos dois casos, segue-se um embate discursivo, em que as vítimas tentam convencer o narrador a pegar o dinheiro e deixá-los em paz. Quando percebem que não dá certo apelam para o emocional, o executivo diz que tem mulher e três filhos e o casal de que a mulher está grávida do primeiro filho. Não obstante, o Cobrador está disposto a continuar sua cobrança, ainda mais que, para ele, as vítimas o achavam sem capacidade intelectual por ser um marginal:

Tirava o facão de dentro da perna quando ele disse, leva o dinheiro e o carro e deixa a gente aqui. Estávamos na frente do Hotel Nacional. Só rindo. Ele já estava sóbrio e queria tomar um último uisquinho enquanto dava a queixa à polícia pelo telefone. Ah, certas pessoas pensam que a vida é uma festa”. (FONSECA, 1997, p. 19);

Ela está grávida, ele disse apontando a mulher, vai ser o nosso primeiro filho. Olhei a barriga da mulher esguia e decidi ser misericordioso e disse, puf, em cima de onde achava que era o umbigo dela, desencarnei logo o feto. A mulher caiu emborcada. Encostei o revólver na têmpora dela e fiz ali um buraco de mina. (FONSECA, 1997, p. 21);

Vamos para sua casa, eu digo. Eu não moro aqui no Rio, moro em São Paulo, ele diz. Perdeu a coragem, mas não a esperteza. E o carro?, pergunto. Carro, que carro? Este carro, com a chapa do Rio? Tenho mulher e três filhos, ele desconversa. Que é isso? Uma desculpa, senha, habeas-corpus, salvo-conduto? Mando parar o carro. Puf, puf, puf, um tiro para cada filho, no peito. O da mulher na cabeça, puf. (FONSECA, 1997, p. 25)

Na narrativa há uma tentativa constante de dominar o outro, mas isso não acontece com o Cobrador, que no jogo da dominação vence seus “adversários” através da agressão, força, morte. Faz uso da violência para alcançar seu objetivo e justifica a sua pela do outro, visto que a rejeição social é a motivadora de seus ataques contra a sociedade. Esse sentimento aparece em alguns pontos do texto: “Era um homem grande, mãos grandes e pulso forte de arrancar os dentes dos fodidos” (FONSECA, 1997, p. 13); com isso, insere-se no grupo daqueles que não têm boas condições de vida, principalmente, quando o termo aparece novamente: “Na praia somos todos iguais, nós os fodidos e eles. Até que somos melhores pois não temos aquela barriga grande e a bunda mole dos parasitas” (FONSECA, 1997, p. 22); na frase: “Me irritam esses sujeitos de Mercedes” (FONSECA, 1997, p. 14); a referência é ao comportamento das pessoas que possuem um veículo desses. Na narrativa, o homem que dirige o carro buzina para que o narrador lhe dê passagem, este porém, entende que está sendo menosprezado e reage. Ainda para comprovar sua inserção no grupo de vítimas sociais, têm-se: “A mão dele era branca, lisinha, mas a minha estava cheia de cicatrizes, meu corpo todo tem cicatrizes, até meu pau está cheio de cicatrizes.” (FONSECA, 1997, p. 15) e; “Sou uma pessoa tímida, tenho levado tanta porrada na vida” (FONSECA, 1997, p. 22); ambas as expressões deixam claro que ele se sente diferente dos demais. Na primeira frase, além das cicatrizes, afirma que a mão do outro era branca, fato que volta a aparecer quando vê Ana pela primeira vez: “Eu quero aquela mulher branca!” (FONSECA, 1997, p. 22); em momento algum existe referência à cor da pele do narrador, contudo, nestas frases, fica a suposição de que não é branco. Mais um motivo para sentir-se marginalizado.

O personagem (o cobrador) a princípio sofre porque se sente em débito consigo mesmo: não tem acesso aos objetos que possam lhe dizer quem ele é; ele não se sente um sujeito, já que se vê privado de tudo aquilo que cobra. Sem acesso aos objetos, torna-se ele mesmo um objeto sem valor, desqualificado, e a única saída é sua busca de qualificação como O Cobrador. Nesse papel, toma para si, simbolicamente, através da violência, o que lhe falta para subjetivar-se, ocupando o lugar do gozo que lhe diga respeito e que lhe é vedado.

