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Irã: 1. A gravidade da questão nuclear do Irã

by Lucas Gomes

Brasil,
Turquia e Irã divulgaram acordo para a troca de 1.200 quilos de urânio
levemente enriquecido por 120 quilos de urânio a 20%. A quantidade seria
suficiente para manter em funcionamento o que Teerã alega ser um reator
de pesquisas médicas. Celebrada pela diplomacia brasileira, a negociação
foi desautorizada em poucas horas pela comunidade internacional, certa de que
o esforço iraniano encobre seu real objetivo de construir a bomba e escapar
às sanções econômicas.

Maio de 2010
Junho de 2010

O chanceler brasileiro Celso Amorim considerou um sinal positivo a vontade
do Irã de manter vigente a proposta de troca de combustível nuclear
com a qual se comprometeu num acordo com o Brasil e a Turquia, apesar das sanções
internacionais. “Há uma disposição de manter o acordo
que assinamos como base, o que é positivo, já que se for levado
em conta o ocorrido no Conselho de Segurança se poderia temer reações
menos inflexíveis”, declarou Amorim em coletiva de imprensa em Bucareste.
“É animador que a declaração de Teerã (como
é denominado o acordo) continue sendo válida”, acrescentou
ele, que se reuniu em Viena com o embaixador iraniano na Áustria, na
sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A afirmação do ministro das Relações Exteriores
veio um dia depois de ele anunciar que o Brasil renunciava à mediação
desta questão devido à rejeição dos Estados Unidos
e de outras potências ao acordo de troca de urânio. “Queimamos
os dedos fazendo coisas que todo mundo dizia serem úteis e, no fim das
contas, descobrimos que algumas pessoas não aceitavam ‘sim’ como resposta”,
declarou Amorim ao jornal econômico londrino Financial Times.
“Se precisarem de nós, podemos continuar sendo úteis. Mas
não vamos agir de novo por iniciativa própria, ao menos que nos
peçam.”

Ao comentar a entrevista concedida à publicação britânica,
no entanto, a assessoria de imprensa do Itamaraty afirmou que não houve
mudança de posicionamento por parte do ministro. Disse que o Brasil apenas
vai aguardar os próximos acontecimentos após a aprovação
das sanções da ONU contra a República Islâmica.

O acordo – Brasil e Turquia fecharam em maio um acordo com
o Irã no qual esse país comprometeu-se a trocar em território
turco 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 quilos
de combustível processado a 20% para alimentar seu reator de pesquisas
médicas de Teerã.

Mas as grandes potências lideradas pelos Estados Unidos, que suspeitam
que o Irã disfarça de civil seu programa nuclear com o objetivo
de fabricar a bomba atômica, criticaram desde o primeiro momento o pacto
que, segundo a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, tornava
o mundo “mais perigoso”. Em 9 de junho, o Conselho de Segurança
da ONU aprovou uma resolução que impõe novas sanções
ao Irã por sua política nuclear, com a única oposição
de Brasil e Turquia.

Desacreditado no acordo, o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas
sanções contra o Irã, pela quarta vez desde 2006, para
tentar convencer o país a suspender suas atividades nucleares sensíveis.
Depois de meses de negociação para evitar as punições,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve que ceder: assinou um decreto
para que o Brasil cumpra as sanções das Nações Unidas
contra o Irã.

Nobel
da Paz critica Lula: “Nenhuma nação deve estar ao lado do
Irã”

Depois de décadas em defesa dos direitos humanos e uma série
de ameaças contra sua família, a advogada Shirin Ebadi decidiu
deixar o Irã. Era a véspera das eleições de 12 de
junho, que, sob suspeita de fraude, deram um segundo mandato ao presidente Mahmoud
Ahmadinejad e detonaram uma onda de protestos diários nas ruas de Teerã,
duramente reprimidos. Hoje, com 62 anos, a ganhadora do Nobel da Paz de 2003
passa grande parte de seu tempo em viagem pelo mundo – fazendo denúncias,
ajudando a fundar organizações humanitárias e representando
as vítimas da repressão no país dos aiatolás.

Shirin foi a primeira mulher a se tornar juíza no Irã, expulsa
dos tribunais com a instauração da Revolução Islâmica,
em 1979. Embora não dê grande importância a Ahmadinejad (“o
que importa é o comportamento dos aiatolás”), Shirin criticou
sua recente aproximação com o presidente brasileiro, Luiz Inácio
Lula da Silva. Discordou das sanções econômicas impostas
ao Irã – prefere as punições políticas – mas é
clara ao recomendar uma única postura diplomática em relação
ao seu país: “Enquanto o Irã mantiver essa atitude provocadora,
nenhuma nação deve estar ao seu lado”.

