Publicado em 1931 é o
primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando ele tinha apenas 19 anos. O
País do Carnaval surpreendeu a crítica: um livro crítico e contestador
sobre a ética ou falta dela dos intelectuais da época diante da situação
social e política do Brasil às vésperas da revolução de 30, liderada por Getúlio
Vargas. Expressa o clima intelectual da época, marcado pela idéia de crise e
incerteza. Jorge Amado surpreendeu a crítica e o público com sua aguçada crítica
política.
O País do Carnaval conta a história de Paulo Rigger, intelectual
educado em Paris. Ele desembarca na Bahia com a francesinha Julie, sua amante,
que acaba o traindo com Honório, um hercúleo trabalhador negro do campo.
Desiludido, Rigger demite Honório e abandona sua amante num hotel de Salvador,
seguindo de navio de volta à Europa e deixando para trás o Brasil em pleno
Carnaval.
O romance tem descrições de menos, diálogos inacabados, personagens que se
perdem, discussões sobre o sentido da vida e a felicidade que não chegam a lugar
nenhum. Jorge Amado fala, nesse livro, de uma juventude plena de inquietude,
numa ansiosa e mesmo angustiada busca de verdades e caminhos. Trata-se, em suma,
de um retrato geracional tecido a partir das rondas de Paulo Rigger que
regressa à Bahia acompanhado de uma prostituta de luxo francesa. Volta a
conviver com seus velhos amigos, hoje jornalistas e juristas. Descobre que as
vidas deles é tão inútil quanto a sua e que não ama o país em que vive.
No final, insatisfeito e desencantado, marcado por uma renúncia preconceituosa à
chegada do amor, Rigger embarca, no porto do Rio de Janeiro, com destino à
Europa. Toma o navio rumo a Paris, rogando pragas ao “país do Carnaval”. Leva
com ele as suas dores, deixando atrás de si uma cidade alucinada pelos ritmos e
brilhos do carnaval.
Na introdução, Amado confessa que gostaria de ter intitulado o livro “Os homens
que eram infelizes sem saber por quê”.
Personagens
Paulo Rigger: filho de rico cacauicultor recém falecido, de
volta de Paris.
Julie: a francesa, amante de Paulo que desembarca com ele no
Rio.
Pedro Ticiano: ateu, homem cético, o terror dos letrados.
Ricardo Reis: piauiense, tentando a vida na Bahia. Poeta,
funcionário público, estudante de direito.
A. Gomes: jornalista, diretor de uma revista, sonha ficar rico.
Jerônimo Soares: o mais apagado dos amigos. Mulato, ingênuo,
sem vaidades.
José Lopes: o mais estranho de todos. Batia de frente com
Ticiano.
Maria de Lourdes: jovem pobre, por quem Paulo Rigger se
apaixonaria.