O Cobrador faz também uma tentativa de ascese quando sua violência não é mais a esmo e sem vinculações sociais. Agora ele já tem um motivo para matar: ele se insere, com a ajuda da namorada politizada, num clã imaginário de despossuídos, que deverá conquistar à força, o que lhes falta em confronto com os possuidores.

O Cobrador não está livre para agir quando quiser, como se tem a impressão. Ele age com planos em mente, por mais que as coisas aconteçam inesperadamente, como acontece com a morte do motorista da Mercedes. Se o olhar estiver voltado para as suas vítimas, há então, uma outra perda da liberdade individual, porque as pessoas estão sujeitas às mais diversas formas de restrições, não só com referência aos ataques do narrador mas também em relação às atividades sociais desenvolvidas. Isso ocorre com os casais que entram na festa onde o Cobrador procura vítimas, todos entram na casa desejando um tratamento diferenciado, no entanto, são recebidos da mesma maneira.

Esses acontecimentos levam o homem a um sentimento de desencanto da vida e a uma sensação de vazio existencial. Vazio existencial que o Cobrador busca suprir com a tentativa de incitar uma revolução, uma luta para que o ser humano venha a ter um pouco mais de dignidade ou, pelo menos, seja respeitado em sua diferença.

“O Cobrador” levanta a questão da crise de identidade individual no princípio, para fechar com a crise de identidade coletiva; de um por um passa a matar coletivamente e com um objetivo definido: acabar com a distinção social.

O narrador é o representante dos marginalizados. Embora criminoso, resolve inverter o jogo e “justiçar” os detentores do dinheiro e do poder, culpando-os pela sua marginalidade. Essa revelação de estratos sociais diferenciados e a divisão em grupos dentro da mesma estratificação gera a “crise de identidade”. O Cobrador não tem um comportamento fixo e unificado. É um homem que, em momentos de ódio e revolta, agride, estupra e mata pessoas, sentindo-se aliviado e de bem consigo, mesmo quando realiza atos cruéis e violentos:

Quando satisfaço meu ódio sou possuído por uma sensação de vitória, de euforia que me dá vontade de dançar – dou pequenos uivos, grunhidos, sons inarticulados, mais próximos da música do que da poesia, e meus pés deslizam pelo chão, meu corpo se move num ritmo feito de gingas e saltos, como um selvagem, ou um macaco”. (FONSECA, 1997, p. 23)

Em outros momentos o narrador é capaz de extrema bondade, pois cuida da mulher inválida, proprietária da casa que mora. E ainda, em situações que se espera uma atitude agressiva, simplesmente releva, por se tratar de alguém sem condições financeiras. Ele possui também uma outra característica que desestrutura qualquer tentativa de estabelecer um padrão de comportamento: sua paixão por Ana, uma mulher integrante do meio social que o Cobrador odeia.

Tal postura é uma das características da sociedade pós-moderna, que atravessada por diferentes divisões e antagonismos sociais produz uma variedade de “posições do sujeito”. A união do Cobrador e de Ana é, também, a própria característica da desestruturação social, pois não é apenas uma união de amor entre homem e mulher, mas a união de classes sociais totalmente opostas.

No entanto, a aproximação dos dois não resolve o problema das diferenças, apenas destaca ainda mais a luta entre as classes sociais distintas e até mesmo dentro da mesma estratificação. Ana volta-se contra seu próprio grupo social e ainda ensina ao narrador novas técnicas de destruição, que matam mais pessoas em menos tempo.

O Cobrador e Ana não possuem uma identidade definida, identificam-se com alguns aspectos de suas classes sociais, e também, com a classe do outro. Ela volta-se contra seu grupo quando o conhece. Ele não deixa de ler o jornal para saber se foram publicadas suas ações criminosas, em atitude semelhante às suas vítimas que aparecem nas páginas sociais do jornal.

O vínculo entre violência e poder está, em “O Cobrador”, na luta interminável do narrador para se sobrepor à elite dominante, em que a elite seria a causadora da violência de sua exclusão social, porém com poder para extingui-la. Apesar de o Cobrador ser o causador da violência física contra as pessoas da elite, possui um poder destrutivo, mas justificado pela busca do respeito que não lhe é dado.

