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Pitágoras

by Lucas Gomes
Pitágoras
(do grego Πυθαγόρας), o fundador
da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70 a.C. Em 532-31 foi para
a Itália, na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia grega, uma associação
científico-ético-política, que foi o centro de irradiação da escola e encontrou
partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília. Pitágoras aspirava,
e conseguiu, fazer com que a educação ética da escola se ampliasse e se tornasse
reforma política; isto, porém, levantou oposições contra ele e foi constrangido
a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, aí morrendo provavelmente em 497-96
a.C.

A doutrina e a vida de Pitágoras, desde os tempos da antiguidade, jaz envolta
num véu de mistério.

A força mística do grande filósofo e reformador religioso, há 2.600 anos vem,
poderosamente, influindo no pensamento Ocidental. Dentre as religiões de mistérios,
de caráter iniciático, a doutrina pitagórica foi a que mais se difundiu na antiguidade.

Não consideramos apenas lenda o que se escreveu sobre essa vida maravilhosa,
porque há, nessas descrições, sem dúvida, muito de histórico do que é fruto
da imaginação e da cooperação ficcional dos que se dedicaram a descrever a vida
do famoso filósofo de Samos.

O fato de negar-se, peremptoriamente, a historicidade de Pitágoras (como alguns
o fazem), por não se ter às mãos documentação bastante, não impede que seja
o pitagorismo uma realidade empolgante na história da filosofia, cuja influência
atravessa os séculos até nossos dias.

Acontece com Pitágoras o que aconteceu com Shakespeare, cuja existência foi
tantas vezes negada. Se não existiu Pitágoras de Samos, houve com certeza alguém
que construiu essa doutrina, e que, por casualidade, chamava-se Pitágoras. Podemos
assim parafrasear o que foi dito quanto a Shakespeare. Mas, pondo de lado esses
escrúpulos ingênuos de certos autores, que preferem declará-lo como não existente,
como se houvesse maior validez na negação da sua historicidade do que na sua
afirmação, vamos a seguir relatar algo, sinteticamente, em torno dessa lenda.

Em 1917, perto de Porta Maggiori, sob os trilhos da estrada de ferro, que liga
Roma a Nápoles, foi descoberta uma cripta, que se julgou a princípio fosse a
porta de uma capela cristã subterrânea. Posteriormente verificou-se que se tratava
de uma construção realizada nos tempos de Cláudio, por volta de 41 a 54 d. C.,
e que nada mais era do que um templo, onde se reuniam os membros de uma seita
misteriosa, que, afinal, averigou-se ser pitagórica. Sabe-se hoje, com base
histórica, que antes, já em tempos de César, proliferavam os templos pitagóricos,
e se essa seita foi tão combatida, deve-se mais ao fato de ser secreta do que
propriamente por suas idéias. Numa obra, hoje cara aos pitagóricos, Carcopino
(La Brasilique pythagoricienne de la Porte Majeure) dá-nos um amplo relato
desse templo. E foi inegavelmente essa descoberta tão importante que impulsionou
novos estudos, que se realizaram sobre a doutrina de Pitágoras, os quais tendem
a mostrar o grande papel que exerceu na história, durante vinte e cinco séculos,
essa ordem, que ainda existe e tem seus seguidores, embora esteja, em nossos
dias, como já esteve no passado, irremediavelmente infectada de idéias estranhas
que, ao nosso ver, desvirtuam o pensamento genuíno de Pitágoras de Samos.

É aceito quase sem divergência por todos que se debruçaram a estudar a sua vida,
que Pitágoras nasceu em Samos, entre 592 a 570 antes da nossa era; ou seja,
naquele mesmo século em que surgiram tantos grandes condutores de povos e criadores
de religiões, como foi Gautama Buda, Zoroastro (Zaratustra), Confúcio e Lao
Tsé.

Inúmeras são as divergências sobre a verdadeira nacionalidade de Pitágoras,
pois uns afirmam ter sido ele de origem egípcia; outros, síria ou, ainda, natural
de Tiro.