Confira a entrevista dada à Revista VEJA:

Em 31 anos de República Islâmica, a senhora reconhece
algum progresso na forma com que o governo lida com os cidadãos iranianos?

Lamento muito que depois desses anos todos passados da Revolução
eu ainda não possa me considerar uma iraniana livre. Em 1979, foram impostas
ao país muitas leis que vão contra o direito das mulheres. Talvez
o governo tenha devolvido um ou dois desses direitos. Ainda faltam muitos outros.

A senhora ainda recebe ameaças devido ao seu posicionamento
crítico ao governo dos aiatolás?

Infelizmente, estou sempre recebendo ameaças. Agentes do governo frequentemente
mandam mensagens à minha família dizendo que, se eu continuar
com o meu trabalho, o governo iraniano vai me encontrar onde quer que eu esteja.

No dia 12 de junho, completa-se um ano da polêmica votação
que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad à presidência do Irã. Como
a senhora avalia seu governo?

Na verdade, não importa se é Ahmadinejad ou outra pessoa que está
no poder, mas sim a forma como as autoridades máximas do Irã atuam.
O que realmente faz a diferença é o comportamento dos aiatolás.
Embora Ahmadinejad seja o presidente, há um outro líder supremo
(o aiatolá Ali Khamenei) que de fato comanda a vida dos iranianos.

O que a senhora pensa do acordo entre Brasil, Irã e Turquia
para a troca de urânio enriquecido?

Espero que o governo brasileiro seja capaz de convencer o Irã a de fato
negociar e respeitar as resoluções determinadas pela comunidade
internacional. Ao mesmo tempo, lamento profundamente que o presidente Lula tenha
ido até o Irã e se recusado a conversar com qualquer membro da
sociedade iraniana.

O que a senhora esperava do presidente Lula durante sua visita ao país?
Quando Lula foi ao Irã, por que não visitou líderes de
sindicatos de trabalhadores nas prisões? Fiquei surpresa, porque sei
que ele representa os trabalhadores em seu país. Atualmente, a condição
das prisões é muito precária – e tem piorado. E esses líderes
sindicalistas estão presos por participarem de protestos em prol de seus
direitos! Tenho muito respeito pelo presidente Lula, mas me surpreendeu muito
que ele tenha se encontrado com o presidente do Irã e outras autoridades
e ignorado completamente a classe trabalhadora.

A senhora é a favor das sanções impostas ao Irã
pelos Conselho de Segurança da ONU?

Sou contra a imposição de sanções econômicas
ao Irã porque elas não vão atingir o regime e sim fazer
com que a população iraniana fique ainda mais pobre. Por outro
lado, acredito que seja uma obrigação do Irã respeitar
as resoluções internacionais e suspender o enriquecimento de urânio.
Eu acharia mais justo que, no lugar das sanções econômicas,
as potências impusessem sanções políticas ao país.
Enquanto o Irã mantiver essa atitude provocadora, nenhuma nação
deve estar ao seu lado.

A senhora, pessoalmente, acredita que o Irã desenvolva armas
nucleares?

Tudo no Irã é feito a portas fechadas. Eu – ou qualquer outro
cidadão iraniano – não tenho ideia das decisões que são
tomadas entre as autoridades.

Como deveriam agir as autoridades iranianas?
Se o governo de fato escutasse os cidadãos, poderia se tornar mais forte.
Porém, da forma como esses líderes têm agido, mais cedo
ou mais serão tirados do poder pelo povo. Não digo que isso vai
acontecer nos próximos três anos de mandato de Ahmadinejad. Falo
do início de um processo cuja duração não se pode
prever.

Julho de 2010

Obama
sanciona lei que amplia sanções ao Irã

Prometendo que “a porta para diplomacia continua aberta”, o presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, sancionou o projeto de lei que impôs
as mais duras medidas unilaterais já adotadas contra o Irã pelo
país.

O objetivo da medida, segundo declarações de Obama durante a
cerimônia realizada na Casa Branca, foi ampliar as restrições
aprovadas em junho pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização
das Nações Unidas (ONU) e atingir “o coração
o projeto nuclear iraniano”. Anteriormente, a União Europeia também
decidiu adotar restrições adicionais por conta própria.

As sanções unilaterais norte-americanas avançaram em pontos
sensíveis, como a indústria energética iraniana. Além
de buscar dissuadir empresas estrangeiras de investir nesse setor, os americanos
quiseram dificultar a exportação de combustível para o
país. O Irã possui uma das maiores reservas de petróleo
do mundo, mas a indústria local não tem capacidade de refino para
tornar o país autossuficiente. Assim, a economia afegã tem uma
crônica dependência da importação de gasolina.

