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Pedro Kilkerry

by Lucas Gomes

Pedro Kilkerry nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia em 1855 e faleceu em Salvador, Bahia em 1917. Foi o principal animador do Simbolismo nortista e tudo o que se conhece de sua obra é o que publicou nas revistas “Nova Cruzada” e “Os Anais”, reunido, mais tarde, pelo pensador católico Jackson de Figueiredo.

Desde 1970, a crítica concretista recolocou-o em circulação, e Augusto de Campos organizou uma Revisão de Kilkerry, compilando o que foi possível localizar, e antepondo um estudo introdutório, onde identificam-se os processos avançados de composição de que se valeu o poeta na esteira de Mallarmé.

Valendo-se de uma sintaxe audaciosa, de tropos insólitos, da fantasia humorística e de uma musicalidade áspera e dissonante, Kilkerry representou o aspecto mais radical do Simbolismo, quanto ao aspecto construtivo. Realizou uma poesia “difícil”, entretecida de símbolo, porém despida de sentimentalismo, de contundente concentração imagística. Essas características, destoantes da nossa congênita tendência para o declamatório ou para o cantabile, explicam o quase esquecimento de Kilkerry. Ocorreu com ele o mesmo que ocorreu com Sousândrade: representando correntes localmente subterrâneas dos estilos de época a que pertenceram (Romantismo e Simbolismo), acabaram ignorados pelo público e pela crítica, esta em geral mal equipada para a percepção e avaliação de autores que trabalharam ao nível da Logopéia (que Ezra Pound definiu como “a dama do intelecto entre as palavras). Outra identidade entre Sousândrade e Kilkerry é que ambos foram recolocados em circulação pela crítica de vanguarda (Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari, Luiz da Costa Lima). De Sousândrade reeditou-se a revisão em 1982; Kilkerry não mereceu ainda a mesma sorte.

Mesmo ausente da maioria das antologias escolares e dos exames vestibulares, na modernidade de Kilkerry, vemos a capacidade de se distanciar da matéria literária para poder se referir a ela, metalinguisticamente.

> Saiba mais sobre o poeta baiano Pedro Kilkerry

Colaboração: Leonardo Campos, Letras Vernáculas com Habilitaçao em Língua estrangeira moderna – Inglês, Membro do Grupo de pesquisa “Da invenção a reinvenção do Nordeste” – Instituto de Letras (UFBA), Pesquisador na área de Literatura e Cultura.

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