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Negrinha (Livro), de Monteiro Lobato

by Lucas Gomes

Negrinha, publicado em 1920, segundo os especialistas em Monteiro Lobato, reúne o melhor em sua obra de literatura não-infantil. São vinte e dois contos, alguns são de sua fase atormentada, antes de viajar aos Estados Unidos. “Negrinha”, “O Jardineiro Timoteo”, “O colocador de pronomes” e a obra-prima, “A facada imortal”, que foi escrita em seu regresso, são alguns deles.

Muitos contos de Negrinha são experimentos com as linguagens dramática ou cinematográfica, que conferem a seu texto maior velocidade e promovem deslocamentos temporais e narrativos curiosos.

Os contos abordam tragédias, ódio e romantismo. Os personagens destes 22 contos são um retrato da população brasileira das décadas iniciais do século XX. Através deles, Lobato denuncia e desnuda os bastidores de uma sociedade patriarcal que deixa entrever os vestígios de uma persistente mentalidade escravocrata, mesmo décadas após a abolição.

O conto “Negrinha” é narrado em terceira pessoa, é impregnado de uma carga emocional muito forte. Leia mais…

No conto “As fitas da vida”, um velho, ex-soldado da Guerra do Paraguai, sozinho e cego, acaba por engano sendo levado ao prédio da imigração em São Paulo. Velho e cego, ele declara que gostaria de reencontrar seu antigo capitão, ao qual serviu durante a guerra. Se queixava sempre de que todas as suas desgraças provinham de ter perdido o seu capitão durante a Guerra do Paraguai, e dizia que, se ele encontrasse o seu capitão, as suas agruras teriam fim, e até a visão certamente ele recobraria. Ele acreditava que o bom homem seria capaz de cura-lo até mesmo da cegueira.

E, afinal, um dia, aparece, incógnito, o seu querido capitão, e este, para experimentar a fidelidade do velho cego e identificá-lo, fala mal de si próprio, diz que o capitão não passava de um covarde, etc. e o cego se enfureceu, e chorou, e disse que não se insultava assim uma pessoa que não poderia reagir… Então, “mal pronunciara essas palavras, sentiu-se apertado nos braços do Major, também em lágrimas, que dizia: – Abrace, amigo, abrace o seu velho capitão! Sou eu, o antigo capitão Boucault…”

A partir daquele momento a vida do cego mudou, ele foi operado e recuperou a visão e tudo passou a lhe sorrir porque ele achara o seu capitão.
E ele exclamava: – “Achei meu capitão! Achei meu pai! Minhas desgraças acabaram-se!…”

Então, o médico-capitão o encaminhou para uma cirurgia de catarata, devolvendo-lhe de fato a visão.

Em “O drama da geada”, um rico fazendeiro do café enlouquece, depois de ver todo seu cafezal queimado pela geada. Durante a noite ele desaparece e, depois de muito procura-lo, seus parentes o encontram pintando de verde as folhas amareladas pela geada.

O autor constrói neste conto a ambientação em frases curtas, como as encontramos no texto dramático:

Junho. Manhã de neblina. Vegetação entanguida de frio. Em todas as folhas o recamo de diamantes com que as adereça o orvalho.
Passam colonos para a roça, retransidos, deitando fumaça pela boca.
Frio. Frio de geada, desses que matam passarinhos e nos põem sorvete dentro dos ossos.
Saímos cedo a ver cafezais, e ali paramos, no viso do espigão, ponto mais alto da fazenda.
(LOBATO, 1951, v. 3, p. 21)

O trecho acima abre o conto de forma muito próxima do texto dramático em sua forma concisa de descrever o cenário, no uso do Presente do Indicativo para descrever a ação das personagens antes que se dê o primeiro diálogo.

No relato de “O Bugio moqueado”, o narrador nos fala de sua experiência assustadora depois de ter visitado um bruto fazendeiro no Mato Grosso. Ele jantou com o homem e viu que uma estranha carne fora servida à esposa do fazendeiro. Ela comeu a contra-gosto o esquisito prato. Mais tarde, conversando com um amigo negro, descobrira que esse tal fazendeiro teria assassinado e moqueado (preparado a carne) um negro de sua fazenda por suspeitar que ele tivesse tido um caso com a sua esposa, o que se supunha pura maledicência.