Relata a lenda que Pitágoras, cujo nome significa o Anunciador pítico (Pythios),
era filho de Menesarco e de Partêmis, ou Pythaia. Tendo esta, certa vez, levado
o filho à Pítia de Delfos, esta sacerdotiza vaticinou-lhe um grande papel, o
que levou a mãe a devotar-se com o máximo carinho à sua educação. Consta que
Pitágoras, que desde criança se revelava prodigioso, teve como primeiros mestres
a Hermodamas de Samos até os 18 anos, depois Ferécides de Siros, tendo sido,
posteriormente, aluno de Tales, em Mileto, e ouvinte das conferências de Anaximandro.
Foi depois discípulo de Sonchi, um sacerdote egípcio, tendo, também, conhecido
Zaratos, o assírio Zaratustra ou Zoroastro, em Babilônia, quando de sua estada
nessa grande metrópole da antiguidade.

Conta-nos, ainda, a lenda que o hierofante Adonai aconselhou-o a ir ao Egito,
recomendado ao faraó Amom, onde, afirma-se, foi iniciado nos mistérios egípcios,
nos santuários de Mênfis, Dióspolis e Heliópolis. Afirma-se, ademais, que realizou
um retiro no Monte Carmelo e na Caldéia, quando foi feito prisioneiro pelas
tropas de Cambísis, tendo sido daí conduzido para a Babilônia. Foi em sua viagem
a essa metrópole da Antiguidade, que conheceu o pensamento das antigas religiões
do Oriente, e freqüentou as aulas ministradas por famosos mestres de então.

Observa-se, porém, em todas as fontes que nos relatam a vida de Pitágoras, que
este realizou, em sua juventude, inúmeras viagens e peregrinações, tendo voltado
para Samos já com a idade de 56 anos. Suas lições atraíram-lhe muitos discípulos,
mas provocaram, também, a inimizade de Policrates, então tirano de Samos, o
que fez o sábio exilar-se na Magna Grécia (Itália), onde, em Crotona, fundou
o seu famoso Instituto.

Antes de sua localização na Magna Grécia, relata-se que esteve em contato com
os órficos, já em decadência, no Peloponeso, tendo então conhecido a famosa
sacerdotiza Teocléia de Delfos.

Mas é na Itália que desempenha um papel extraordinário, porque aí é que funda
o seu famoso Instituto, o qual, combatido pelos democratas de então, foi finalmente
destruído, contando-nos a lenda que, em seu incêndio, segundo uns, pereceu Pitágoras,
junto com os seus mais amados discípulos, enquanto outros afirmam que conseguiu
fugir, tomando um rumo que permaneceu ignorado.

Segundo as melhores fontes, Pitágoras deve ter falecido entre 510 e 480. A sociedade
pitagórica continuou após a sua morte, tendo desaparecido quando do famoso massacre
de Metaponto, depois da derrota da liga crotoniata.

O Pitagorismo

Durante o século VI a.C. verificou-se, em algumas regiões do mundo grego, uma
revivescência da vida religiosa. Os historiadores mostram que um dos fatores
concorreram para esse fenômeno foi a linha política adotada, em geral, pelos
tiranos, para garantir seu papel de líderes populares e para enfraquecer a antiga
aristocracia – que se supunha descendente dos deuses protetores das polis, das
divindades “oficiais” -, os tiranos favoreciam a expansão de cultos populares
ou estrangeiros.

A Pátria Estelar

Dentre as religiões de mistério, de caráter iniciático, uma teve enorme difusão:
o culto de Dioniso, originário da Trácia, e que passou a constituir o núcleo
da religião órfica. O orfismo – de Orfeu, que primeiro teria recebido a revelação
de certos mistérios e os teria confiado a iniciados sob a forma de poemas musicais
– era uma religião essencialmente esotérica. Os órficos acreditavam na imortalidade
da alma e na metempsicose, ou seja, na transmigração da alma através de vários
corpos, a fim de efetivar sua purificação. A alma aspiraria, por sua própria
natureza, a retornar à sua pátria celeste, às estrelas, de onde caíra. Para
libertar-se, porém, do ciclo das reincarnações, o homem necessitaria da ajuda
de Dioniso, deus libertador que completava a libertação preparada pelas práticas
catárticas (entre as quais se incluia a abstinência de certos alimentos). A
religião órfica pressupunha, portanto, uma distinção – não só de natureza como
também de valor – entre a alma ignea e imortal e os corpos pereciveis através
dos quais ela realizava sua purificação.