Um aspecto interessante a ser abordado neste conto de Rubem Fonseca, é a incorporação em seu texto dos meios de comunicação de massa. Em “O Cobrador”, temos referência a jornais cariocas, revista feminina de moda, rádio, cinema e televisão.

O narrador entra em contato principalmente com jornal, cinema e televisão; o primeiro ele utiliza como um meio de informação: “Leio os jornais. A morte do muambeiro da Cruzada nem foi noticiada. O bacana do Mercedes com roupa de tenista morreu no Miguel Couto e os jornais dizem que foi assassinado pelo bandido Boca Larga. Só rindo.” (FONSECA, 1997, p. 18); entretanto, põe em dúvida a credibilidade desse meio de informação, ao mostrar, na última frase da citação, que não foi o “Boca Larga” quem matou o homem. No jornal escrito, busca ainda, saber o que a sociedade faz: “Leio os jornais para saber o que eles estão comendo, bebendo e fazendo” (FONSECA, 1997, p. 18); tem-se então, a evidência do objetivo principal do narrador ao ler os jornais: mostrar a diferença social e que fará vingança contra a burguesia que mantém essa distinção. A distinção está na notícia da morte apenas do rico da Mercedes e depois: “Os jornais abriram muito espaço para a morte do casal que eu justicei na Barra. A moça era filha de um desses putos que enriquecem em Sergipe ou Piauí, roubando os paus-de-arara, e depois vêm para o Rio” (FONSECA, 1997, p. 23); já a vingança está explícita quando, logo após afirmar que lê o jornal para tirar informações dos burgueses, o narrador diz: “Quero viver muito para ter tempo de matar todos eles” (FONSECA, 1997, p. 18).

O cinema é utilizado como um elemento de influência para sua violência:

Com o facão vou cortar a cabeça de alguém num golpe só. Vi no cinema […] um ritual que consistia em cortar a cabeça de um animal, creio que um búfalo, num golpe único. Os oficiais ingleses presidiam a cerimônia com um ar de enfado, mas os decapitadores eram verdadeiros artistas. Um golpe seco e a cabeça do animal rolava, o sangue esguichando. (FONSECA, 1997, p. 16)

O narrador, então, tenta decapitar um homem com um facão, não consegue em um só golpe, mas depois de vários golpes seu intento é alcançado. Tem-se ainda, a referência em que uma mulher lhe pergunta se gosta de cinema e ele fica aborrecido, pois está lendo para ela um poema seu. É uma crítica ao meio de comunicação de massa, que está fazendo com que as pessoas deixem de entender a cultura erudita: “Ela corta perguntando se gosto de cinema. E o poema? Ela não entende” (FONSECA, 1997, p. 17).

A televisão também é um estímulo à violência do narrador. Porém, não por mostrar cenas de violência, como no cinema, mas por criar uma ilusão de que a vida é maravilhosa e sem problemas, direcionada principalmente para a classe burguesa:

Fico na frente da televisão para aumentar o meu ódio. […] Quero muito pegar um camarada que faz anúncio de uísque. Ele está vestidinho, bonitinho, todo sanforizado, abraçado com uma loura reluzente, e joga pedrinhas de gelo num copo e sorri com todos os dentes, os dentes dele são certinhos e são verdadeiros, e eu quero pegar ele com a navalha e cortar os dois lados da bochecha até as orelhas, e aqueles dentes branquinhos vão todos ficar de fora num sorriso de caveira vermelha. Agora está ali, sorrindo, e logo beija a loura na boca. Não perde por esperar. (FONSECA, 1997, p. 16)

O rádio e a revista feminina trazem a chamada de atenção para o fato das pessoas acompanharem a vida dos que estão em evidência social: “Eis-me de novo / ouvindo os Beatles / na Rádio Mundial/” (FONSECA, 1997, p. 18) e; “Essa fodida não me deve nada, pensei, mora com sacrifício num quarto e sala, os olhos dela já estão empapuçados de beber porcarias e ler a vida das grã-finas na revista Vogue” (FONSECA, 1997, p. 17).