O escritor retorna ao tema da decadência e morte do sertão brasileiro tratada a partir da história sombria e aterradora de um marido provavelmente traído (um poderoso coronel-fazendeiro) que mata o suposto amante da esposa e a obriga a comer sua carne. Formalmente, o texto apresenta uma estrutura interessante, uma vez que existem dois enredos que servirão de condutores da história. O narrador descreve um jogo de pelota; a descrição é interrompida para o protagonista narrar o segundo e principal enredo, que posteriormente também é interrompido para se voltar ao jogo. Ao final do conto ambos fios condutores se entrecruzam com a intervenção de um segundo narrador, que oferece o desfecho da trágica história. Todo o texto é marcado pelo uso constante de diálogos, conferindo maior dinamismo à narrativa e um caráter de linguagem informal, como se fosse uma conversa entre os participantes do jogo de pelota.

Neste conto a novidade está na adequação entre assunto e estrutura da narrativa, uma vez que o inusitado dos fatos contamina a construção do texto. Apoiado na estrutura dos “causos” narrados pelos interioranos ao pé das fogueiras nas fazendas, o conto relata um estranho fato ouvido pelo narrador durante um jogo pelo sertão de Minas Gerais. Ao construir uma narrativa sobreposta a outra, ancorada em crenças e histórias populares, com uma linguagem bastante próxima a essa realidade insólita, Lobato aproximou-se tanto do Macunaíma, de Mário de Andrade, como da linguagem mito-poética de Guimarães Rosa, trinta anos depois.

O conto “O jardineiro Timóteo”, apesar de “escorregões” em esteriótipos racistas, é um relato sensível e triste sobre a violência contra os negros no Brasil, podendo ser lido ainda como um lamento sobre certo lado destruidor da humanidade. Lobato parece questionar a modernização a qualquer preço, aquela que destrói sem critérios, sem pesar os sentimentos de quem participou da construção no momento anterior. Leia mais…

Em “O Fisco” o cenário é a cidade de São Paulo, mais precisamente, o parque do Anhangabaú. Leia mais…

O conto “Os negros” é o mais longo da coletânea, contém vinte e seis páginas e está dividido em vinte e dois capítulos. Conta a trágica história de amor entre a filha de um fazendeiro e um empregado português. Leia mais…

Em “Barba Azul”, um amigo do narrador conta-lhe a história de um facínora que descobriu um terrível meio de enriquecer: casava-se com mulheres feias, magras e pequenas, inaptas para o parto; fazia-lhes seguro de vida e , assim que engravidavam, morriam no parto, deixando-o com o dinheiro do seguro.

Pânfilo Novais, o Barba Azul, era um rico aristocrata, assustador por ser muito feio, com uma horrível barba azul. Ele já havia se casado três vezes, mas ninguém sabia o que tinha acontecido com as esposas, que desapareceram. Quando Barba Azul visitou um de seus vizinhos e pediu para casar com uma de suas filhas, a familía ficou apavorada. O Barba Azul acabou por convencer a filha caçula. Os dois se casaram e foram viver no castelo do nobre.

Pouco tempo depois do casamento, o Barba Azul avisou que iria viajar por uns tempos; ele entregou todas as chaves da casa para sua esposa, incluindo a de um pequeno quarto que ele a havia proibido de entrar. Logo que ele se ausentou, a mulher começou a sofrer de grande curiosidade sobre o quarto proibido. Ela contou à sua irmã que a convenceu a entrar no quarto. Ao satisfazer a curiosidade e entrar no quarto, ela descobriu seu macabro segredo: o chão estava todo manchado de sangue, e os corpos das ex-esposas do Barba Azul estavam pendurados na parede. Apavorada, ela trancou o quarto, mas não viu que o sangue havia sujado a chave.