Salvação pela Matemática

Pitágoras de Samos, que se tornou figura legendária na própria Antiguidade,
teria sido antes de mais nada um reformador religioso, pois realizou uma modificação
fundamental na doutrina órfica, transformando o sentido da “via de salvação”;
em lugar do deus Dioniso colocou a matemática.

Da vida de Pitágoras quase nada pode ser afirmado com certeza, já que ela foi
objeto de uma série de relatos tardios e fantasiosos, como os referentes às
suas viagens e a seus contatos com culturas orientais. Parece certo, contudo,
que ele teria deixado Samos (na Jônia), na segunda metade do século VI a.C.
fugindo à tirania de Polícrates, transferindo-se para Crotona (na Magna Grécia)
fundou uma confraria científico-religiosa.

Pitágoras criou um sistema global de doutrinas, cuja finalidade era descobrir
a harmonia que preside à constituição do cosmo e traçar, de acordo com ela,
as regras da vida individual e do governo das cidades. Partindo de idéias órficas,
o pitagorismo pressupunha uma identidade fundamental, de natureza divina, entre
todos os seres. Essa similitude profunda entre os vários existentes era sentida
pelo homem sob a forma de um “acordo com a natureza”, que, sobretudo, depois
do pitagórico Filolau, será qualificada como uma “harmonia”, garantida pela
presença do divino em tudo. Natural que dentro de tal concepção – vista por
alguns autores como o fundamento do “mito helênico” – o mal seja entendido sempre
como desarmonia.

A grande novidade introduzida certamente pelo próprio Pitágoras na religiosidade
órfica foi a tranformação do processo de libertação da alma num esforço puramente
humano, porque basicamente intelectual. A purificação resultaria do trabalho
intelectual, que descobre a estrutura numérica das coisas e torna, assim, a
alma semelhante ao cosmo, entendido como unidade harmônica, sustentada pela
ordem e pela proporção, e que se manifesta como beleza.

Pitágoras teria chegado à concepção de que todas as coisas são números através
inclusive de uma observação no campo musical: verificou no monocórdio que o
som produzido varia de acordo com a extensão da corda sonora. Ou seja, descobriu
que há uma dependência do som em relação à extensão, da música, (tão importante
como propiciadora de vivências religiosas estáticas) em relação à matemática.

Em Todas as Coisas,o Número

A partir do próprio Pitágoras, o pitagorismo primitivo concebe a extensão como
descontínua: constituída por unidades indivisíveis e separadas por um “intervalo”.
Segundo a cosmologia pitagórica – que descreve o cenário cósmico, onde se processa
a purificação da alma – esse “intervalo” resultaria da respiração do universo
que, vivo, inalaria o ar infinito (pneuma ápeiron) em que estaria imerso. Mínimo
de extensão e mínimo de corpo, as unidades comporiam os números. Estes não seriam,
portanto – como virão a ser mais tarde -, meros símbolos a exprimir o valor
das grandezas: para os pitagóricos, os números são reais, são essências realizadas
(usando-se um vocabulário filosófico posterior), são a própria “alma das coisas”,
são entidades corpóreas constituídas por unidades contíguas e a prenunciar os
átomos de Leucipo e Demócrito. Assim, quando os pitagóricos falam que as coisas
imitam os números estariam entendendo essa imitação (mimesis) num sentido realista:
as coisas manifestariam externamente a estrutura numérica inerente.

De acordo com essa concepção, os pitagóricos adotaram uma representação figurada
dos números, em substituição às representações literais mais arcaicas, usadas
pelos gregos e depois pelos romanos. A representação figurada permitia explicitar
a lei de composição dos números e torna-se um fator de avanço das investigações
matemáticas dos pitagóricos. Os primeiros números, representados figurativamente,
bastavam para justificar o que há de essencial no universo: o um é o ponto,
mínimo de corpo, unidade de extensão; o dois determina a linha; o três gera
a superfície, enquanto o quatro produz o volume. Já por sua própria notação
figurativa evidencia-se que a primitiva matemática pitagórica constitui uma
aritmo-geometria, a associar intimamente os aspectos numéricos e geométrico,
a quantidade e sua expressão espacial.