Outro alvo das novas medidas dos americanos foram as empresas que têm
contratos com a Guarda Revolucionária, braço armado do regime
iraniano. Aquelas que quiserem fazer negócio nos Estados Unidos também
ficaram proibidas de ter contato com o setor financeiro do Irã. Americanos
e europeus queriam que o embargo à indústria energética
iraniana constasse no texto da resolução da ONU. Chineses e russos,
entretanto, opuseram-se à inclusão. Os dois países têm
grandes investimentos no setor.

Autoridades iranianas afirmaram que o país não seria afetado
pelo cerco econômico de Estados Unidos e Europa. O chefe da Agência
Nacional de Distribuição de Petróleo, Farid Ameri, disse
que o regime foi capaz de armazenar 132 milhões de galões de gasolina.
Segundo Ameri, o Irã ainda pode contar com outras fontes de suprimento.

União Europeia aprova novas sanções contra o Irã

Ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE)
adotaram novas sanções contra o Irã. Todas as medidas foram
voltadas ao setor petrolífero e buscaram reforçar o bloqueio ao
contraverso programa nuclear do país.

Entre as novas sanções, mais duras do que as já tomadas
pelo Conselho de Segurança da ONU em junho de 2009, estavam a suspensão
de investimentos no setor de gás e petróleo, o aumento à
vigilância sobre os bancos iranianos e a adoção de restrições
a voos de carga.

Todas as transferências superiores a 10.000 euros realizadas em bancos
iranianos em operação na Europa terão também de
ser notificadas a autoridades. Mais de 50 empresas foram afetadas com as novas
medidas.

Reação – O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad
afirmou que seu país irá reagir com “firmeza às sanções”.
Com o novo posicionamento do bloco europeu, diversas empresas privadas ao redor
do mundo se recusaram a negociar com Teerã.

Sanções – As novas medidas da UE foram aprovadas
25 dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sancionar um
projeto de lei para impedir que empresas ligadas a Guarda Revolucionária
iraniana façam negócios nos Estados Unidos.

As restrições unilaterais visaram reforçar a quarta rodada
de sanções da ONU contra o Irã, aprovada em 9 de junho.
O Brasil e a Turquia, que são membros provisórios do Conselho
de Segurança e não têm direito a veto, votaram contra as
medidas.

Os dois países mediaram, em 17 de maio, um acordo em que o Irã
deveria trocar urânio enriquecido a 3,5% por combustível enriquecido
em até 20%, próprio para uso civil. O pacto foi considerado insuficiente
pelas potências ocidentais.

Irã admite efeito de sanções e anuncia teste final
em usina

O chefe da Organização de Energia Atômica da República
Islâmica, Ali Akbar Salehi, admitiu que as sanções da ONU
poderiam atrasar seu programa nuclear, apesar de não serem capazes de
pará-lo. É a primeira vez que o regime de Teerã admite
que as medidas podem ter efeito. “Não podemos dizer que as sanções
não têm efeito”, disse. “Talvez elas retardem o trabalho,
mas não vão pará-lo, isso é certeza.” A declaração
aconteceu no mesmo dia em que o país anunciou que sua primeira usina
nuclear deveria ser lançada até o fim de setembro, após
um importante teste final realizado em seu reator.

Um sinal da determinação iraniana foi o anúncio sobre
o lançamento da sua primeira usina nuclear. “Alcançamos o
ponto sem volta e o caminho está aberto para que o reator comece a funcionar”,
disse Salehi. Ele acrescentou que testes foram realizados na planta e que foram
os últimos antes do início das operações.

A declaração sugeriu uma disputa entre Teerã e Moscou,
iniciada em maio sobre a imposição de novas sanções
contra o Irã. A Rússia concordou em construir o reator de 1.000
megawatts há 15 anos, mas os atrasos têm perseguido o projeto de
1 bilhão de dólares.

Agosto de 2010

Irã
inaugura primeira usina nuclear do país

O Irã iniciou as operações da primeira usina nuclear do
país ao carregar o reator de Busher com combustível fornecido
pela Rússia. Como o governo russo também retira o material utilizado,
especialistas acreditaram que a possibilidade de o combustível ser desviado
para a produção de armamentos é quase nula. A expectativa
era que a geradora começasse a produzir energia elétrica no prazo
de um a três meses.

O projeto da usina, localizada ao sul do país, foi iniciado antes da
revolução islâmica de 1979, pela alemã Siemens. Logo
depois do início da guerra entre Irã e Iraque, em 1980, foi interrompido.
A obra, que deveria ter sido concluída em 1999, foi retomada pela Rússia
e inaugurada neste mês.