O Cobrador é um homem que, ao mesmo tempo que critica o sistema social e os meios de comunicação de massa, quer fazer parte deles. Não como membro da elite, mas reconhecido como defensor da minoria marginalizada, eliminando essa elite e pondo seus atos nas primeiras páginas dos jornais. Tornando-se, assim, não apenas um mero representante da marginalidade, mas o vingador dos marginalizados: “Explodirei as pessoas, adquirirei prestígio, não serei apenas o louco da Magnum. Também não sairei mais pelo parque do Flamengo […] escolhendo a árvore que eu queria ter, que eu sempre quis ter num pedaço de chão de terra batida” (FONSECA, 1997, p. 28).

Em “O cobrador”, Rubem Fonseca produz curto-circuitos que desnudam personagens de todas as origens e pretensões sociais e põem marginais e figurões em pé de igualdade.

O conto “O Cobrador” foi construído evidentemente com base nos verso de Maiakovski: “Come ananás, mastiga perdiz / teu dia está prestes, burguês”. O próprio autor nos dá a indicação, pois seu personagem, tão imbuído de ódio aos burgueses, aos bem situados na vida, chega a exclamar antes de suas vinganças: “Come caviar / teu dia vai chegar”.

Como já vimos, este personagem, o Cobrador, não tem nada de revolucionário, é um revoltado que atua exclusivamente no plano individual, todo o tom é rebaixado, quando se compara o texto com os de Maiakovski. Os poemas capengas do “cobrador” estão aí para reafirmar isto. Sua vingança não vai além do assassínio frio e calculado e, antes de matar, suas palavras insistem numa exigência bem individual: “Tão me devendo colégio, namorada, aparelho de som, respeito, sanduíche de mortadela no botequim da rua Vieira Fazenda, sorvete, bola de futebol”. Outras palavras suas antes de uma “ação”: “Eu não pago mais nada, cansei de pagar!, gritei para ele, agora eu só cobro!”

Fora destes momentos de exaltação, é um rapaz sofrido e sensível, que chega a dizer de si mesmo: “Sou uma pessoa tímida, tenho levado tanta porrada na vida”. Sua relação com a velha dona Clotilde, de quem aluga um quarto, mostra bem o carinho, a ternura de que é capaz. Quando, porém, se assume como “o Cobrador”, seu tom de voz adquire algo maiakovskyano, o maiakovskiano dos momentos grandiosos, hiperbólicos, mas evidentemente com outro timbre. Chega a dizer: “Onde eu passo o asfalto derrete”.

O amor atinge o rapaz de modo completamente inesperado para o leitor, numa figura de moça da burguesia. E é completamente inesperado, também, o toque de erudição no seu monólogo: “Faço hora para ir na casa da moça branca. Chama-se Ana. Gosto de Ana, palindrômico”. E, no desenrolar de seu romance, refere-se a ela mais uma vez como Ana Palindrômica. Outras alusões maiakovskianas são também evidentes no conto. Numa passagem ele diz: “Estamos no meu quarto, em pé, sobrancelha, / com sobrancelha, como no poema”. Tem-se aí uma referência direta à Carta de Maiakovski a Tatiana Iácovlevla: “Na estatura / só você me ombreia, / fique, pois, / sobrancelha a sobrancelha, ao meu lado.”

As ações individuais violentas do “cobrador”, no final, transformam-se em algo de maior amplitude, ele parte em companhia de Ana para executar morticínios; todavia, por mais que afirme: “Agora sei. Ana me ajudou a ver”, em nenhum momento se vislumbra um revolucionário.

Portanto, em “O Cobrador”, Rubem Fonseca descreve os pensamentos de um assassino em série que pratica seus atos por sentir que a sociedade lhe deve algo. Sua cobrança é destinada a qualquer infeliz que porventura cruze seu caminho. Sua forma de aumentar e não esquecer o ódio que sente é assistir pela TV o apelo incessante de uma sociedade cada vez mais consumista. No desfecho da história, o Cobrador encontra um sentido político para sua “missão”. Ele percebe que seu ódio estava sendo desperdiçado e vaticina: “o meu exemplo deve ser seguido por outros, muitos outros, só assim mudaremos o mundo”.

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