Toda a sua criação literária
de Cláudio Manuel da Costa está em Obras Poéticas, obra que reúne a produção
lírica do poeta, sonetos, éclogas, epicédios, cantatas e outras modalidades,
e que dá início ao Arcadismo Brasileiro. Essa publicação marcou a fundação
da Arcádia Ultramarina, uma instituição cultural onde os poetas se reuniam para
escrever e declamar seus poemas.
O poeta admite a
contradição que existe entre o ideal poético e a realidade de sua obra. Com
efeito, se os poemas estão cheios de pastores – comprovando o projeto de
literatura árcade – o seu gosto pela antítese e a preferência pelo soneto
indicam a herança de uma tradição que remonta ao Camões lírico e à poesia
portuguesa do século XVII.
A todo instante, o autor de Obras Poéticas vale-se de antíteses – típico
procedimento barroco – para registrar os seus conflitos pessoais. No soneto LXXXIV,
temos um belo exemplo de contraste entre a dureza da pedra e a ternura do coração:
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! Oh, quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!