Quando Barba Azul retornou, ele imediatamente percebeu o que sua esposa tinha feito. Cego de raiva, ele a ameaçou, mas ela conseguiu escapar e trancar-se junto da irmã, na torre mais alta da casa. Quando o Barba Azul, armado com uma espada, tentava derrubar a porta, chegaram dois irmãos das mulheres. Os irmãos mataram o nobre enlouquecido e salvaram as mulheres. A mulher ficou com a fortuna do marido morto: com parte do dinheiro, ela ajudou sua irmã a casar com seu amado; outra parte ela deu a seus irmãos. O dinheiro restante ela guardou para si, até se casar com um cavalheiro que lhe fez esquecer do suplício que passara.

O conto “O colocador de pronomes” ilustra muito bem o desinteresse e o desapego de Lobato quanto ao rigor gramatical. Leia mais...

Em “Uma história de mil anos”, Monteiro Lobato interpreta os valores expressivos dos sons com que representamos o canto dos pássaros, bem como de vocábulos onomatopéicos que a Língua Portuguesa herdou do tupi. Vidinha é uma bela jovem, um anjo de candura, vive com a família nos confins do interior, sem sonhos, ilusões ou paixões. Um dia, um forasteiro desperta em seu coração o amor, beija-lhe e desaparece. Na solidão, agora percebida depois de conhecer o amor, Vidinha definha, entristece e acaba morrendo.”Não vive na terra o que não é da terra”.

No conto “Os pequeninos” o personagem se sente aprendiz da dolorosa vida sangrenta dos animais selvagens por ter calado a voz interior, que lhe ditava tolas lembranças do passado, e ter aberto o ouvido agudo e curiosíssimo para ouvir as peripécias duma estória original contada por um desconhecido. Enquanto espera o navio que trará um amigo de Londres, o narrador ouve histórias dos marinheiros. Uma delas narra um episódio em que um gaviãozinho ataca uma ema, cravando-lhe sob as asas as suas garrinhas e bicando-lhe sem piedade a carne viva e macia. Sem defesa, a grande ema é vítima do gaviãozinho. A outra história é de um português, Manuel, que é acusado de roubar um saco de arroz e depois descobre que quem o roubou foram as formigas, tão pequeninas. Enfim o narrador recebe o amigo, tuberculoso, vítima do pequenino bacilo de Koch.

No conto, o personagem se sente aprendiz da dolorosa vida sangrenta dos animais selvagens por ter calado a voz interior, que lhe ditava tolas lembranças do passado, e ter aberto o ouvido agudo e curiosíssimo para ouvir as peripécias duma estória original contada por um desconhecido.

O tema de “A facada imortal” é simples: uma facada que Indalício deu em seu companheiro de roda, Raul. A abordagem baseada na psicologia do “mordedor” se reveste em uma de narrativa primorosa. O conto foi escrito por uma razão sentimental, para dar alegria a Raul de Freitas, seu amigo doente, personificado em Raul. Raul de Freitas recebeu o trabalho de Lobato como morfina para suas aflições de saúde. Trata-se de um célebre golpe que Indalício Ararigbóia deu em seu amigo Raul. Chamava-se na época FACADA o empréstimo que se fazia sem a intenção de pagar. O golpista era conhecido por faquista. Indalício consegue arrancar um empréstimo do pão-duro amigo Raul ao mexer com a vaidade do amigo. Após o golpe, Indalício sente-se vitorioso e Raul sente-se derrotado.

Em “A policitemia de Dona Lindoca”, temos a protagonista, D. Lindoca, desgostosa do descaso e das traições do marido, queixando-se de um mal-estar. Procura então o doutor Lorena, um médico charlatão, e descobre-se vítima de uma policitemia (aumento no número de glóbulos vermelhos no sangue). O médico recomenda-lhe descanso e carinho da parte do marido. A vida está uma maravilha, até que o médico é descoberto e foge da cidade. O marido volta ao
descaso e dona Lindoca sente saudades da policitemia.

No conto “Duas cavalgaduras”, o narrador conta que havia lido um conto de Ribeiro Couto, em que um estudante mata um judeu, dono de um sebo, depois que este lhe explora num negócio de livros. O narrador suspeita que a história se refere a um judeu, dono de um sebo que ele conhece. Ele vai até o sebo, lá vê um coelhinho de lã que imagina ter sido comprado pelo judeu de uma pobre criança faminta. Depois de interrogar o judeu acerca do coelhinho, o narrador descobre que se tratava de uma lembrança que o judeu guardava de um seu filho adotivo que morrera ainda jovem. A imagem de judeu ganancioso de desfaz e o narrador escreve ao amigo Ribeiro Couto dizendo-lhe:”Somos duas cavalgaduras”.