O Escândalo dos “Irracionais”

A primitiva concepção pitagórica de número apresentava limitações que logo exigiriam
dos próprios pitagóricos tentativas de reformulação. O principal impasse enfrentado
por essa aritmo-geometria baseada em inteiros (já que as unidades seriam indivisíveis)
foi o levantado pelo números irracionais. Tanto na relação entre certos valores
musicais (expressos matematicamente), quanto na base mesma da matemática, surgem
grandezas inexprimíveis naquela concepção de número. Assim, a relação entre
o lado e a diagonal do quadrado (que é a da hipotenusa do triângulo retângulo
isósceles com o cateto) tornava-se “irracional”, aquelas linhas não apresentavam
“razão comum” ou “comum medida”, o que se evidenciava pelo aparecimento na tradução
aritmética da relação entre elas, de valores sem possibilidade de determinação
exaustiva, como .
O “escândalo” dos irracionais manifestava-se no próprio teorema de Pitágoras
(o quadrado construído sobre a hipotenusa é igual a soma dos quadrados construídos
sobre os catetos). Com efeito, desde que se atribuísse valor 1 ao cateto de
um triângulo isósceles, a hipotenusa seria igual a .
Ou então, quando se pressupunha que os valores correspondentes à hipotenusa
e aos catetos eram números primos entre si, acabava-se por se concluir pelo
absurdo de que um deles não era afinal nem par nem ímpar.

Apesar desses impasses – e em grande parte por causa deles – o pensamento pitagórico
evoluiu e expandiu-se, influenciando praticamente todo o desenncolcimento da
ciência e da filosofia gregas. Sua astronomia, estreitamente vinculada à sua
religião astral foi o ponto de partida das várias doutrinas que os gregos formulariam,
pressupondo o universo harmonicamente constituído por astros que desenvolvem
trajetórias, presos a esferas homocêntricas. Essa geometrização do cosmo estava
aliada, no pitagorismo, às concepções musicais também desenvolvidas pela escola:
separadas por intervalos equivalentes aos intervalos musicais, aquelas esferas
produziram, em seu movimento, sons de acorde perfeito. Essa “harmonia das esferas”,
permanentemente soante, seria a própria tessitura do que o homem considera “silêncio”.

Reitor da primeira universidade

A palavra Matemática (Mathematike, em grego) surgiu com Pitágoras, como já citado,
que foi o primeiro a concebê-la como um sistema de pensamento, fulcrado em provas
dedutivas. Existem, no entanto, indícios de que o chamado Teorema de Pitágoras
(a2 = b2 + c2) já era conhecido dos babilônios
em 1600 a.C. com escopo empírico. Estes usavam sistemas de notação sexagesimal
na medida do tempo (1h = 60min) e na medida dos ângulos (60º, 120º, 180º, 240º,
360º). Pitágoras (560(?) – 500(?) a.C.) nasceu na Ásia Menor, na ilha de Samos.
Percorreu por 30 anos o Egito, Babilônia, Síria, Fenícia e quiçá Índia e Pérsia,
onde acumulou ecléticos conhecimentos: astronomia, matemática, ciência, filosofia,
misticismo e religião. É oportuno lembrar a sua contemporaneidade com Tales,Buda,
Confúcio e Lao-Tsé. Retornando a Samos, indispôs-se com o tirano Polícrates
e emigrou para o sul da Itália, na Ilha de Crotona, de dominação grega. Aí fundou
a Escola Pitagórica, a quem se concede a glória de ser a “primeira Universidade
do mundo”. A Escola Pitagórica e suas atividades se viram desde então envoltas
por um véu de lendas. Foi uma entidade parcialmente secreta com centenas de
alunos que compunham uma irmandade religiosa e intelectual. Entre os conceitos
que defendiam, destacam-se:

1. prática de rituais de purificação e crença na doutrina da metempsicose,
isto é, na transmigração da alma após a morte, de um corpo para outro. Portanto,
advogavam a reencarnação e a imortalidade da alma;
2. lealdade entre os seus membros e distribuição comunitária dos bens
materiais;
3. austeridade, ascetismo e obediência à hierarquia da Escola;
4. proibição de beber vinho e comer carne (portanto é falsa a informação
que seus discípulos tivessem mandado matar 100 bois quando da demonstração do
denominado Teorema de Pitágoras. A palavra hecatombe que significa mortandade
ou carnificina, deve sua etimologia ao grego: sacrifício de 100 bois);
5. purificação da mente pelo estudo de Geometria, Aritmética, Música
e Astronomia;
6. classificação aritmética dos números em pares, ímpares, primos e fatoráveis;
7. “criação de um modelo de definições, axiomas, teoremas e provas, segundo
o qual a estrutura intrincada da Geometria é obtida de um pequeno número de
afirmações explicitamente feitas e da ação de um raciocínio dedutivo rigoroso”
(George Simmons);
8. grande celeuma instalou-se entre os discípulos de Pitágoras a respeito
da irracionalidade do ‘raiz de 2’. Utilizando notação algébrica, os pitagóricos
não aceitavam qualquer solução numérica para x2 = 2, pois só admitiam
números racionais. Dada a conotação mística atribuída aos números, comenta-se
que, quando o infeliz Hipasus de Metapontum propôs uma solução para o impasse,
os outros discípulos o expulsaram da Escola e o afogaram no mar;
9. na Astronomia, idéias inovadoras, embora nem sempre verdadeiras: a
Terra é esférica, os planetas movem-se em diferentes velocidades em suas várias
órbitas ao redor da Terra. Pela cuidadosa observação dos astros, cristalizou-se
a idéia de que há uma ordem que domina o Universo;
10. aos pitagóricos deve-se provavelmente a construção do cubo, tetraedro,
octaedro, dodecaedro e a bem conhecida “seção áurea”;
11. na Música, uma descoberta notável de que os intervalos musicais se
colocam de modo que admitem expressões através de proporções aritméticas.

Pitágoras é o primeiro matemático puro. Entretanto é difícil separar o histórico
do lendário, uma vez que deve ser considerado uma figura imprecisa historicamente,
já que tudo o que dele sabemos deve-se à tradição oral. Nada deixou escrito,
e os primeiros trabalhos sobre o mesmo deve-se a Filolau, quase 100 anos após
a morte de Pitágoras. Mas não é fácil negar aos pitagóricos, assevera Carl Boyer,
“o papel primordial para o estabelecimento da Matemática como disciplina racional”.
A despeito de algum exagero, há séculos cunhou-se uma frase: “Se não houvesse
o ‘teorema Pitágoras’, não existiria a Geometria”. Ao biografar Pitágoras, Jâmblico
(c. 300 d.C.) registra que o mestre vivia repetindo aos discípulos: “todas as
coisas se assemelham aos números”. A Escola Pitagórica ensejou forte influência
na poderosa verve de Euclides, Arquimedes e Platão, na antiga era cristã, na
Idade Média, na Renascença e até em nossos dias com o Neopitagorismo.

Pensamentos de Pitágoras

– “Educai as crianças e não será preciso punir os homens.”
– “Não é livre quem não obteve domínio sobre si.”
– “Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo.”
– “O que fala semeia; o que escuta recolhe.”
– “Ajuda teus semelhantes a levantar a carga, mas não a carregues.”
– “Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem.”

– “Todas as coisas são números.”
– “A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de
Deus.”
– “A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei
de Deus.”
– “A vida é como uma sala de espectáculos: entra-se, vê-se e sai-se.”

Importância para o Direito

Pitágoras foi o primeiro filósofo a criar uma definição que quantificava o objetivo
final do Direito: a Justiça. Ele definiu que um ato justo seria a chamada “justiça
aritmética”, na qual cada indivíduo deveria receber uma punição ou ganho quantitativamente
igual ao ato cometido. Tal argumento foi refutado por Aristóteles, pois ele
acreditava em uma justiça geométrica, na qual cada indivíduo receberia uma punição
ou ganho qualitativamente, ou proporcionalmente, ao ato cometido; ou seja, ser
desigual para com os desiguais a fim de que estes sejam igualados com o resto
da sociedade.

Fontes:
DURANT, Will, História da Filosofia – A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos,
São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís, História da Filosofia, Edições
Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.
Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São
Paulo, 1.ª edição, vol.I, agosto 1973.

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