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A questão nuclear iraniana

by Lucas Gomes

O atual programa nuclear iraniano está sob suspeita de produção de bomba atômica, enriquecimento de urânio. A União Européia está querendo levar o Irã para o Conselho de Segurança da ONU, mas Rússia e China, os dois países no qual a União Européia está querendo convencer a levar o país ao Conselho. Recentemente, a Rússia vendeu mísseis ao Irã.

O que se diz que o Irã fez de errado?

A AIEA comunicou em 2003 que o Irã ocultara um programa de enriquecimento de urânio por 18 anos e a atual disputa é uma decorrência desse fato.

Países do Ocidente que integram a AIEA pediram ao Irã que se comprometesse a acabar com as atividades de enriquecimento de forma permanente, mas o país tem se recusado a fazer isso e agora diz que abandonou uma suspensão temporária. Por isso, esses países agora querem que o Irã seja levado ao Conselho de Segurança, dentro do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

O Conselho pode impor sanções. O Irã diz que está cumprindo as determinações do Tratado e que deveria ter permissão de enriquecer urânio, sob inspeção, para fins pacíficos, uma vez que o Tratado permite que outros países façam isso.

O Irã diz que está retomando suas pesquisas nucleares. O que isso significa?

Isso significa que o país vai acabar a sua suspensão voluntária dessas atividades, que envolve pesquisa sobre combustível nuclear. O principal centro de pesquisa do Irã fica em Isfahan, onde se acredita que trabalham cerca de 3 mil cientistas. A pesquisa sobre combustível nuclear pode incluir trabalho no sistema de centrifugação que separa o urânio enriquecido. A retomada de tal pesquisa, que tinha sido suspensa, aumentaria muito o confronto com o Ocidente, que vai perceber isso como mais um sinal de que o Irã está determinado a adquirir a sua própria tecnologia do ciclo do combustível nuclear.

A Rússia ofereceu uma solução?

Os russos propuseram que o Irã tenha permissão de converter minério de urânio em gás, que estão é centrifugado para produzir o urânio enriquecido, necessário para o combustível nuclear. No entanto, o enriquecimento do urânio propriamente dito seria feito na Rússia. Isso daria ao Irã uma saída honrosa, pois não seria impedido de fazer a conversão, que já é capaz de fazer atualmente, e satisfaria o Ocidente, pois o Irã não aprenderia a tecnologia de enriquecimento.

Qual foi a resposta do Irã?

O Irã rejeitou a oferta da Rússia. O Irã diz que precisa desenvolver sua própria capacidade de enriquecimento.

Por que o Ocidente está tão preocupado?

As potências do Ocidente temem que o Irã, sigilosamente, quer desenvolver a bomba nuclear ou a capacidade de fazer uma bomba, mesmo se não tiver decidido fazer a bomba agora. Por isso, elas querem que o Irã acabe com qualquer enriquecimento.

Eles dizem que não é possível confiar no Irã. Recentemente, o Irã admitiu ter recebido um documento no mercado negro sobre a construção de um dispositivo nuclear preparado pelo cientista paquistanês A. Q. Khan. Isso aumentou as preocupações. O Irã diz que recebeu o documento sem ter pedido.

O Ocidente também considera que permitir que o Irã continue e enriqueça urânio seria abrir um precedente.

Por que o Irã quer enriquecer urânio?

O urânio enriquecido fornece combustível para uma usina de energia nuclear. O Irã diz que precisa ser capaz de desenvolver esse processo de enriquecimento, sob inspeção, porque não pode confiar em fornecedores estrangeiros. O país diz que esses fornecedores poderiam estar sujeitos à influência americana.

Apesar de suas grandes reservas de gás e petróleo, o Irã diz que quer diversificar suas fontes de energia. O país argumenta que seu programa nuclear original começou no período do Xá.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse à ONU que seu país tem o “direito inalienável” de produzir energia nuclear.

O Parlamento iraniano aprovou o processo de enriquecimento e a interrupção das inspeções da AIEA, se o caso for levado ao Conselho do Segurança.

O que aconteceu com as negociações entre o Irã e os três países da União Européia (UE)?

O Irã propôs que as negociações fossem retomadas de alguma forma, mas o chamado UE3 – Grã-Bretanha, França e Alemanha – só quer entrar no que chamam de “consultas” sobre como isso pode ocorrer. Anteriormente, o UE3 insistiu que o Irã interrompesse todas as atividades de enriquecimento e isso é provável que seja novamente uma condição.

