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O coronel e o lobisomem, de José Cândido de Carvalho

by Lucas Gomes

1. (UNIFESP) INSTRUÇÃO: O trecho do conto Uns braços, de Machado de Assis, é base para responder
às questões de números 01 a 05.

          Havia cinco semanas que ali morava, e a vida era sempre a mesma, sair de manhã com o Borges, andar por
audiências e cartórios, correndo, levando papéis ao selo, ao distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de
justiça. (…) Cinco semanas de solidão, de trabalho sem gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas
de silêncio, porque ele só falava uma ou outra vez na rua; em casa, nada.
          “Deixe estar, – pensou ele um dia – fujo
daqui e não volto mais.”
          Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado
pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera não lhe
permitira encará-los logo abertamente, parece até que a princípio afastava os olhos, vexado. Encarou-os
pouco a pouco, ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim os foi descobrindo, mirando e amando. No
fim de três semanas eram eles, moralmente falando, as suas tendas de repouso. Agüentava toda a
trabalheira de fora, toda a melancolia da solidão e do silêncio, toda a grosseria do patrão, pela única
paga de ver, três vezes por dia, o famoso par de braços.
          Naquele dia, enquanto a noite ia caindo e
Inácio estirava-se na rede (não tinha ali outra cama), D. Severina, na sala da frente, recapitulava o
episódio do jantar e, pela primeira vez, desconfiou alguma cousa. Rejeitou a idéia logo, uma criança! Mas
há idéias que são da família das moscas teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas tornam e pousam.
Criança? Tinha quinze anos; e ela advertiu que entre o nariz e a boca do rapaz havia um princípio de
rascunho de buço. Que admira que começasse a amar? E não era ela bonita? Esta outra idéia não foi
rejeitada, antes afagada e beijada. E recordou então os modos dele, os esquecimentos, as distrações, e
mais um incidente, e mais outro, tudo eram sintomas, e concluiu que sim.

01. De início, morar na casa de Borges era solitário e tedioso, o que levou Inácio a pensar em
ir embora. Todavia, isso não aconteceu, sobretudo porque o rapaz

A) passou a ser mais bem tratado pelo casal após três semanas.
B) teve uma educação que não lhe permitiria tal rebeldia.
C) se pegou atraído por D. Severina, com o passar do tempo.
D) gostava, na realidade, do trabalho que realizava com Borges.
E) sentia que D. Severina se mostrava mais atenciosa com ele.

COMENTÁRIO: De acordo com o texto, Inácio “sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços de D.
Severina”.

2. Analise as duas ocorrências:

     …uma criança!
     Criança?

Essas duas passagens mostram que

A) tanto os sentimentos de D. Severina como a sua razão mostravam-lhe que Inácio era ainda muito jovem
para se dar às questões do amor.
B) havia duas vozes na consciência de D. Severina: uma lhe proibia o desejo; outra o mostrava como
possibilidade.

C) D. Severina via Inácio como uma criança apenas, o que a perturbava muito, por sentir-se atraída por
ele.
D) D. Severina rejeitava qualquer possibilidade de uma relação com Inácio, já que não nutria nenhum
sentimento pelo rapaz.
E) havia um embate entre a consciência e a educação de D. Severina, o qual a impedia de aceitar o amor do
rapaz.

COMENTÁRIOS: Na primeira ocorrência, “… uma criança!”, ela (D. Severina) “rejeitou a idéia
logo”. Na segunda, já procura ver uma possibilidade do amor: “(…) ela advertiu que entre o nariz e a
boca do rapaz havia um princípio de rascunho de buço. Que admira que começasse a amar?”.

3. Ao conceber-se bonita, D. Severina entendeu que

A) era possível Inácio estar apaixonado por ela.
B) sua beleza não era para ser desfrutada por uma criança.
C) a traição a Borges seria um grande equívoco.
D) Inácio, de fato, desejava vingar-se de Borges.
E) o marido não a via assim, ao contrário de Inácio.

COMENTÁRIOS: O último parágrafo é todo composto por reflexões da personagem Dona Severina sobre a
possibilidade de Inácio estar amando e, quem sabe, amando-a. Em busca de argumentos para a confirmação de
suas suspeitas, ela lembra que é bonita, e isso é um fator concreto para a sua conclusão.

4. Quando se diz, ao final do texto, que D. Severina concluiu que sim, significa que ela
reconheceu que

A) deveria contar tudo a Borges.
B) Inácio era um desastrado, de fato.
C) estava enganada sobre o amor de Inácio.
d) Inácio deveria ser advertido.
E) Inácio começava a amá-la.

COMENTÁRIOS: D. Severina, após se perguntar “Que admira que começasse a amar?”, recorda os
“modos”, os “esquecimentos”, as “distrações” e os “incidentes” do rapaz, o que a faz chegar à conclusão
de que eram “sintomas” de amor.

5. Uma das características do Realismo é a introspecção psicológica. No conto, ela se manifesta,
sobretudo,

A) no comportamento grosseiro de Borges, que impõe medo a D. Severina e desperta ódio em Inácio.
B) nas vivências interiores de Inácio e de D. Severina, que revelam seus sentimentos e conflitos.
C) na forma solitária como Inácio se submete no trabalho com Borges, sem que pudesse estar com sua mãe e
irmãs.
D) nas reflexões de D. Severina, que vê Inácio como uma criança que merece carinho e não o silêncio e a
reclusão.
E) na forma como o contato é estabelecido entre as personagens, já que a falta de diálogo é uma constante
em suas vidas.

COMENTÁRIOS: O realismo psicológico de Machado de Assis concentra-se nos pensamentos das
personagens, os quais são reveladores de seus interesses, sentimentos e conflitos.

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