Home Vestibular Política Internacional – A China tem papel crucial na crise em Mianmá

Política Internacional – A China tem papel crucial na crise em Mianmá

by Lucas Gomes



Crise em Mianmar foi assunto
dominante em reunião da ONU

A reunião deste ano da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi ofuscada pelo
recrudescimento da crise política em Mianmar (a antiga Birmânia).

A crise no país do Sudeste Asiático se fez presente primeiro no discurso de abertura feito pelo
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou um endurecimento das sanções econômicas de seu
país contra o governo militar, e um encontro ministerial entre americanos e 27 países da União Européia
pediu uma ação do Conselho de Segurança da ONU.

O Conselho de Segurança realizou logo depois uma reunião de emergência, em Nova York, na qual ouviu um
breve relato sobre a crise do enviado especial da ONU, Ibrahim Gambari, pouco tempo antes de ele partir
para a região.

Gambari foi enviado a Mianmar pelo secretário-geral, na esperança de que possa entrar no país e conversar
com todos os lados envolvidos na crise.

No entanto, apesar do registro da preocupação e do descontentamento com a situação em Mianmar, é difícil
ver que tipo de impacto prático essas medidas poderão ter.

Influência chinesa

Os Estados Unidos e a União Européia já decretaram há tempo diversas sanções contra o regime militar de
Mianmar. No entanto, paradoxalmente, isso significa que esses países têm relativamente poucas cartas na
manga para influenciar a junta militar que governa o país.

Os países mais importantes para Mianmar são a Índia e a Rússia, que mantêm relações comerciais com o regime
militar.

A Rússia planeja até mesmo vender um reator de pesquisa nuclear para Mianmar.

Mas é o maior vizinho de Mianmar, a China, que tem o papel principal e, como membro permanente do Conselho
de Segurança da ONU, pode ajudar a limitar o relativo isolamento em que vive o regime militar.

Tanto a China quanto a Rússia vetaram, em janeiro, uma resolução do Conselho de Segurança que criticava o
governo de Mianmar.

A China tem fortes laços com o país vizinho e interesses estatégicos na estabilidade de Mianmar.

Isso fez com que o governo da Índia buscasse fortalecer seus próprios laços com a junta militar, para
contrabalançar a crescente influência chinesa.

Recursos energéticos

São os recursos energéticos de Mianmar – petróleo e gás – que tornam o país um parceiro tão atraente para
empresas russas, chinesas, indianas e até mesmo sul-coreanas.

Essa competição pelos recuros energéticos de Mianmar torna quase impossível isolar o regime militar que
governa o país.

Na verdade, à medida que os laços de Mianmar com Estados Unidos e União Européia se enfraqueceram,
aumentaram as ligações do país com a China, a Rússia e a Índia.

A China tem o papel principal, mas o governo de Pequim enfrenta pressões conflitantes.

O govero chinês precisa adequar seus interesses no setor de energia e também estratégicos – como, por
exemplo, o acesso ao Oceano Índico – com o desejo de estabilidade e a preocupação com a sua própria
reputação no Exterior, especialmente com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim, que serão realizados
em 2008.

A reunião do Conselho de Segurança da ONU realizada na quarta-feira serviu em parte para avaliar a posição
atual do governo de Pequim.

O embaixador da China na ONU, Wang Guangya, reafirmou a previsível posição de seu país de que essa crise
não é uma ameaça à paz internacional e de que as sanções não iriam ajudar em nada.

Conseqüências

Ação formal é uma coisa. Mas será que a preocupação da China com a estabilidade regional deve encorajar o
governo de Pequim a sussurar algumas palavras duras aos generais de Mianmar?

É isso que os diplomatas ocidentais claramente esperam do governo chinês.

No curto prazo, sanções podem não ter um grande impacto sobre a junta militar que governa Mianmar.

No entanto, estão em andamento esforços para dar aos militares de Mianmar a impressão de que pode haver
conseqüências de longo prazo caso a crise saia de controle.

O embaixador britânico nas Nações Unidas, John Sawers, ao ecoar um comentário do primeiro-ministro
britânico Gordon Brown, lançou um alerta aos generais de Mianmar afirmando que, como ele mesmo disse, “a
era da impunidade acabou”.

Isso é uma ameaça explícita para os governantes militares do país de que eles serão responsabilizados por
suas ações.

Fonte: BBC Brasil

Veja também: Entenda
a crise e protestos em Mianmá

Posts Relacionados