Duas cavalgaduras é um exercício metaliterário. O personagem-narrador começa sua história resumindo um conto de Ribeiro Couto, O crime do estudante Batista, e se diz impressionado por um dos tipos elaborados por Couto, um vendedor de livros judeu (e mulato). O narrador acredita existir tal figura e começa a procurá-la; e numa loja próxima ao palácio do Catete o curioso “herói” encontra um comerciante muito parecido. Lobato, por meio de seu personagem, interrompe a narrativa e inicia uma segunda história – a interrupção é marcada pela frase “Abra-se um parêntesis”-, toda ela fruto da imaginação do personagem, dando a impressão de que Lobato perdeu o controle sobre a narrativa.

Na segunda história, as relações entre vida e arte, a todo momento, são questionadas e discutidas (a citação explícita a Oscar Wilde e seu O retrato de Dorian Gray não é à-toa). Este segundo mote chega ao fim assinalado por um “Fecha-se o parêntesis”; a narrativa “principal” é retomada e o personagem reinicia suas investigações sobre o vendedor de livros, e conclui que ele nada tem a ver com o tipo descrito por Ribeiro Couto. Outro recurso formal utilizado por Lobato é o convite, repetido várias vezes, para as interferências do leitor, ou diretas (quando é o próprio leitor quem dialoga com o escritor) ou indiretas (pelo uso das reticências, que abrem um outro tempo e um outro espaço no interior do texto para as reflexões do leitor; por intermédio de períodos muito curtos, quase telegráficos, estimulando o leitor a completá-los, a pensar sobre eles).

Na refinada elaboração desse conto é possível notar o quanto o processo de autonomização do campo está presente no texto: ao se utilizar de um conto de Ribeiro Couto para construir o seu próprio, quando toma de empréstimo parte de um outro enredo para tecer sua narrativa, ao citar explicitamente não apenas um segundo escritor mas até um personagem alheio, Lobato reafirma uma certa tradição do campo e rende tributo à história interna do campo literário. Retomar a história interna ao campo, ou seja, retomar outros escritores, outras histórias e personagens, significa continuar a escrevê-la.

Em “O bom marido”, Teofrasto Pereira da Silva Bermudes é um explorador. Casou-se com Isabel, que teve de sustentar o folgado trabalhando como professora enquanto ele discutia política na farmácia. Mas ele era carinhoso e tratava a esposa sempre com dengos, fazendo-se de injustiçado pelo destino. A pobre Isabel adorava o marido, mas morreu de tanto trabalhar para sustentar os filhos e o marido. Ele, então, casou-se com a dona da quitanda, que tinha ouvido falar do quanto era bom o tal de Teofrasto.

No relato “Marabá”, o narrador dá ao leitor uma receita de romance romântico. Ele propõe uma recriação do universo romântico a partir de ícones consagrados: A índia Iná liberta um prisioneiro branco da tribo, foge com ele e gera uma filha, Marabá. O índio Ipojuca se apaixona por Marabá e, depois de perseguidos pela tribo, acabam acolhidos pelo exército português. Ipojuca está ferido, um capitão reconhece Marabá como sendo sua filha e a abraça. Sem entender a cena, Ipojuca flecha e mata a sua jovem esposa, morrendo também de um ferimento. Leia mais...

No conto “Fatias da vida”, em uma conversa com um cônego, o “esquisitão” Bonifácio observa que a caridade nem sempre é boa. Ilustra sua tese com a história de sua lavadeira Isaura, que perdeu dois filhos e uma neta por culpa da caridade de uma vizinha. Eles estavam com gripe e foram levados ao hospital. Lá pegaram infecções mais graves e vieram a falecer. O cônego não soube o que responder.