A Agência Internacional de Energia Atômica supervisionou o carregamento
das 163 barras de combustível nuclear no reator, que tem prazo para terminar
em 5 de setembro. Foram necessários dois meses para que o reator alcançasse
50% de sua potência e para que a central pudesse ser conectada à
rede. O Irã esperava que em um dia fosse possível produzir 20
mil megawatts de eletricidade de origem nuclear.

Enriquecer urânio é uma atividade legal, mas controversa, já
que pode ser usada a serviço de civis e militares. Os ocidentais suspeitam
que, na verdade, o país quer produzir uma bomba atômica e usa como
pretexto o programa nuclear civil.

Diplomacia
– Lula assina decreto para seguir sanções da ONU ao Irã

Depois de meses de negociação para evitar que o Irã fosse
punido por conta de seu programa nuclear, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva teve que ceder assinando decreto para que o Brasil cumpra as sanções
das Nações Unidas contra o Irã. De acordo com o ministro
das Relações Exteriores, Celso Amorim, Lula assinou o decreto
porque “o Brasil tem a tradição de cumprir as resoluções
do Conselho de Segurança na ONU”.

Desde o início, Lula se ofereceu para atuar como mediador na solução
do impasse entre o Irã e o Ocidente sobre o programa nuclear da República
Islâmica. A tentativa foi apoiada apenas pela Turquia, que também
se ofereceu para mediar a negociação.

Contudo, a comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, não
viu com bons olhos a aproximação de Lula junto ao presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O grande temor sempre foi a verdadeira intenção
do iraniano em relação ao enriquecimento de urânio, usado
na produção de bombas nucleares.

Sem admitir o fracasso da posição brasileira, Amorim reforçou
a ideia de que o apoio do Brasil às sanções era apenas
simbólico, já que a diplomacia brasileira considerava que as punições
apenas potencializam o radicalismo. Ele também ignorou o fato de o Brasil
ter optado por uma posição contrária à comunidade
internacional e minimizou as consequências da decisão. O ministro
afirmou que as relações comerciais entre os países não
devem sofrer grandes mudanças, já que o agronegócio não
está incluído.

Comércio
– Toyota suspende exportação de carros para o Irã

A maior empresa de automóveis do mundo aderiu ao embargo comercial dos
Estados Unidos ao Irã e suspendeu a exportação ao país
por tempo indeterminado. A Toyota informou a decisão confirmando que
o objetivo é pressionar Teerã para que encerre seu programa nuclear.
“A Toyota considerou que, se continuasse exportando para o Irã no
momento em que acabam de ser reforçadas as medidas de represália,
seria difícil para a marca evitar consequências prejudiciais nos
Estados Unidos”, destacou o jornal econômico Nikkei. “Nós
planejamos continuar monitorando de perto as reações internacionais
sobre o assunto”, declarou Keisuke Kirimoto, porta-voz da Toyota em Tóquio.
Segundo a rede de notícias americana CNN, a empresa já havia suspendido
as vendas no começo de junho quando as Nações Unidas, a
União Europeia e os Estados Unidos impuseram um pacote de sanções.

O mercado americano é muito importante para a Toyota, já que
as vendas nos Estados Unidos são superiores até às registradas
no Japão. As vendas aumentaram quase 40% no segundo trimestre do ano
na comparação com o mesmo período de 2009. Em 2008, a montadora
exportou 4.000 carros ao Irã – entre eles, o popular Land Cruiser.
Este ano, no entanto, só foram exportados 220 veículos. A decisão
voluntária pode ser imitada por outras empresas japonesas.

Setembro de 2010

Irã
aumentou atividade nuclear apesar de sanções, diz AIEA

A produção de urânio de baixo enriquecimento pelo Irã
subiu cerca de 15% desde maio, chegando a 2,8 toneladas, revelou um relatório
da agência de vigilância nuclear da ONU. O crescimento aconteceu
apesar das sanções impostas à República Islâmica
por seu programa nuclear.

O relatório confidencial também afirmava que a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) seguia preocupada com a possível
intenção do Irã de desenvolver uma bomba atômica.
Especialistas consideraram a quantia de urânio suficiente para se construir
de duas a três armas nucleares.

Potências ocidentais consideraram as descobertas desse documento como
uma comprovação das suspeitas de que Teerã deseja possuir
um arsenal nuclear, aumentando a pressão para que o país aceite
negociar para encerrar seu programa nuclear.

Entenda
a questão nuclear iraniana

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