As negociações dos três com o Irã foram paralisadas na metade do ano passado, quando o Irã acabou uma suspensão temporária do processo de enriquecimento de urânio. As negociações tinham como objetivo garantir que o programa nuclear do Irã fosse integralmente pacífico. As chamadas “garantias objetivas” para pôr isso em prática estavam sendo examinadas. O UE3 disse que isso significaria acabar com o enriquecimento; o Irã disse que isso significaria inspeções.

O UE3 ofereceu um pacote que incluía uma proposta de ajudar o Irã a desenvolver um programa nuclear civil, incluindo garantias de suprimento de combustível e oferta de ajuda na melhora do comércio.

O Conselho de Segurança imporia sanções?

Isso não está claro. Nem mesmo está claro se a AIEA vai levar isso ao Conselho. De qualquer maneira, o Conselho provavelmente apenas faria um alerta, na primeira vez. A China e a Rússia, que têm poder de veto no Conselho, têm interesses no Irã. A China compra petróleo do Irã e a Rússia está ajudando o Irã a concluir uma usina de energia nuclear para a qual fornece combustível. Alguns países pensam que as inspeções pela AIEA são o melhor caminho. As sanções, provavelmente, seriam econômicas.

O Irã pretende fazer armas nucleares?

O Irã diz que sua política é de dizer sim ao enriquecimento, e não às armas nucleares. Os céticos argumentam que o Irã não tem necessidade de fazer seu próprio combustível nuclear, que pode ser fornecido por outros, e, portanto, deve estar pretendendo fazer a bomba. Outra possibilidade é que o Irã quer desenvolver a capacidade, mas deixar para o futuro a decisão de fazer mesmo uma arma nuclear.

Por que o enriquecimento é tão importante?

Dentro do Tratado de Não-Proliferação, o país pode, sob inspeção da AIEA, enriquecer urânio até o nível necessário para fazer combustível para energia nuclear. No entanto, a maioria não faz isso. Eles compram combustível de poucos países fornecedores, dentro de regulamentos rígidos. O problema central é que a mesma tecnologia pode ser usada para levar o enriquecimento de urânio a um estágio mais avançado, para produzir armas nucleares. Há receio de que o Irã faça isso, em sigilo, ou desenvolva a tecnologia sob inspeção e então se retire do tratado para fazer a bomba abertamente.

O que é o Tratado de Não-Proliferação Nuclear?

O tratado é um acordo de 1968, sob o qual os países com armas nucleares na época (Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França) poderiam mantê-las, mas não transfeririam esse armamento nem a tecnologia para a sua fabricação a nenhuma outra nação. Mas o acordo permitia que os demais países desenvolvessem a tecnologia nuclear para a geração de energia e outros fins pacíficos, sujeitando-se à inspeção da AIEA. Se eles enriquecerem seu próprio urânio, o processo deve ser feito sob rigorosa inspeção.
As potências nucleares também prometeram trabalhar para o desarmamento nuclear, mas isso não aconteceu. E vários países com capacidade para produzir armas nucleares – Israel, Índia e Paquistão – não assinaram o tratado, então podem desenvolver essas armas. A Coréia do Norte se retirou do acordo e disse que agora tem armas atômicas.

Há temores de conflito regional?

Há temor de uma crise maior, possivelmente militar. Os Estados Unidos já disseram publicamente que não vão permitir que o Irã desenvolva armas nucleares. O presidente americano, George W. Bush, disse que quer que a diplomacia resolva isso, mas que nada está descartado. Tem havido artigos na imprensa de que Israel, que bombardeou um reator do Iraque em 1981, começou a planejar um possível ataque. Mas, como os Estados Unidos, Israel diz que a diplomacia é a prioridade.

Por que o Irã está construindo um reator nuclear de água pressurizada?

Existe preocupação no Ocidente em relação a isso. Um reator de água pressurizada pode produzir plutônio, uma fonte alternativa de combustível que pode ser usada para explosão nuclear no lugar do urânio altamente enriquecido. A França, a Alemanha e a Grã-Bretanha ofereceram ajuda para construir um tipo diferente de reator. O Irã disse que o reator de água pressurizada simplesmente é parte de seu programa geral de energia nuclear.

Quanto tempo seria necessário para o Irã construir a bomba atômica?

Muitos anos, segundo especialistas. Primeiro, o Irã teria que dominar o processo de enriquecimento. Isso envolve a montagem de milhares de centrífugas que processam um gás feito de urânio, uma operação difícil. Depois, terá que aprender como iniciar uma explosão nuclear e produzir um dispositivo pequeno o suficiente para ser carregado por um avião ou um míssil. No entanto, Israel está preocupado com a possibilidade de o Irã aprender a tecnologia de enriquecimento em um ano e esse feito, segundo Israel, seria um ponto sem volta.

Fonte: BBC

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