Em “A morte do Camicego” vemos um um monstro imaginário criado por um menino de 4 anos, Edgard. Um dia, ao ver um morcego morto, Edgard o identificou como sendo o famigerado Camicego. Estava aí desfeito o medo diante do misterioso monstro.

Nesta narrativa notamos vários elementos importantes para a posterior construção da literatura infantil lobatiana, como a presença da cozinheira Anastácia, o imaginário infantil, a incapacidade generalizada dos adultos em se relacionar com as fantasias pueris. Apesar de o conto não ser datado, é razoável supor que é anterior a 1926, ano a partir do qual Lobato se voltaria com mais afinco à literatura infantil.

Esta narrativa,“Quero ajudar o Brasil”, é uma crônica por meio da qual o autor relata sua experiência na campanha pela exploração do petróleo no país. Um negro, funcionário da Sorocabana, procura pelos incorporadores da empresa que luta pela exploração do petróleo (seria de Lobato?) e deseja comprar 30 ações da empresa no total de 3 contos, toda a economia de uma vida inteira de trabalho duro. Ele declara que não se importa com os riscos que corre, pois tudo o que quer é ajudar o Brasil.”Abençoado negro!… Os teus três contos foram mágicos. … Trancaram com pregos a porta da deserção.”

No conto “Sorte grande”, Maricota é filha de dona Teodora. Moram numa pequena cidade, Santa Rita, com mais seis irmãos. Vivem na pobreza e, para piorar, Maricota desenvolve uma doença rara que lhe faz crescer o nariz. Do tamanho de uma beterraba, o nariz agora é notório e vexatório. A família junta um dinheiro para uma consulta com um especialista de uma cidade grande, mas no caminho, num barco, Maricota conhece um jovem médico, Dr. Cadaval, que se interessa pelo seu caso e a convida para uma tratamebto no Rio de Janeiro. Maricota aceita se mudar para o Rio desde que o dr. lhe consiga alguns favores, emprego para os irmãos e até casamento para as irmãs. Afinal ele, como pesquisador irá colher os louros da vitória pela descoberta do Rinofima, nome do tumor de Maricota. Ela acaba operada e seu nariz volta ao normal, a família se ajeita e o médico ganha fama. O que fora considerado uma vergonha, agora passou a ser chamado de sorte grande pelo povo de Santa Rita.

Em “Dona Expedita” vemos a protagonista, Dona Expedita, uma senhora de 60 anos que ainda diz a todos que tem 36. Ela procura um emprego de criada para serviços leves, mas a situação está difícil. O narrador então nos conta dois episódios engraçados vividos por ela na sua bysca por um emprego ideal. Um dia ela viu no jornal uma oferta de emprego leve de acompanhante para o qual se pagaria 400 mil réis por mês, mas ao chegar ao local descobriu que se tratava de um erro no anúncio, o salário seria de 40 mil réis. O segundo episódio foi quando uma imigrante alemã a procurou falando de um serviço excelente, de uma boa patroa e um bom salário. Dona Expedita achou que ela era a patroa interessada em contratá-la, mas descobriu desconsolada que a alemã também procurava por um emprego assim.

No conto “Herdeiro de si mesmo”, temos Lupércio Moura, aos 36 anos, que começa a ser acompanhado por uma maré de boa sorte. Tudo conspira para seu enriquecimento. Por acaso, embriagado, acaba comprando o casco de um velho navio, uma sucata, por 45 contos de réis, tudo o que possuía. Um ano depois, o preço do ferro sobe em função da guerra e ele vende a sucata por mais de 400 contos. No fim da vida está rico, uma fortuna de 60 mil contos, sem ter um herdeiro. Então, procura o médium, dr. Dunga e pede-lhe que se informe com os espíritos sobre quem será sua mãe na sua próxima encarnação, para fazê-la depositária da fortuna dele no seu testamento, queria ser herdeiro de si mesmo.

Crédtos: Prof. Manuel, Colégio Sagrado Coração de Jesus, Marília, SP | Elizamari Rodrigues Becker, Doutora em Literatura Comparada, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRSG) | Enio Passiani, Mestre em Literatura, Unicamp, SP | São Paulo – Educando pela diferença para a igualdade – UFSCar – Mód. 2.

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