Home EstudosLivros Na venda do meu pai, de Luiz de Paula Ferreira

Na venda do meu pai, de Luiz de Paula Ferreira

by Lucas Gomes

Em Na venda do meu pai, Luiz de Paula apresenta-nos relatos, histórias, “causos”, primorosamente
construídos, em que adivinhamos a simpatia do narrador pelas coisas e fatos simples e triviais, pelo
homem interiorano comum e naturalmente cheio de sabedoria.

A obra é uma receita de bem viver, doce lembrança, sonhos de amor-menino, dose quase
divina de fruída saudade de quem sempre soube e sabe viver. Este livro traz em todas as suas páginas –
mesmo nas ditas de ficção – um conteúdo de humanismo dos melhores que a literatura já teve.

A obra nos familiariza com tipos humanos diversos em cenas revividas pela prodigiosa memória do adulto
de hoje que retorna a seu tempo de menino na venda do pai.

Era lá, naquele universo, que ele via, ouvia e percebia os fatos, os seres, as sutilezas que transporia
para essa obra tão rica de conteúdo humano.

O texto de Luiz de Paula é agil, vigoroso; a linguagem extremamente rica e pitoresca; a trama permeada
de leveza, bom humor, de constatação sincera e cativante de fatos pessoais e da vida simples das gentes
de Várzea da Palma e de Montes Claros da primeira metade do século XX.

A obra Na venda de meu Pai apresenta o tom regionalista pitoresco e leve, pincelado de humor e
reminiscências de uma época antiga, amorosamente guardada e escrita. É, em síntese, um registro de uma época, um retrato de pessoas e paisagens de nossa região
primorosamente apresentado pelo autor – narrador e personagem que, com indevida modéstia diz que se
serve das horas noturnas em que lhe falta o sono “para rabiscar lembranças”.

Não são rabiscos e tampouco “minguado produto” o que se encontra em Na venda do meu pai; pelo
contrário, encontra-se o produto de alguém com argúcia e sensibilidade para perceber o fascínio da vida
por trás dos pequenos fatos do dia-a-dia.

A leitura da obra é uma oportunidade ímpar de conhecer esse tempo de outrora que
se materializa aos olhos do leitor jovem ou que se reconstrói aos olhos do leitor
mais vivido.

Posts Relacionados