Eleição define muito mais do que o novo
presidente dos EUAEUA também escolheram novos governadores e congressistasHouve eleições para renovar um terço do Senado e a totalidade
da Câmara dos Representantes.Além disso, em alguns Estados ocorreram eleições para
governador e referendos para decidir mudanças nas legislações
estaduais em temas diversos, como o casamento de homossexuais e o aborto.A seguir, uma série de perguntas para ajudar você a entender melhor
o que esteve em jogo neste 4 de novembro além da Presidência dos
Estados Unidos.1. Como estava dividido o Congresso americano até o momento?
Na metade do atual mandato do presidente George W. Bush, em 2006, foram realizadas
eleições para renovar a Câmara dos Representantes e um terço
do Senado. Na ocasião, os republicanos, do partido de Bush, perderam
a maioria nas duas casas.Na Câmara dos Representantes, os Democratas conquistaram 233 cadeiras
e os republicanos, 202. Após algumas mudanças, hoje há
na casa 235 democratas, 199 republicanos e uma cadeira vaga.No Senado, a vantagem democrata foi mais apertada: 51 (contando dois senadores
independentes com tendência democrata) a 49.Apesar da maioria no Congresso, os democratas ainda enfrentam dificuldade na
aprovação de projetos especialmente no Senado, pois a estreita
margem de vantagem permite que os republicanos utilizem um mecanismo de obstrução
dos trabalhos legislativos para impedir votações que não
os interessam.2. O que poderia acontecer nestas eleições para o Congresso?
A previsão da maioria dos analistas era que os democratas ampliassem
a vantagem tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado. O que
parecia ser incerto era qual seria a margem de vitória dos democratas.“O que chamou especialmente a atenção nas disputas no Congresso
neste ano é que os democratas parecem ter solidificado seus ganhos das
eleições de 2006 e foram indo além de seus tradicionais
territórios urbanos, tomando o que eram redutos republicanos e provocando
uma disputa nos subúrbios”, disse Carl Hulse, do jornal The New
York Times.3. Por que os democratas eram favoritos?
Analistas acreditavam que isso se deveu a vários fatores. Os republicanos
no Congresso são associados ao presidente George W. Bush, que sofre com
sua baixa popularidade.A crise financeira global e a longa guerra no Iraque também teriam colaborado
para minar o apoio aos republicanos.Em 2006 também se iniciou nos Estados Unidos um movimento de transferência
do poder no Congresso dos republicanos para os democratas.Nas eleições em 2002 e 2004, os republicanos conquistaram mais
cadeiras no Congresso (e no caso de 2004, também a Presidência,
com a reeleição de Bush). “O ciclo da política não
deve ser negado, e em 2006 e agora em 2008, existe uma inversão de papéis.
A cada semana que passava, nós mandamos os democratas mais às
alturas e aumentamos a depressão dos republicanos”, disse o diretor
do Centro de Política da Universidade da Virginia, Larry Sabato, no seu
site Crystal Ball.4. No caso das eleições para a Câmara dos Representantes,
qual era a previsão de avanço dos democratas?Em 23 de outubro, Sabato estimou que os democratas conquistariam de 22 a 27
cadeiras a mais do que já possuíam. Mas houve analistas que falaram
de um ganho de 30 cadeiras ou mais.“Muitas das mais acirradas disputadas para a Câmara estavam acontecendo
em distritos controlados por republicanos fora das principais cidades de Estados
como Flórida, Michigan, Minnesota e Ohio, e os democratas esperavam que
as vitórias dessem a eles o controle dos subúrbios”, disse
Carl Hulse, do New York Times.5. E nas eleições para o Senado?
“Nós acreditávamos que os democratas estavam a caminho
de ficar com entre 57 e 60 cadeiras no senado”, disse Sabato.Caso obtivessem 60 cadeiras, os democratas poderiam evitar que os republicanos
recorressem ao mecanismo de obstrução chamado filibuster,
segundo o qual um partido prorroga a discussão de um projeto para evitar
que ele seja votado. A última vez que um partido obteve uma maioria à
prova de filibuster no Senado americano foi há três décadas.Mas nem todos acreditavam que os democratas iriam chegar ao “número
mágico”.“É muito, muito difícil”, dizia o senador democrata
Charles Schumer, presidente do Comitê de Campanha do Partido para o Senado.
“É possível, mas improvável, porque o terreno é
muito difícil.”O fato é que muitas pesquisas apontaram uma surpreendente disputa para
o Senado em Estados que tradicionalmente eram redutos republicanos. Foi o caso
do Mississippi e da Geórgia.
6.
Os democratas também eram favoritos nas eleições para governador?Segundo Sabato, dos 11 Estados em jogo, apenas três (Montana, New Hampshire
e Virgínia Ocidental) tinham inclinação para uma vitória
democrata tranqüila. Outros três (Dakota do Norte, Utah e Vermont)
deveriam ficar com os republicanos.No Delaware e no Missouri, a tendência era que os democratas mantivessem
o controle do governo. Em Indiana, os Republicanos pareciam ter favoritismo
para continuarem no poder, e em outros dois Estados, Carolina do Norte e Washington,
a situação estava totalmente indefinida, de acordo com o cientista
político.7. Quais foram os principais temas submetidos aos eleitores nos referendos?
No total, houve 153 propostas em votação em 36 Estados este ano.
Um dos principais temas foi o casamento de homossexuais. Os eleitores californianos,
por exemplo, decidiram se a Constituição estadual deve ter uma
emenda dizendo “Só o casamento entre um homem e uma mulher é
válido ou reconhecido na Califórnia.”Em outros Estados, houve referendo sobre o aborto e sobre a imigração.
Fonte: BBC Brasil