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Protozooses: 5. Leishmaniose

by Lucas Gomes



Aspecto de Leishmania, espécie de
protozoário causador da leishmaniose

A Leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa,
causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem
e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de
defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.

Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea
e a leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar caracteriza-se
por feridas na pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas
do corpo. Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e
da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida
brava”. A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica,
pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o
fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose
acomete essencialmente crianças de até dez anos; após esta
idade se torna menos freqüente. É uma doença de evolução
longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período
de um ano.

Transmissão – A leishmaniose é transmitida por
insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos
ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros
de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar
as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada
e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam
de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito palha, tatuquira,
birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha
ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde
existem muitas plantas.

As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente,
os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita
em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão
doméstico.

Na leishmaniose cutânea os animais silvestres que atuam como reservatórios
são os roedores silvestres, tamanduás e preguiças. Na leishmaniose
visceral a principal fonte de infecção é a raposa do campo.

Período de incubação – O período
de incubação da doença no ser humano é, em média,
de dois a três meses, podendo variar de duas semanas a dois anos.

Agente etiológico – A Leishmania é um protozoário
pertencente à família Trypanosomatidae, parasito intracelular
obrigatório das células do sistema fagocítico mononuclear,
com duas formas principais: uma flagelada ou promastigota, encontrada no tubo
digestivo do inseto vetor, e outra aflagelada ou amastigota, observada nos tecidos
dos hospedeiros vertebrados.

Vetor – Os vetores da Leishmaniose são insetos denominados
flebotomíneos, pertencentes à Ordem Díptera, Família
Psychodidae, Subfamília Phlebotominae, Gênero
Lutzomyia, conhecidos popularmente, dependendo da localização
geográfica, como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros. No
Brasil, as principais espécies envolvidas na transmissão da doença
são: Lutzomyia flaviscutellata, L. whitmani, L.
umbratilis
, L. intermedia, L. wellcome e, L. migonei.
Estas espécies de flebotomíneos foram definidas como vetoras por
atenderem aos critérios que atribuem a uma espécie a competência
vetorial. Cabe ressaltar
que o papel vetorial de cada uma dessas espécies dependerá da
espécie de Leishmania presente no intestino. Embora ainda não
tenha sido comprovado o papel da L neivai e L. fisheri como
vetores da Leishmaniose, estas espécies têm sido encontradas com
freqüência em ambientes domiciliares em áreas de transmissão
da doença.

Histórico

As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um grande problema
de saúde pública, representam um complexo de doenças com
importante espectro clínico e diversidade epidemiológica.

No Brasil, Moreira (1895) identificou pela primeira vez a existência
do botão endêmico dos países quentes, chamando “Botão
da Bahia” ou “Botão de Biskra”. A confirmação
de formas de leishmânias em úlceras cutâneas e nasobucofaríngeas
ocorreu no ano de 1909, quando Lindenberg encontrou o parasito em indivíduos
que trabalhavam em áreas de desmatamentos na construção
de rodovias no interior de São Paulo. Splendore (1911) diagnosticou a
forma mucosa da doença e Gaspar Vianna deu ao parasito o nome de
Leishmania brazilienses
. No ano de 1922, Aragão, pela primeira vez,
demonstrou o papel do flebotomíneo na transmissão da leishmaniose
tegumentar e Forattini (1958) encontrou roedores silvestres parasitados em áreas
florestais do Estado de São Paulo.

Desde então, a transmissão da doença vem sendo descrita
em vários municípios de todas as unidades federadas (UF). Nas
últimas décadas, as análises epidemiológicas da
leishmaniose tegumentar americana (LTA) têm sugerido mudanças no
padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada
zoonoses de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato
com as florestas. Posteriormente, a doença começou a ocorrer em
zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões periurbanas.
Observa-se a existência de três perfis epidemiológicos:

  • Silvestre – em que ocorre a transmissão em
    áreas de vegetação primária (zoonose de animais
    silvestres);
  • Ocupacional ou lazer – em que a transmissão
    está associada à exploração desordenada da floresta
    e derrubada de matas para construção de estradas, Extração
    de madeira, desenvolvimento de atividades agropecuárias, ecoturismo;
    (antropozoonose) e
  • Rural ou periurbana – em áreas de colonização
    (zoonose de matas residuais) ou periurbana, em que houve adaptação
    do vetor ao peridomicílio (zoonose de matas residuais e/ou antropozoonose).

No Brasil, a LTA é uma doença com diversidade de agentes, de
reservatórios e de vetores que apresenta diferentes padrões de
transmissão e um conhecimento ainda limitado sobre alguns aspectos, o
que a torna de difícil controle. Propõe-se a vigilância
e o monitoramento em unidades territoriais, definidas como áreas de maior
produção da doença, bem como, suas características
ambientais, sociais e econômicas, buscando um conhecimento amplo e intersetorial.
Propõe-se, ainda, que as ações estejam voltadas para o
diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos detectados e estratégias
de controle flexíveis, distintas e adequadas a cada padrão de
transmissão.

CICLO

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